Ministério da Educação - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE - INEP - 2008
Filosofia

Ministério da Educação - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE - INEP - 2008



Ministério da Educação - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE - INEP - 2008  
COMPONENTE ESPECÍFICO - FILOSOFIA


QUESTÃO 11
O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a qual a sua natureza é mais adequada.
Platão. A República. Fundação Calouste Gulbenkian.

No trecho apresentado acima, faz-se referência à justiça, na concepção platônica. Assinale a opção que contém a proposição verdadeira que sustenta o argumento usado por Platão para definir e justificar tal concepção.

A - A igualdade natural predispõe o ser humano para a justiça e para o bem comum.
B - Compartilhar tarefas e habilidades com nossos semelhantes é a base natural de uma cidade justa.
C - A execução da função própria é uma exigência das convenções políticas como instrumentos jurídicos para a fundação das cidades.
D - O ato de cada um fazer o que lhe é mais adequado por natureza é necessário para a formação de uma cidade justa.
E - O interesse pessoal de cada um conduz naturalmente à implementação da justiça na cidade.


QUESTÃO 12
O calor e a luz são efeitos colaterais do fogo, e um efeito pode justamente inferir-se a partir do outro. Se, por conseguinte, nos convencermos a nós mesmos quanto à natureza desta evidência, que nos assegura das questões de fato, devemos indagar como chegamos ao conhecimento da causa e do efeito. Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral, que não admite exceção, que o conhecimento desta relação não é, em circunstância alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos particulares se combinam constantemente uns com os outros.
Hume. Investigação sobre o entendimento humano. Edições 70.

Com base no texto acima, assinale a opção correta.

A - A relação causa-efeito é um princípio necessário.
B - Não existem proposições conhecidas a priori.
C - A relação causa-efeito ocorre por mera combinação regular entre objetos.
D - Questões de fato são evidenciadas unicamente pelo intelecto.
E - O ponto de partida do conhecimento é o princípio de causalidade.


QUESTÃO 13
Considerar um existente qualquer segundo o modo como está no Absoluto consiste aqui somente em dizer que se falou dele nessa instância como de um "algo", mas que no Absoluto, para o qual A=A, esse "algo" no entanto não existe, pois aí tudo é uno. A ingenuidade do vazio no conhecimento consiste em opor esse saber uno, segundo o qual no Absoluto tudo é igual, ao conhecimento que distingue e que ou já é pleno ou busca a plenitude, ou então consiste em oferecer seu Absoluto como se fosse a noite na qual, como se costuma dizer, todas as vacas são pretas.
Hegel. Fenomenologia do espírito (prefácio). Abril Cultural.

Com base no texto acima, analise as asserções a seguir.

Para Hegel, a expressão "A=A" indica que a identidade e a unidade, quando absolutas, levam ao vazio no conhecimento,
porque
se encontra ausente, nessa perspectiva, a diversidade estabelecida (formalmente) pelo intelecto.

Considerando as asserções acima, assinale a opção correta.

A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.


QUESTÃO 14
Mas o que sou eu, portanto? Uma coisa que pensa. O que é uma coisa que pensa? É uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer, que imagina também e que sente.
R. Descartes. Meditações, II. Coleção Os Pensadores.

Nessa passagem, Descartes trata da relação entre o cogito e o duvidar, o conceber, o afirmar etc. O modo como a veracidade dos mencionados estados é assegurada expressa-se por meio da

A - investigação dos conteúdos mentais.
B - investigação do mundo sensível.
C - relação entre o cogito e suas modalidades.
D - investigação da relação entre o cogito e a realidade objetiva da idéia de Deus.
E - investigação da relação entre a realidade objetiva e a realidade formal dos objetos.


QUESTÃO 15
Uma multidão de homens é transformada em uma pessoa quando é representada por um só homem ou pessoa, de maneira a que tal seja feito com o consentimento de cada um dos que constituem essa multidão. Porque é a unidade do representante, e não a unidade do representado, que faz que a pessoa seja una. E é o representante o portador da pessoa, e só de uma pessoa. Esta é a única maneira como é possível entender a unidade de uma multidão.
Hobbes. Leviatã. Abril Cultural.

