2008 - PSS/UFPa
Filosofia

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41.  [Habilidades: Compreender as concepções empiristas e racionalistas acerca do conhecimento e do método.] Segundo Descartes, para se alcançar a verdade das coisas, isto é, o conhecimento certo e evidente, é necessário um método. É correto afirmar que esse método, proposto pelo autor,

(A) valoriza a dúvida e estabelece, por meio de suas regras, que se deve tomar como ponto de partida as sensações e coisas particulares para, posteriormente, se ascender aos axiomas mais gerais.
(B) consiste no modo seguro e certo de se ?aplicar a razão à experiência?, isto é, de se aplicar o pensamento verdadeiro aos dados oferecidos pelo conhecimento sensível.
(C) dá ênfase à dúvida e ao modelo matemático de raciocínio como procedimentos que se devem utilizar para se alcançar a verdade e para se evitar os enganos e as opiniões prováveis.
(D) estabelece, como caminho seguro para se atingir idéias claras e evidentes, o raciocínio silogístico, que parte de enunciados universais para enunciados particulares.
(E) fornece os procedimentos adequados, de observação e experimentação, que possibilitam organizar e controlar os dados recebidos da experiência sensível, de modo a se obter um conhecimento verdadeiro sobre as coisas.

42. [Habilidade: Discernir a questão da objetividade nas Ciências Naturais e Humanas.] As Ciências da natureza têm como objeto algo que se encontra fora do sujeito que conhece, enquanto as Ciências humanas têm como objeto o próprio sujeito cognoscente. As Ciências humanas, por essa razão, enfrentam uma série de dificuldades para estudar com isenção aquilo que diz respeito ao próprio sujeito tão diretamente. Considere as afirmativas abaixo relativas às dificuldades enfrentadas pelas Ciências humanas para estudar com isenção o seu objeto:

I Nas Ciências humanas há uma identidade sujeito-objeto, que dificulta o distanciamento necessário que o sujeito deve manter com relação ao objeto. 
II O objeto das Ciências humanas é um sujeito dotado de consciência, que age segundo fins determinados. 
III O método das Ciências humanas é introspectivo e por meio desse procedimento só é possível se obter resultados subjetivos. 
IV Nas Ciências humanas os juízos de realidade e os juízos de valor são inseparáveis, ou seja, não é possível separar o que é do que deve ser.
V As Ciências humanas explicam os fenômenos humanos, determinando-os causalmente, mas não conseguem fazer previsões.

Estão corretas as afirmativas: 
(A) I e III 
(B) II e III 
(C) IV e V 
(D) I, II e IV 
(E) I, II, III e V

43. [Habilidade: Compreender a dimensão ética e moral da existência humana] A filosofia moral aborda os fundamentos da ação humana tanto sob o aspecto legal quanto moral. Sobre a especificidade desses dois aspectos, é correto afirmar: 

(A) Embora as normas jurídicas pretendam organizar e regular as relações humanas, as doutrinas morais de modo algum as levam em consideração, por isso não reconhecem nenhum valor real nelas. 
(B) Se é certo que as normas jurídicas são leis que têm validade para ações públicas, as regras morais, por seu lado, só levam em consideração os aspectos privados da ação, e seus princípios se aplicam apenas ao individuo e não ao cidadão. 
(C) Do ponto de vista moral, as normas jurídicas são sempre legais, mas não são legitimas, enquanto os princípios morais, por serem verdadeiros, são legítimos embora não legais. 
(D) Os códigos morais são os únicos que possuem um valor real e oficial na regulação da conduta social do homem. 
(E) Ainda que as doutrinas morais visem a responder às mesmas necessidades sociais que as normas jurídicas, as primeiras não oferecem nenhum código formal, coagindo o homem internamente, enquanto as segundas o coagem externamente.

