Somos escravos do que não conhecemos: o valor da meditação
Filosofia

Somos escravos do que não conhecemos: o valor da meditação


Logo abaixo, tratamos brevemente sobre "se tornar a testemunha pura“: 
Isso não é uma meta, é um estado percebido, conforme a identificação com estados impermanentes vai diminuindo. 
Nesse breve trecho da entrevista*, fica clara a relevância da prática da meditação enquanto experiência de familiarização com o mundo interno de pensamentos e sentimentos.


O único reparo que entendemos prudente fazer aqui é lembrar-nos que o conhecimento, em si mesmo, não tem poder absoluto. O 'saber' só é libertador se estivermos 'animados' por uma força superior que não advém de nós mesmos, nem do mundo, que não pertence a essa mesma dimensão do saber. Essa, digamos, 'energia' que nos impulsiona não está no intelecto, nem na racionalidade, nem em nossa vontade pessoal e individual. Nós não estamos isolados do Universo, nem isolados de nossa Fonte. 
Em resumo: Ninguém se liberta sozinho! a libertação verdadeira, seja de qualquer vício, de qualquer debilidade psicológica, a libertação dos eus, da mente e da ilusão projetada por ela mesma, não se dá sem ajuda dos nossos 'professores', que são todas as pessoas que estão próximas de nós. Esses mestres fornecem as condições do nosso treinamento, fornecem as situações onde vamos aperfeiçoando aquelas qualidades intrínsecas de nosso espírito que desejamos profundamente desenvolver. 
Além desses mestres, também contamos com uma ajuda superior insubstituível, sem a qual ficaríamos sem rumo, sem direção. Esse apoio de que falamos aqui recebe distintos nomes em diferentes culturas. Você pode conhecê-lo por Espírito Sagrado ou Divino, Deus, Fonte Primordial da Vida etc...
Estamos aqui sim para realizar algo, que muitos não sabemos ainda o que é. Quando estivermos realmente maduros para começar a trabalhar, a fazer o que viemos para fazer, a ser o que viemos aqui para ser, então esta Força se manifestará onipresentemente em nós. Na verdade, ela já está em nós, mas quando ainda não estamos preparados, ela não se manifesta como fenômeno... ela nos aguarda pacientemente, para indicar a direção do caminho. A perseverança e a fé para não desistir brotam de onde? por acaso, é do saber? Não! O que nos anima verdadeiramente advém dessa Força, dessa Fonte Viva inominável, indescritível, incomensurável e indefinível. 
Provavelmente o sábio indiano citado irá se referir a ela em algum outro momento de sua entrevista, porém como essa referência não apareceu no trecho abaixo, fazemos essa ressalva, antes que você leia o pequeno trecho da entrevista.

Silvio MMax.


Pergunta: Todos os professores aconselham e meditar. Qual é o propósito da meditação?
Maharaj: Todos conhecemos o mundo externo das sensações e ações, mas nosso mundo interno de pensamentos e sentimentos sabemos muito pouco. O propósito primordial da meditação é se tornar consciente de, e se familiarizar com, nossa vida interior. O propósito último é alcançar a fonte da vida e da consciência. A prática propositada da meditação afeta profundamente nossa personalidade. Somos escravos do que não conhecemos; do que sabemos somos mestres. De qualquer vício ou fraqueza em nós mesmos descobrimos e entendemos suas causas e seus funcionamentos, nós os superamos pelo próprio saber; o inconsciente se dissolve quando o trazemos à consciência. A dissolução do inconsciente libera energia; a mente se sente adequada e se torna quieta.

Perguntador: Qual é a utilidade de uma mente quieta?

Maharaj: Quando a mente está quieta, nós viemos a nos conhecer como a testemunha pura. Nós nos retiramos da experiência e do experimentador e ficamos aparte em consciência pura, que está entre e além desses dois. A personalidade, baseada na auto-identificação, em se imaginar como sendo algo: “Eu sou isso, Eu sou aqui”, continua, mas somente como uma parte do mundo objetivo. Sua identificação com a testemunha se quebra.

Perguntador: Até onde posso entender, vivo em muitos níveis e a vida em cada nível precisa de energia. O ser, por sua própria natureza, se deleita em tudo e suas energias fluem externamente. Não é um propósito da meditação represar as energias nos níveis mais altos, ou empurrá-las de baixo pra cima, de modo que possibilite os níveis superiores florescerem?
Maharaj: Não é tanto uma questão de níveis, mas de gunas (qualidades). A meditação é uma atividade sátvica e almeja a completa eliminação de tamas (inércia) e rajas (motricidade). O satva puro (harmonia) é a liberdade perfeita da preguiça e da agitação.

*trecho da entrevista feita com o sábio indiano Sri Nisargadatta Maharaj (1897-1981), contida em sua obra “Eu Sou Aquilo” (I Am That).

FONTE:
 http://dharmalog.com/2014/01/23/proposito-meditacao-utilidade-mente-quieta-nasargadatta-maharaj/



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