Filosofia

Escape to the Cape - Part 10: Ballet & Theatre, "Spartacus of Africa" & "Born in the RSA"

Querida Sofia,

Ficar várias semanas na Cidade do Cabo permitiu-me poder fazer algumas coisas menos turísticas e um pouco mais culturais que o costume, como costumo fazer em Paris ou Nova Iorque. No final da primeira semana, fomos ao Artscape, a maior casa de espectáculos de Cape Town para ver o Ballet "Spartacus of Africa" e no final da segunda, vimos a peça de teatro "Born in the RSA".

O ballet Spartacus of Africa, encenado pelo South African National Dance Trust, foi desenhado para incorporar elementos africanos num ballet ocidental. É uma espécie de remake da história romana para um público mais Africano, mostrando mais ritmo, força e tenacidade que ballets mais clássicos.
A peça de teatro Born in the RSA foi escrita por um autor sul africano há cerca de 30 anos e encenada nos anos 1980 em pleno Apartheid. Colocando-me nos pés dos contemporâneos da obra, acho-a extremamente ousada e pesada. Fala das injustiças sem se fazer de coitada, fala da capacidade de mobilização da maioria oprimida e da indiferença da minoria. Este último tema é mesmo importante. Por vezes dizemo-nos "como é que aquelas pessoas aceitaram aquelas injustiças sem dizer nada?". Bom, há pessoas albinas a morrerem todos os dias, há Sírios a morrer todos os dias, há pessoas expulsas como animais da Europa todos os dias e não vejo ninguém a perder a fome por isso. No entanto, apontar o dedo a pessoas que "nada fizeram" no passado é tão fácil.
Bref, estou a divagar. Mas também acredito que esse seja o intuito de uma peça de teatro marcante: fazer-nos pensar um pouco mais. Assim sendo, acho que a peça é mesmo boa.

Dear Sophie,

As I was staying for a few weeks in Cape Town, I decided not to do "only" touristy stuff and add on a bit more culture to the mix, as I do in cities such as Paris or New York. At the end of the first week we went to the Artscape, Cape Town's main performing arts centre to catch the "Spartacus of Africa" ballet. At the end of week 2, we went to the theatre to check the "Born in the RSA" play out.

Spartacus of Africa is a classical western ballet – and story – that was redesigned for its African public and setting. Showcased by the South African National Dance Trust, it aims at mixing african elements into this Roman story, with more rhythm, persistance and strength.

The Born in the RSA play was written by a South African author over 30 years ago and was first played in the 1980, in an Apartheid-ruled South Africa. I tried to pull myself into those times as I was watching it and I thought it was a heavy, poignant and daring play. It mentions injustice without pitying itself down. It talks about the mobilisation strength from a majority ruled by an indifferent minority. The indifference is a topic worth mentionning. People are really quick at pointing fingers to their predecessors accusing them of accepting situations and settings that seem unbearable to us. "Why did you not do or say a thing? How could you accept that?" - I mean. Albinos are murdered daily in several corners of Africa. Syrians are dying daily. Foreigners are being expelled from Europe or the US just like cattle. I do not see people losing their sleep over this. Yet they easily do not understand how people from the past accepted similar situations. It's so easy to talk. Okay, I digress. I guess that is what the play was for: to make us think and rethink our ways and views of the world. Good job.

Endereços / Adresses:

ARTSCAPE Cape Town
D.F. Malan Street, Foreshore
Civic Centre Stop
Website

Baxter Theatre Centre
Main Road, Rondebosch
Cape Town
Website

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