De acordo com o texto acima, analise as asserções a seguir.
Segundo Hobbes, o caráter unitário da pessoa do representante está alicerçado no consentimento de cada um dos indivíduos que faz parte de uma multidão humana
porque
é a partir do consentimento de cada um deles que se institui a pessoa política única do Estado.

Acerca dessas afirmativas, assinale a opção correta.

A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.


QUESTÃO 16
Já antes de suas respostas à questão do ente enquanto tal, a metafísica representou o ser. Ela expressa necessariamente o ser e, por isso mesmo, o faz constantemente. Mas a metafísica não leva o ser mesmo a falar, porque não considera o ser em sua verdade e a verdade como o desvelamento e este em sua essência. A essência da verdade sempre aparece à metafísica apenas na forma derivada da verdade do conhecimento e da enunciação. O desvelamento, porém, poderia ser algo mais originário que a verdade no sentido da veritas. Alétheia talvez fosse a palavra que dá o aceno ainda não experimentado para a essência impensada do esse.
M. Heidegger. Que é metafísica? Introdução (1949).Coleção Os Pensadores.

Considerando o trecho acima e a crítica à metafísica de Heidegger, assinale a opção correta.

A - A verdade compreendida como veritas possibilita o desvelamento do ente e leva o ser mesmo a falar, respondendo à questão da verdade do ser.
B - O conceito de alétheia responde à questão da verdade do ser ao nomear o ente, pois pensa o ser como representação do ente enquanto ente.
C - A metafísica tradicional não leva o ser mesmo a falar, não considerando o ser em sua verdade, concebendo a verdade em seu sentido antepredicativo.
D - Alétheia é compreendida como a verdade antepredicativa que possibilita o desvelamento do ente em seu sentido originário de transcendentalidade.
E - A diferença estabelecida entre os conceitos de veritas e alétheia é puramente circunstancial, já que ambos visam responder à questão da verdade do ser.


QUESTÃO 17
E dir-se-á o mesmo do justo e do injusto, do bom e do mau e de todas as idéias: cada uma, de per si, é uma, mas, devido ao fato de aparecerem em combinação com ações, corpos, e umas com as outras, cada uma delas se manifesta em toda a parte e aparenta ser múltipla.
Platão, República V. 476a. Fundação Calouste Gulbenkian.

A partir desse texto, assinale a opção correta.

A - Cada idéia é uma, mas aparenta ser múltipla.
B - Cada uma das idéias em toda a parte manifesta ser uma.
C - Ações e corpos manifestam-se em combinação uns com os outros.
D - As aparências combinam-se umas com as outras em toda a parte.
E - Cada idéia é múltipla, manifestando-se em combinação em toda a parte.


QUESTÃO 18
O homem é um princípio motor de ações; ora, a deliberação gira em torno das coisas a serem feitas pelo próprio agente, e as ações têm em vista outra coisa que não elas mesmas. Com efeito, o fim não pode ser objeto de deliberação, mas apenas o meio.
Aristóteles. Ética a Nicômacos, III3, 1112b. Coleção Os Pensadores.

A partir desse texto de Aristóteles, assinale a opção correta.

A - As ações são os fins sobre os quais o homem delibera.
B - O homem é o fim visado por todas as deliberações.
C - As deliberações são sobre as ações enquanto meios.
D - Meios e fins são visados pelo homem, que delibera sobre as coisas a serem feitas.
E - É na deliberação entre vários fins possíveis que o homem se mostra como princípio motor de ações.


QUESTÃO 19
Muitos afirmaram ... que Metrodoro tinha abolido o critério [de verdade] porque disse: "não sabemos nada, nem mesmo sabemos isto, que não sabemos nada".
Sexto Empírico. Contra os professores 7.87. In: G. Giannantoni, Socratis reliquiae.

A partir desse texto, assinale a opção correta.

A - O critério de verdade é que não sabemos nada.
B - Só não sabemos nada se nem isso sabemos.
C - Metrodoro sabia que não sabia nada.
D - Quem afirma que não sabemos nada tem um critério de verdade.
E - Quem afirma que sabe não pode enganar-se.


QUESTÃO 20
Neste ensaio, "ciência normal" significa a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas. Essas realizações são reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática posterior. (...) Suponhamos que as crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias e perguntemos então como os cientistas respondem à sua existência. (...) De modo especial, a discussão precedente indicou que consideraremos revoluções científicas aqueles episódios de desenvolvimento não cumulativo nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o anterior.
T. Kuhn. A estrutura das revoluções científicas. Editora Perspectiva.

