O ano passado, por volta desta época do ano, comecei a receber CouchSurfers em casa. Apenas em Setembro 2009, recebi 50. Depois, parei com o movimento e fui recebendo apenas amigos. Acho que nos últimos doze meses, pelo menos 75 pessoas diferentes dormiram cá em casa. Isto de morar numa cidade carrefour, no centro de tudo, fácil para apanhar uma correspondência ou boa de se visitar turisticamente, faz com que nunca passe realmente grandes temporadas sozinha. Não que o facto de estar sozinha me incomode, muito pelo contrário, mas já morei em sítios onde ninguém iria por os pés, então há que aproveitar.
No entanto, receber pessoas em casa é um exercício cansativo. Uma preocupação constante. Quem vai comer onde, quem vai sair com quem, quem ainda não viu o quê na cidade, "ir à Torre Eiffel? porra, de novo" e tais. Então aqui vão algumas dicas para facilitar as nossas vidas, quando vais à casa de alguém ou quando alguém vai à tua casa:
1/Disponibilidade: é preciso saber se a pessoa que nos vai acolher está disponível para isso. Se tem tempo para nós. O que é essencial é não esquecer é que connosco ou sennosco, a pessoa que nos acolhe já tem a sua vida, as suas saídas, o seu ritmo. O melhor a fazer é perguntar. É conciliar agendas. Se a pessoa está ocupada, pelo menos marcar um jantar para passarem tempo juntos.
2/Alojamento: tenho uma cama king-size mas é em altura. Se tens vertigens, usa o sofá. Se não gostas de sofás, tenho um colchão de solteiro para o chão, se não dormes no chão, não sei o que fazer por ti a não ser propor-te a minha banheira. Procurem ser menos exigentes. Façam-se às regras e às condições da casa. Em geral, os CouchSurfers dormem em qualquer lado. São uma bênção.
3/Amigo do amigo não é meu amigo: quando vens dormir à minha casa, não tragas outra pessoa (ou um animal) sem eu saber. Nem me digas quando já estão a caminho. Nada de mais simpático e educado que pedir com antecedência. Apesar de muitos serem do relaxe e acharem que qualquer lugar onde pousem o rabo é casa da mãe Joana.
4/Comeste? Lavas o teu prato. Tomaste banho? Secas o chão. Foste ao WC durante meia hora? Tentas apagar ao máximo a assinatura. Não é difícil. Mas isso nem toda a gente percebe.
5/Objectos de valor: assim que disse que tinha CouchSurfers em casa, perguntaram-me: “mas não tens medo que te roubem?!”. Well, se tivesse MUITO medo era simples: não aceitaria NINGUÉM em casa. Não tenho nada de valor e mesmo que tivesse, não deixo à mostra. Claro, por vezes há coisas de menos valor que podem desaparecer como um DVD ou um livro mas isso é como tudo na vida. Tudo depende de quem recebes em casa.
6/Da boa educação: a única coisa que me incomodou com os CouchSurfers não foi roubo algum. Não dei pelo desaparecimento de nada. O que me incomodou foi que partiram alguns copos e pratos e escondiam no lixo sem dizer nada. Isso é que é lixado. É apenas um copo, claro. Mas já não temos 3 anos para ter medo de dizer aos pais que partimos aquela tacinha que eles gostavam tanto.
7/Hórarios: se te dou uma chave, entras quando queres, sais quando queres. Nunca dei a chave a um CouchSurfer. Mas já dei aos meus amigos. Quer dizer: “governa-te”. No entanto, pôr música às duas da manhã enquanto eu tenho de ir dormir não é “governa-te”. É mais um “vai embora rápido, sim?”.
Teria matéria para continuar. A este ritmo de hospedagem, tenho tanta história, que poderia escrever um blog apenas sobre o assunto. Mas para resumir, nada como um bom hóspede/CouchSurfer. Detecto-os de longe. E esses podem voltar SEMPRE.