Filosofia

25 anos menos 1 dia

Querida Sofia,

Sai ontem à noite. Como todas as noites depois do trabalho. Depois de cinco anos com a vontade de lá ir, finalmente entrei no Regine's, um club bem mítico e escondido de Paris. Dancei, fiquei-me por um copo de champagne, ri, dancei mais um pouco e encostei a minha mão à minha cara para senti-la. Ainda tinha o cheiro dele nas mãos. E sorri, continuei a dançar e voltei para casa. Não adormeci rapidamente nem me sentia cansada. Apesar de ter tido um dos melhores dias no trabalho. Ando a fazer gravações para um spot publicitário em 9 línguas e ontem correu mesmo bem. Hoje há mais, para a semana há mais, e espero que corra sempre tão bem quanto ontem.

Ontem, o Sigmund Jaime, que é uma pessoa mais do que ocupada, que nunca está disponivel - acho que quer, mas não pode - teve tempo para mim. Teve a paciência de me ensinar a fazer a coisa mais básica do mundo, e ao tocar num assunto sensível para mim, quase partilhamos uma lágrima. Não digo que ele tenha chorado - hello -, mas vi nos olhos dele uma compreensão sem fim por aquilo que me estava a acontecer. E até isso contribuiu para que o dia fosse melhor.

Hoje acordei às 5 horas da manhã e não consegui voltar a adormecer. Pergunto-me se alguma vez dormi esta noite, visto a hora à qual cheguei, o tempo que demorei a adormecer e como acordei rapidamente. E não estava cansada. Perdi-me relembrando o dia de ontem, pus a radio pelas 6 da manhã, num programa de radio de oiço todos os dias enquanto me preparo para (v)ir trabalhar.

Vestida, sai para o dia mais frio do mês, como anunciaram na radio. 10°C. Good morning, birds! (como diz esta música da Feist do álbum que acabei de comprar no iTunes e que estou a ouvir enquanto escrevo).

Cheguei ao trabalho às 7h56, às 7h58 sentei-me no meu escritório, Starbucks na mão. Estava sozinha com o senhor da limpeza, que nunca antes tinha visto, pois nunca tinha chegado antes das 8h. Ele começou a rir ao ver-me beber o meu café e perguntou quanto paguei por esta droga: "menina, isso é caro! mais vale ir à maquina aqui do andar". Sorri-lhe dizendo "hoje é sexta-feira. Estou cansada. Mereço tudo, não acha?". E rimos. Feitos parvinhos. Senhor, estou feliz hoje.

Amanhã faço 25 anos. Tenho tanto por fazer até lá. E estou a morrer de vontade que o dia passe a correr para ligar à minha mãe hoje à meia-noite. Afinal, há 25 anos, ela deu-me a maior e melhor prenda da minha vida e tenho de lhe dar, também, os parabéns!

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