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a filosofia da ciência de Thomas Kuhn, assinale a opção incorreta.

A - A assunção de um paradigma ocorre depois que o fracasso persistente na resolução de um problema dá origem a uma crise.
B - A atividade científica madura desenvolve-se por meio de fases de ciência normal (paradigma), crise, revolução e novo paradigma.
C - A ciência normal é o período em que se desenvolve uma atividade científica com base em um novo paradigma.
D - Paradigma é uma concepção teórica associada a aplicações-padrão que são objetos de consenso em uma comunidade científica.
E - As revoluções científicas produzem efeitos desintegradores na tradição à qual a atividade da ciência normal está ligada.


QUESTÃO 21
(...) a solução é esta: que nós, de modo algum, admitimos que haja nomes universais quando, tendo sido destruídas as suas coisas, eles já não são predicáveis de vários, porquanto nem são comuns a quaisquer coisas, como o nome da rosa, quando já não há mais rosas, o qual, entretanto, ainda é então significativo em virtude do intelecto, embora careça de denominação, pois, de outra sorte, não haveria a proposição: nenhuma rosa existe".
Pedro Abelardo. Lógica para principiantes. Petrópolis: Vozes.

Considerando o trecho acima, em que Abelardo trata do problema dos universais, assinale a opção correta.

A - A partir do momento em que não existam mais rosas, o nome universal "rosa" não mais subsiste, de forma nenhuma.
B - A função significativa de um nome universal permanece, mesmo não mais existindo a coisa real.
C - O que realmente existe é o indivíduo (por exemplo, esta rosa); quanto ao nome universal, ele nada mais é do que uma emissão fonética.
D - Se não for mais possível designar uma coisa, então também não é possível fornecer um conceito dela.
E - Mesmo antes da existência de qualquer rosa, a idéia da rosa já se fazia presente, como um universal, na mente divina.


QUESTÃO 22
Se definirmos a espiritualidade como gênero de práticas que postulam que o sujeito, tal como ele é, não é capaz de verdade, mas que a verdade, tal como ela é, é capaz de transfigurar e salvar o sujeito, diremos então que a idade moderna das relações entre sujeito e verdade começa no dia em que postulamos que o sujeito, tal como ele é, é capaz de verdade, mas que a verdade, tal como ela é, não é capaz de salvar o sujeito.
M. Foucault. A hermenêutica do sujeito. Martins Fontes.

A partir do texto acima, julgue as seguintes asserções.

Para Foucault, o processo de subjetivação (constituição do sujeito) na modernidade estabeleceu a vinculação do sujeito com a verdade de uma forma externa,
porque
a verdade foi compreendida apenas como o resultado de um procedimento de adequação entre o pensamento (o dito) e a coisa.

A respeito das asserções acima, assinale a opção correta.

A - As duas asserções são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.


QUESTÃO 23
Princípio dos seres (...) ele disse (que era) o ilimitado (...) Pois donde a geração é para os seres, é para onde também a corrupção se gera segundo o necessário; pois concedem eles mesmos justiça e deferência uns aos outros pela injustiça, segundo a ordenação do tempo.
Simplício. In: Physicam 24, 17: Anaximandro DK12A9. Coleção Os Pensadores.

Tendo como referência esse texto, analise as asserções abaixo.

Para os seres, a corrupção se gera para o ilimitado segundo o necessário,
porque
os seres concedem justiça e deferência uns aos outros pela injustiça.

Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.

A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é verdadeira.
E - Ambas as asserções são proposições falsas.


QUESTÃO 24
Quando, então, dizemos "Deus", parecemos, certamente, designar uma substância, mas aquela que é para além da substância; quando, porém, dizemos "justo", designamos, certamente, uma qualidade, mas não como acidente, e, sim, como aquela qualidade que é substância e, entretanto, é para além da substância: então, para Deus, o que ele é não é outro que o ser justo; é o mesmo, para Deus, ser e ser justo. Assim, também, quando se diz "grande" ou "máximo", parecemos designar, certamente, uma quantidade, mas aquela quantidade que é a própria substância, tal como a dissemos ser para além da substância: o mesmo, com efeito, é para Deus, ser e ser grande. Sobre a sua forma (...), visto ele ser forma e uno verdadeiramente, não há, então, nenhuma pluralidade.
Boécio. A Santa Trindade. São Paulo: Martins Fontes.

