Eis como funciona o sistema:
Começamos com uma tese (uma posição posta em discussão). Em oposição à tese, há uma afirmação contraditória ou antítese. Da oposição entre tese e antítese, nasce uma síntese que abrange ambas. Mas como a verdade só se encontra na totalidade do sistema, essa primeira síntese ainda não é a verdade da questão, mas passa a ser uma nova tese, com uma antítese e uma síntese correspondentes. O processo continua ad infinitum até chegarmos à idéia absoluta.
Hegel afirma que este processo é a base de toda história, e da história do pensamento. Filósofos anteriores são parte do processo dialético em desenvolvimento que leva ao conhecimento e à lucidez, e ao clímax da filosofia que aparentemente é o próprio sistema hegeliano .
O sistema começa com “ser indeterminado puro” e termina com a Idéia Absoluta ou a própria Verdade. Essa Idéia Absoluta é como o “pensamento se pensando”, ou o Deus do filósofo de Aristóteles, o Motor Imóvel.
Hegel diz que este processo de contradição e desenvolvimento é inerente à realidade histórica e ao pensamento, e que o exercício dessas contradições necessariamente conduz a estágios mais elevados.
Isto deve lhe dar uma idéia de como funciona o sistema. Como as coisas se relacionam, se são inevitáveis ou fazem sentido – é outra história.
Hegel disse que a natureza representava a idéia “fora de si”. Idéia lógica, natureza e & espírito, obviamente, têm uma ligação.
Tese | Antítese | Síntese |
Idéia Lógica | Natureza | Espírito |
Realidade subjacente | Aspecto exterior e não-racional da mesma realidade | Unidade da idéia e natureza |
Hegel examina o que considera a esfera mais elevada – o trabalho do Espírito através da história. A dialética é assim:
Tese | Antítese | Síntese |
Espírito subjetivo | Espírito Objetivo | Espírito Absoluto |
Este espírito (ou sujeito, ou razão, ou mente), que é objetivo e Absoluto, governa o mundo. O Espírito Absoluto ou Idéia Absoluta desenvolve-se através dos tempos e revela-se de modo absoluto a Hegel.
Espírito subjetivo | Espírito objetivo | Espírito absoluto |
Funcionamento interno da mente humana | A mente em sua encarnação externa nas instituições sociais & políticas | Arte, Religião, Filosofia |
Hegel da muitos exemplos para mostrar que o Absoluto é Espírito. De modo mais interessante, afirma que esse espírito se manifesta nos indivíduos, nas instituições sociais como a família & o estado, e na arte, na religião e na filosofia de uma época.
Esta idéia do Espírito Objetivo como a encarnação externa da mente foi adotada por outros filósofos. O conceito de zeitgeist (literalmente, Espírito do Tempo) – as inter-relações entre indivíduos, sociedade, arte, religião de uma determinada éoca – é fundamental na história moderna. A importância de se entender o todo, o sistema como um todo, ajudou nitidamente a dar forma ao marxismo e a muita coisa depois.
Hegel via então a história como “a marcha da razão no mundo” e as instituições humanas como o produto do devir dialético.