Inúmeros são os autores que tratam o tema da migração, imigração e emigração. Nossa sugestão é a de que você o desenvolva utilizando a análise que Georg Simmel faz do estrangeiro, com o objetivo de pensar juntamente com os alunos como a mobilidade espacial de pessoas provoca mudanças nas sociedades e nas relações sociais.
Sugerimos que primeiro seja feita uma breve apresentação da figura de (1858-1918), destacando o fato de que ele:
a) Nasceu na Alemanha e que seus pais eram judeus convertidos ao protestantismo nessa última religião Georg Simmel foi batizado. O fato de vir de uma família com origem judaica, mesmo que convertida, era motivo de preconceito.
b) Em virtude de tal preconceito e do fato de ser um crítico dos valores dominantes em sua época, só conseguiu o cargo de professor contratado em tempo integral em 1914, apenas quatro anos antes de morrer de câncer, em 1918. Permaneceu, portanto, durante muitos anos como professor não contratado. Só recebia se 0alunos se inscrevessem nos seus cursos, caso contrário, não. Como suas aulas estavam sempre repletas de alunos, pois era visto como um bom professor e homem brilhante, ele conseguia algum ganho. Mas o seu sustento vinha muito mais de uma herança que recebera pelo falecimento de seu tutor (MORAES FILHO. 1983).
c) Simmel não procurou criar uma grande teoria. Na verdade, era a favor de escrever ensaios (pequenos textos instigantes sobre um tema) e por isso trabalhou os mais diferentes temas, como: a ponte e a porta. o adorno, o jarro, a coqueteria, a filosofia de uma forma geral (do dinheiro e do amor, por exemplo), entre muitos outros.
d) O mais importante é destacar que, de certa maneira, por ser ex-judeu, Simmel sentia-se um estrangeiro, pois era tratado como tal. Desta forma, os alunos poderão compreender a importância do estrangeiro para o próprio Simmel.
Não se esqueça de destacar alguns pontos importantes dessa análise:
1. O primeiro é que é preciso distinguir o viajante do estrangeiro. O estrangeiro para Simmel é aquele que chega e não vai embora. Logo, não é um mero viajante. É a figura que se muda de um lugar para outro, para ali residir, e não o turista.
2. Como ele é estrangeiro, sua posição em relação ao grupo é marcada pelo fato de não pertencer ao grupo desde o início do mesmo ou desde que nasceu.
Simmel não aborda esse aspecto, mas é válido destacar que, em alguns casos, você pode até ter nascido no lugar e mesmo assim sentir-se e ser considerado pelos outros como um estrangeiro, ou seja, a figura do estrangeiro pode se parecer com a do estranho. A mudança também não precisa ser necessariamente de país. Pode ser de Estado, cidade ou bairro.
3.Destacar ainda a ambiguidade do estrangeiro em relação ao grupo. Ele é um elemento do grupo, mesmo que não se veja como um, ou que não seja visto como parte dele pelos demais membros do grupo.
Ou seja, é um elemento do conjunto, assim como são os indigentes ou os mendigos e toda espécie de "inimigos internos" (1983, p. 183). Com isso, Simmel quis dizer que mesmo aqueles que não são queridos por um grupo ou são tratados como iguais, também fazem parte dele. Ou seja, o estrangeiro tem ao mesmo uma relação de proximidade e envolvimento com o grupo, de um lado. E de outro, uma relação de distância e indiferença. Ele vive cotidianamente com aquelas pessoas; logo, está relativamente próximo e envolvido com elas. Contudo, como com frequência é tratado tal qual um "de fora", e se sente à parte do grupo, pode muitas vezes desenvolver um sentimento de distância e indiferença (1983, pp.184-186). O estrangeiro é, portanto, o estranho portador de sinais de diferença, como a língua, os costumes, a alimentação, modos e maneiras de se vestir.
Ele não partilha tantos hábitos, costumes e ideias com o grupo e, sendo assim, também não partilha certos preconceitos do grupo e não se sente forçado a agir como um dos membros. Os laços que o unem são muitas vezes mais frouxos do que aqueles que unem os outros membros que ali estão desde o seu nascimento (1983, pp.184-185).
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Fontes: (SÃO PAULO-SEE, Caderno do professor: sociologia, EM, 2ª S., V.1, pp.20-21)
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