44. [Habilidade: Compreender e distinguir conceitos e teorias acerca da felicidade e do dever.] Para Aristóteles o homem é um animal político, um agente moral, pois necessita da comunidade para viver feliz. Essa ?felicidade pública? é privilégio de cidadãos livres, que vivem sob leis do Estado, e exclui os escravos, a quem os gregos tomavam por animais. De acordo com Aristóteles, sobre o que há de natural e instituído no modo de viver humano, é correto afirmar que: 

(A) os homens, por instinto, já nascem para viver sob o governo de um Estado. 
(B) a vida política, entendida como vida moral, altera a relação do homem com a natureza animal. 
(C) onde existe um Estado organizado o homem há de viver feliz.   
(D) ao instituir a vida política o homem está realizando uma lei de sua natureza. 
(E) o homem, como qualquer outro animal, nasceu não para buscar a felicidade, mas para ser feliz.

45. [Habilidades: Estabelecer relações entre arte e sociedade] Desde Platão se discute a função sociocultural da arte, o que confere à sua autonomia uma certa relatividade. Recentemente, com a Escola de Frankfurt, cunhou-se para a determinação social da arte termos como ?indústria cultural? e ?cultura de massa?, porque, como diz Theodor Adorno, no regime econômico capitalista sacrifica-se ?o que fazia a diferença entre a lógica da obra [de arte] e a do sistema social.? Com relação à interpretação de Adorno sobre a função social da arte no regime capitalista, considere as afirmativas abaixo: 

I Na sociedade capitalista, o desenvolvimento técnico-industrial conduziu à padronização do gosto em beneficio do mercado. 
II Não há gozo da arte, na sociedade liberal, se a criação for massificada. 
III Ao sacrificar a lógica da obra às determinações do sistema, o artista está garantindo não só seu lucro como a própria sobrevivência da arte, já que a nossa economia é capitalista. 
IV Com a indústria cultural, ocorre a perda completa da idéia de autonomia da arte. 
V Adorno não concorda com Platão quanto à idéia de que a experiência estética, como acontece hoje em dia, necessita de um nexo funcional para cumprir seu papel na vida social e política do homem. 

Estão corretas as afirmativas: 
(A) I e II 
(B) II e V 
(C) I e IV 
(D) II, III, V 
(E) I, III, IV e V