Considerando esse texto e a concepção de Deus em Boécio, assinale a opção correta.

A - É possível aplicar a categoria de qualidade, do mesmomodo, a Deus e ao homem.
B - Não havendo em Deus nenhuma pluralidade, é impossível que ele seja, ao mesmo tempo, justo e grande.
C - Em Deus, ser e ser justo constitui uma unidade, porém, em tal unidade não pode ser incluída a grandeza.
D - Dada a singularidade de "Deus", dele se pode dizer que há unidade entre ser, ser grande e ser justo.
E - Se Deus é "grande" e "máximo", então, o homem só pode ser "pequeno" e "mínimo".


QUESTÃO 25
Uma ação praticada por dever deve ter o seu valor moral, não no propósito que com ela se quer atingir, mas na máxima que a determina; não depende portanto da realidade do objeto da ação, mas somente do princípio do querer segundo o qual a ação, abstraindo de todos os objetos da faculdade de desejar, foi praticada.
Kant. Fundamentação da metafísica dos costumes.Coleção Os Pensadores.

De acordo com essa passagem, pode-se concluir que o valor da ação moral em Kant é determinado

A - pelos objetos que orientam a faculdade de desejar.
B - por sua subordinação ao princípio do querer em geral.
C - pela validade objetiva dos objetos.
D - por sua subordinação à vontade subjetivamente determinada.
E - por sua conformidade ao dever.


QUESTÃO 26
Não há dúvida de que as virtudes morais podem existir sem certas virtudes intelectuais, como a sabedoria, a ciência e a arte; não o podem porém sem o intelecto e a prudência. Assim, não podem existir sem a prudência, por ser a virtude moral um hábito eletivo, isto é, que torna boa a eleição. Ora, para esta ser boa se exigem duas condições. A primeira é haver a devida intenção do fim; e isto se dá pela virtude moral, que inclina a potência apetitiva ao bem conveniente com a razão, que é o fim devido. A segunda é que nos sirvamos retamente dos meios, o que se não pode dar senão pela razão, que aconselha retamente, no julgar e no ordenar, o que pertence à prudência e às virtudes anexas...
Tomás de Aquino. Suma Teológica.

Tendo como referência esse texto e a teoria das virtudes de Tomás de Aquino, analise as asserções a seguir.

Para Tomás de Aquino, há virtudes intelectuais que podem prescindir das virtudes morais, uma vez que não possuem ligação direta com a ação, mas não é o caso da virtude intelectual da prudência,
porque
a prudência consiste no intelecto prático, fazendo com que o homem não apenas conheça os princípios universais da razão, mas também leve em conta as diversas circunstâncias da vida humana.

Considerando essas assertivas, assinale a opção correta.

A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma preposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.


QUESTÃO 27
Considere a seguinte frase: Se todo homem é mortal e Sócrates é homem, então Sócrates é mortal.

Essa frase é

I - um argumento com premissas e conclusão verdadeiras.
II - uma proposição com antecedente e conseqüente.
III - um argumento condicional verdadeiro.
IV - uma proposição condicional verdadeira.
V - um argumento categórico verdadeiro.

Estão certos apenas os itens

A - I e III.
B - I e IV.
C - II e IV.
D - II e V.
E - III e V.


QUESTÃO 28
O existencialista não tem pejo em declarar que o homem é angústia. Significa isso: o homem ligado por um compromisso e que se dá conta de que não é apenas aquele que escolhe ser, mas de que é também um legislador pronto a escolher, ao mesmo tempo que a si mesmo, a humanidade inteira, não poderia escapar do sentimento da sua total e profunda responsabilidade".
Jean-Paul Sartre. O existencialismo é um humanismo. Coleção Os Pensadores.

Tendo como referência esse texto, analise as asserções seguintes.

Para Sartre, dando-se conta de que suas escolhas repercutem além de si mesmo, envolvendo a humanidade inteira, o homem sente angústia,
porque
tem diante de si um compromisso que vai além de sua capacidade, pois nem mesmo suas escolhas individuais são livres, já que as contingências da vida determinam sua existência e sua essência.

