Filosofia
Permissão para ir ao jardim!
Nesta manhã me permiti ir ao jardim, fazia tempo que não fazia isso, na verdade, tanto que nem me lembro mais quando fui ao jardim por rebeldia. em geral só passo por ele.
Estava chovendo e tudo estava muito diferente, me ocorreram imagens de um tempo em que minha mãe dizia que eu não podia sair na chuva. Então eu fugia. E quando a chuva parava eu podia ver um mundo em miniatura surgir entre as folhas, muitos insentos. Naquele tempo os insetos causavam mais deslumbramento que asco. Como era bela a joaninha!
Esse jardim do passado, mais parece "insigth's" de sonhos. Não posso mais palpar a lembrança desse jardim. Está distante, muito, distante...
Agora meu jardim tem muito movimento, mas é um macro mundo estou quase sendo engolida por ele. Tanta gente correndo desesperada e sem saber para onde ou porquê. Minhas joaninhas foram transformadas em números, senhas, que não têm mais cores.
Minhas flores são artificiais com cores que machucam a retina. E mesmo assim me contento, não discuto e não faço mais questão de olhar pela janela. Não quero mais reivindicar o direito de ir ao jardim... Tanto faz. Não consigo mesmo olhar para ele ou se olho não o vejo.
"Bem vinda ao mundo adulto". Frase que ecoa em meus pensamentos o tempo todo. Eu cresci ou me tornei o paquiderme preso em uma corrente que está presa a uma flor? Não pulo mais janelas para fugir de casa e minha mãe nem está ali para dizer que não devo sair...
Assumi o lugar de carcereira que antes eu atribuía a meus pais e a qualquer autoridade que tivesse influência sobre mim. Talvez agora eles estejam contentes com o gosto do dever cumprido, não precisam mais de chaves ou grilhões. Eu obedeço, obedeço ao sistema, obedeço às normas que internalizei e faz tempo que não sei quem sou eu. Mas isso realmente importa? Desde que eu cumpra minhas obrigações e não cause problemas, não faz diferença.
É... como sou um ser de programação binária, das duas uma: ou paro de ir ao jardim ou vou de vez e descubro que posso partira haste da flor que me aprisiona e ganho o mundo. E em qualquer uma dessas escolhas ainda não fará muita diferença.
Então o melhor é tentar fazer melhor uso da visão que tenho agora.
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