A filosofia é um saber radical porque vai à raiz dos problemas. Para o filósofo não existem respostas conclusivas: cada resposta é um momento do questionamento filosófico, é um patamar na busca da verdade, que serve de apoio para a colocação de novas questões, mais profundas e abrangentes.
Em filosofia não há outra saída: nada pode deixar de ser questionado, nem mesmo o que parece inquestionável. Quanto mais óbvia uma ideia nos parecer, mais necessário é interrogarmo-nos acerca da sua verdade ou consistência. Com isto não devemos ficar com a ideia de que em filosofia as respostas não são importantes. Não devemos pensar que os filósofos se limitam a questionar por questionar, que tudo é incerto.
Muito pelo contrário: o que caracteriza o questionamento filosófico é o facto de ser um caminho para a verdade, orientado por um espírito de rigor e de coerência racional. O questionamento filosófico é uma busca do sentido de tudo: da vida humana, do universo, do tempo, da morte...
Enquanto busca do sentido, o filosofar dá sentido, em primeiro lugar, à ignorância que é o seu ponto de partida, em segundo lugar, ao mundo enquanto objecto de interrogação. Ao tentar compreender o porquê de todas as coisas, o filósofo está perante o mundo como um construtor de puzzles: começa por separar as peças, por baralhá-las para as poder ver uma a uma sem estar preso a relações ilusórias; depois começa a encaixar as peças formando pequenas ilhas de sentido que, por vezes permitem ter uma ideia, ainda que muito vaga, do todo.
Mas para que esta imagem do construtor de puzzles se pudesse adequar ao filósofo teríamos que imaginar um puzzle com um numero quase infinito de peças, em constante mudança e do qual o próprio construtor faz parte.
Fonte: http://www.espanto.info/av/pcfil.htm#in%C3%ADcio