Com base nas afirmativas acima, assinale a opção correta.

A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma preposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.


QUESTÃO 29
No texto a seguir, Descartes formula o preceito inicial de suas regras do método: "O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida".
R. Descartes. Discurso do método.Coleção Os Pensadores.

A partir desse texto, julgue os seguintes itens.

I - No conhecimento da verdade, a dúvida antecede a evidência.
II - No conhecimento da verdade, a evidência antecede a dúvida.
III - Clareza e distinção são critérios para o reconhecimento da verdade.
IV - Sob o ponto de vista metodológico, o conhecimento independe do "eu".
V - O acesso à verdade depende das circunstâncias ocasionais vividas pelo "eu".

Estão certos apenas os itens

A - I e II.
B - I e III.
C - II e V.
D - III e IV.
E - IV e V.


QUESTÃO 30
(...) se a razão só por si não determina suficientemente a vontade, se está ainda sujeita a condições subjetivas (a certos móbiles) que não coincidem sempre com as objetivas; numa palavra, se a vontade não é em si plenamente conforme à razão (como acontece realmente entre os homens), então as ações, que objetivamente são reconhecidas como necessárias, são subjetivamente contingentes, e a determinação de uma tal vontade, conforme a leis objetivas, é obrigação.
Kant. Fundamentação da metafísica dos costumes. Coleção Os Pensadores. Segunda Seção, §12.

De acordo com esse texto, é correto afirmar que as inclinações

A - tornam a lei moral subjetiva.
B - determinam a vontade objetivamente.
C - fazem que a lei moral seja vivenciada como uma obrigação.
D - possuem caráter imperativo.
E - são parte da natureza humana como ser racional.


QUESTÃO 31
Considere o seguinte argumento:
A esmeralda E1 é verde.
A esmeralda E2 é verde.
.
.
.
A esmeralda En é verde.
Logo, a esmeralda En+1 é verde.
Esse argumento é

I - uma dedução, cujas premissas têm como conseqüência uma conclusão verdadeira.
II - uma abdução, cuja conclusão explica aquilo que está enunciado nas premissas.
III - uma indução, cujas premissas podem ser verdadeiras e a conclusão pode ser falsa.
IV - um argumento cuja conclusão sempre preserva a suposta verdade das premissas.
V - um argumento cuja conclusão não preserva a suposta verdade das premissas.

Estão certos apenas os itens

A - I e III.
B - I e IV.
C - II e IV.
D - II e V.
E - III e V.


QUESTÃO 33
Considere que "¬", "^" e "/" são, respectivamente, símbolos para a negação ("não"), conjunção ("e") e condicional material ("se..., então...") e que "p" e "q" são variáveis proposicionais. Ao se empregar os procedimentos das tabelas veritativas e, em seguida, do cálculo proposicional, pode-se concluir que a fórmula "(p / q) ÷ ¬(p ? ¬ q)".

I - é uma contingência.
II - é uma contradição.
III - é uma tautologia.
IV - é um teorema.
V - não é um teorema.

Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e IV.
C - II e V.
D - III e IV.
E - III e V.


QUESTÃO 34
Considere que "¬", "^", "" e "/" são, respectivamente, símbolos para a negação ("não"), conjunção ("e"), disjunção ("e/ou") e para o condicional material ("se..., então...") e que "A" e "E" são, respectivamente, o quantificador universal e o quantificador existencial. Considere, ainda que "Px", "Qx", "Rx" e "Sx" são predicados monádicos (ou de aridade 1) e que as fórmulas "Ax[Px / (Qx Rx)]" e "Ax¬(Qx Rx)" são premissas de um argumento. As conclusões dedutíveis dessas premissas estão contidas nas fómulas

I- Ax(Px / ¬Sx).
II - ¬Ex¬Px.
III - Ex(Qx Qx).
IV - Ax¬(Px ^ Sx).
V - Ex(Rx ^ Rx).

Estão certos apenas os itens

A - I e III.
B - I e IV.
C - II e IV.
D - II e V.
E - III e V.


QUESTÃO 35
Julgamos conhecer cientificamente cada coisa, de modo absoluto e, não, à maneira sofística, por acidente, quando julgamos conhecer a causa pela qual a coisa é, que ela é a sua causa e que não pode ser de outra maneira.
Aristóteles. Segundos Analíticos, I ,2, 71b 9-12 apud Oswaldo Porchat. Ciência e dialética em Aristóteles.