Gabarito

41 C
A questão diz respeito ao eixo ?Filosofia e Ciência? e aborda a compreensão sobre a concepção racionalista de Descartes acerca do método. Torna-se necessário, portanto, identificar essa posição racionalista do filósofo e diferenciá-la da posição empirista. Assim,  a alternativa correta é a letra ?C?, pois nela se enunciam os procedimentos propostos por Descartes para se atingir a verdade sobre as coisas e se evitar o erro ? a saber, a dúvida e o procedimento analítico de inspiração matemática. Dessa forma, através da dúvida e procedendo analiticamente, ele chega à certeza do cogito (eu penso).
Nas demais alternativas, são enunciados procedimentos que não condizem com a concepção racionalista de Descartes, logo estão incorretas.
42 D
A questão diz respeito ao eixo ?Filosofia e Ciência? e trata da questão da objetividade nas Ciências do homem. A resposta correta é a letra ?D?, que corresponde a três dificuldades enfrentadas pelas Ciências Humanas (afirmativas I, II e IV) para estudar seu objeto com isenção, ou seja, objetivamente. A primeira dificuldade reside no fato do homem ser, nessas ciências, ao mesmo tempo sujeito e objeto do conhecimento, impedindo assim a descentralização, ou seja, o distanciamento necessário entre sujeito e objeto, considerado como condição para a objetividade, isto significa dizer que, nessas ciências, não há uma separação entre o homem que investiga (pesquisador) e o objeto (homem) investigado. A essa dificuldade vincula-se outra que diz respeito ao objeto de estudo das Ciências humanas ser um sujeito (o homem) que tem consciência de suas ações e as norteia segundo fins, intenções e valores. Sendo capaz de refletir sobre seu agir e mudar o curso de sua ação, compromete a objetividade dos resultados da pesquisa. Nas ciências do homem também não é possível a separação entre juízos de realidade (que dizem respeito ao que é) e os juízos de valor (referentes ao dever ser), pois o sujeito  que conhece a realidade sócio-histórica, dela participa e tem seus próprios valores, que inevitavelmente estarão presentes em suas pesquisas. As demais alternativas estão incorretas porque não enunciam dificuldades das Ciências Humanas no que diz respeito à objetivação do conhecimento.
43 E
A presente questão correspondente ao eixo ?Ética e Cidadania?, trata de um tema central para as doutrinas morais, afinal ela exige o discernimento acerca do que é comum e do que é distinto em se tratando do comportamento ético e do comportamento sob relações jurídicas. Podemos cotejar assim que associam esses dois pólos da ação pública, o racional e o positivo. A resposta correta para esta questão é a alternativa ?E", pois a diferença entre uma ação moral e uma ação legal, ou seja, o que nós fazemos espontânea e racionalmente e o que nós fazemos apenas visando escapar de uma punição estabelecida pelo Estado, é um marco bem claro do caráter autônomo das nossas decisões quando são regidas, apenas, por interesse moral. Como é comum se dizer: nem tudo que é legal é moral, ou seja, nem tudo o que juridicamente válido para o Estado traduz o espírito ético que, de todo modo, supomos como regulador de toda legislação. A diferença é que o mau comportamento no registro da legalidade é passível de punição real pelo Estado, enquanto o julgamento moral, por atingir o sujeito em sua intimidade, afeta apenas a sua consciência. As demais alternativas estão incorretas porque não caracterizam e/ou distinguem corretamente uma ação moral e uma ação legal.
44 B
Esta questão também pertence ao eixo ?Ética e Cidadania? e diz respeito à relação entre ética e política, as quais, embora possam ser tratadas separadamente, são interdependentes. A resposta correta a esta questão é a alternativa ?B?. Trata-se de reconhecer, em primeiro lugar, a exigência, na doutrina moral de Aristóteles, da ligação natural entre o que é de ordem moral e o que é de ordem política, uma vez que a autêntica vida moral se realiza, em tese, sob a regência de um estado racionalmente instituído. Essa instituição racional modifica, para o homem, as condições e as exigências para a determinação de tudo o que deve fazer, pois suas ações não podem ter como princípio, como ocorre com os animais em geral, o que lhes dita o instinto. Ao falar de animal racional, Aristóteles acentua o adjetivo que modifica o sentido em que se deve entender o animal homem, quando ele vive sua autonomia em um contexto de vida pública. Como animal, o homem jamais teria comportamento moral, afinal viveria segundo os ditames da natureza e não em organizações artificiais como o Estado. As demais alternativas estão incorretas porque não enunciam de forma precisa a relação entre a ordem moral e a política no pensamento de Aristóteles.
45 C 
A presente questão pertence ao eixo filosófico ?Estética?. Procura relacionar, na interpretação que propõe, dois extremos da história da filosofia: Platão e Adorno, este último um filósofo alemão contemporâneo. A questão chama a atenção para a preocupação que os filósofos sempre tiveram não só em entender os princípios gerais da produção artística como, também, inseri-la histórica, social e politicamente.  A alternativa correta  da questão 45  é a letra ?C?  (afirmativas I e IV), pois na sociedade capitalista o sistema de mercado transformou a obra de arte em mercadoria, restringindo assim, por razões de ordem econômica, as condições de sua produção, de divulgação e, com isso, a própria sobrevivência do artista, o que, sem dúvida, afeta a liberdade de criação e a autonomia que sempre foram sua marca distintiva. As demais alternativas estão incorretas  porque não dizem respeito à interpretação de Adorno sobre a função social da arte no regime capitalista.



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