Então o dia de ontem foi assim: trabalhei de manhã e ao meio-dia rumei à Porte d’Auteuil, onde fica o estádio do Roland Garros. Da porta do metro até à porta do recinto são quinze minutos a pé. Já fui ver um jogo de futebol aqui mas nunca na vida vi tanta gente a andar para o mesmo sítio. Ao longo de todo o percurso, uns energúmenas com cartões “I sell tickets” e uns turistas com a pele queimada com cartões “I buy tickets”. Fiquei a perguntar-me porque eles não se resolviam entre compradores e vendedores ilegais. Mas acho que estes últimos estavam com preços bastante careiros. Juro que por momentos fiquei com vontade de vender o meu bilhete. Mas no way. O Philippe Chatrier lá me esperava.
Outra coisa: não vejo frequentemente tantas notas de 500 euros na rua. Fez-me lembrar as entradas dos estádios na Alemanha, durante a copa do mundo. Por amor a um desporto, as pessoas fazem n’importe quoi.
A fila para entrar demorou uma hora. Eramos centenas de pessoas. Com bilhete na mão. Debaixo de um sol de 30° graus. É preciso saber que eu detesto bronzear, ficar como lagarta ao sol, não compreendo as pessoas que morrem por um bronze, e besuntei-me com o protector solar mais forte do mundo. Mas como disse um amigo meu ontem, “não precisas de bronzear anyways”. Pois.
Finalmente entrei. Pequeno conselho para quem um dia for ao French Open: aquela mer**… cena não tem mapa em lado algum. Imprimam um em casa. Não sei como fiz para chegar ao court Philippe Chatrier. Andei que “se farta” e aterrei no bom estádio sem saber. Antes passei por imensos courts anexos no qual era a rambóia. O Suzanne Lenglen, segundo court, é mais fácil de encontrar. Mas isso sou eu.
Pronto, cheguei, ticket rasgado, subi, encontrei meu lugar, sentei e a Henin estava a jogar. Crap. Não sou muito fã da Justine “Boring” Henin, sobretudo depois do que ela fez à Serena Williams em 2003. Acho-a uma sem sal. Deve ser sem dúvida a única belga com quem não atino. Mas o que me impressionou é que ela… é mínima. Super magra, super pequena e no entanto, tão forte. Ela gritava por vezes um mega “Allez!” para motivar-se e eu nem sabia onde podia caber aquele cofre. Uma pequenina cheia de surpresas. Pronto, já não a odeio. Mas ela continua a ser “boring”.
Surpresa das surpresas, ela ganhou. Bref.
Tinha levado uma garrafa de 1.5L de água fresca. Eram 13 horas e a água, de fresca, já não tinha nada. F*** my life.
Começou O jogo tortura do dia. E eu vi. Fantastique. O americano Andy Roddick contra o finlandês Jarkko Nieminem. O primeiro era, claro, o preferido. Mas o Jarkko não vacilou. Fez o americano passar 4 horas de tortura debaixo de um sol escaldante. O Roddick ganhou. Mas o Jarkko, confesso, foi aplaudido no final com mais entusiasmo.
Sai do estádio para comer um gelado e beber um smoothie fresco. Quase 10 euros por duas coisas que custam, juntas, menos de 5. Esses bares e restaurantes dentro de estádios são uns gatunos. And they now it.
De volta ao estádio. De novo, um jogo de meninas. Argh, odeio. Ainda por cima era a Marion Bartoli, a número 1 francesa e a 13ª mundial. Epa, nunca gostei da moça na televisão. E tê-la ali à minha frente piorou as coisas. Ela parece o coelhinho rosa da Duracell, não pára de saltitar, fazer flexões em pleno court. Isso irrita-me. Quis dar-lhe um tiro ou implorar que alguém fizesse isso por mim. Fiquei a torcer pela rival italiana. Mas, de novo, sem surpresas, a Bartoli ganhou. Juro por Deus que se ganhar o torneio, não vejo mais um jogo feminino na minha vida.
Com aquele sol todo, enviei uma mensagem a um amigo a queixar-me – Balanças estão sempre insatisfeitos – e disse-lhe que gostaria que houvesse menos sol. Melhor melhor, seria começar a chover para eu ver o court ser protegido pela famosa lona verde. Estava a brincar. Mas a brincar, a brincar, Deus castiga.
Três jogos depois, eu já estava ali sentada há quase 7 horas, estava exausta com o calor, não tinha espaço para as minhas pernas que estavam atravessadas como faço nos aviões, os glúteos já doíam e ia começar um quarto jogo, desta vez masculino. E quem diz jogo masculino, diz jogo comprido. Fiquei a ver a minha vida andar para trás porque tinha um aniversário às 20H30. Jogo: Lleyton Hewitt contra Jérémy Chardy. OMG, foi a loucura. O estádio que estava vazio no início (acho isso inadmissível, um dia explico) ficou cheiíssimo. O australiano já foi número 1 mundial e o Chardy era o queridinho do estádio por ser francês. Fez o australiano sofrer por momentos mas depois desaprendeu de jogar. No segundo no qual acabou o jogo com a vitória do Hewitt, o céu fez como na banda desenha da Turma da Mónica “Cabruuuuuuummmmm”! Começou a chover. Assim, do nada. Mas a chover A SÉRIO. Um pé de chuva desgraçado enquanto saímos todos a correr dos courts. E do court até o metro, era meia hora. Meu vestido, minha mala, minha carapinha encharcados. Eu estava completamente "inundada". Não tinha dito que Deus castiga? Mas assim como assim, quem pediu a chuva fui eu.
Apesar de ter corrido dali disparada, realizei o meu sonho, vi grandes jogos, tirei muitas fotos com a minha metralhadora aka câmara fotográfica. A partir de hoje, acabou o ténis ao vivo e vai ser apenas na TV. Mas apanhei pelo menos o último dia de sol escaldante da semana. Beat that.
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