Precisei ler duas vezes para acreditar: a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara acaba de aprovar um projeto que reserva 10% das vagas em instituições públicas de ensino médio e superior para deficientes físicos.
Minha mãe passou os últimos de sua vida numa cadeira de rodas. Pude conhecer de perto as dificuldades dessa condição. Mas não é disso que estamos falando.
Bernardo Mello Franco, de O Globo, fez a conta. Somando os 50% de vagas que o Senado pretende reservar para alunos de escolas públicas, em breve apenas 40% das vagas de nossas universidades públicas poderão ser disputadas por estudantes que não se enquadram em nenhuma das categorias anteriores.
Aquilo que se chama de mérito, critério que envolve o premio aos mais preparados e mais capazes, só irá vigorar para 4 em cada 10 vagas.
Isso é mais do que absurdo. Não faz sentido educativo, nem social.
Não importa: o que se pretende é criar uma reserva de mercado eleitoral. Sem entrar no mérito particular de cada uma dessas iniciativas, o projeto é criar um eleitor cativo, que nunca vai abandonar o parlamentar que arrumou um atalho para colocá-lo na universidade.
Lembra aqueles coronéis que davam um pé de sapato e só entregavam o outro depois de conferir o voto? É disso que estamos falando.
É tão delirante que acho que o Michel Temer deveria recuar do recuo do recuo das passagens aéreas e reestabelecer as mordomias para suas excelencias ? agora em vôos de primeira classe, com estadia paga.
Fonte: ÉPOCA - Paulo Moreira Leite » Blog Archive » Cota de 100% para doidos