No que concerne a esse texto à teoria aristotélica da ciência, julgue os itens subseqüentes.

I - Um conhecimento é qualificado como científico, quando há a presença conjunta de causalidade e necessidade.
II - A ciência não explica por que as coisas acontecem, mas descreve como acontecem.
III - A ciência diz respeito aos aspectos contingentes do individual.
IV - O conhecimento científico é um tipo de saber que se estabelece por meio da demonstração.
V - Há ciência do que é invariante nas coisas cambiantes e nos seus modos de mudança.

Estão certos apenas os itens

A - I, II e III.
B - I, II e IV.
C - I, IV e V.
D - II, III e V.
E - III, IV e V.


QUESTÃO 36
Ao investigar se a existência de Deus se impõe imediatamente à inteligência humana, Tomás de Aquino conclui: "A proposição Deus existe, enquanto tal, é evidente por si, porque nela o predicado é idêntico ao sujeito. Deus é seu próprio ser (...) Mas, como não conhecemos a essência de Deus, essa proposição não é evidente para nós, precisa ser demonstrada por meio do que é mais conhecido para nós, ainda que por sua natureza seja menos conhecido, isto é, pelos efeitos".
Tomás de Aquino. Suma de Teologia, I, q.2, a.1. Tradução: Editora Loyola.

Considerando o texto acima e o tipo de abordagem de Tomás de Aquino acerca da existência de Deus, julgue os itens seguintes.

I - Todo homem possui um conhecimento a priori da existência de Deus.
II - A existência de Deus pode ser afirmada por intermédio da reflexão sobre os fenômenos deste mundo.
III - Do predicado da proposição "Deus existe, o homem infere imediatamente a existência divina.
IV - Tomás de Aquino atribui a Anselmo a tese de que a existência de Deus é evidente por si mesma.
V - A propósito da substância divina, a inteligência humana pode conhecer o "que ela é".

Estão certos apenas os itens

A - I e III.
B - II e IV.
C - III e IV.
D - III e V.
E - IV e V.


QUESTÃO 37
Pois, para que eu seja livre, não é necessário que eu seja indiferente na escolha de um ou de outro dos dois contrários; mas, antes, quanto mais eu pender para um, seja porque eu conheça evidentemente que o bom e o verdadeiro aí se encontrem, seja porque Deus disponha assim o interior do meu pensamento, tanto mais livremente o escolherei e o abraçarei, [...] pois, se eu conhecesse sempre claramente o que é verdadeiro e o que é bom, nunca estaria em dificuldade para deliberar que juízo ou que escolha deveria fazer; e assim seria inteiramente livre sem nunca ser indiferente.
Descartes. Meditações. Coleção Os Pensadores.

A partir desse texto, analise as asserções a seguir.

A criatura humana pode errar ao fazer determinadas escolhas
porque
sua vontade livre se estende às coisas que não entende.

Acerca das asserções acima, assinale a opção correta.

A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é verdadeira.
E - As duas asserções são proposições falsas.

GABARITO:
11 - D
12 - C
13 - C
14 - C
15 - D
16 - D
17 - A
18 - C
19 - B
20 - C
21 - B
22 - ANULADA
23 - A
24 - D
25 - B
26 - A
27 - C
28 - C
29 - B
30 - C
31 - E
32 - ANULADA
33 - D
34 - B
35 - C
36 - B
37 - A
QUESTÃO 38 - DISCURSIVA
A comunidade constituída a partir de vários povoados é a cidade definitiva, após atingir o ponto de uma auto-suficiência praticamente completa; assim, ao mesmo empo que já tem condições para assegurar a vida de seus membros, ela passa a existir também para lhes proporcionar uma vida melhor.
Aristóteles. Política A, 1.253.ª.

A partir do texto acima, analise a relação entre a gênese e finalidade da cidade na concepção política de Aristóteles.


QUESTÃO 39 - DISCURSIVA
O eu penso tem que poder acompanhar todas as minhas representações; pois, do contrário, seria representado em mim algo que não poderia de modo algum ser pensado, o que equivale a dizer que a representação seria impossível ou, pelo menos para mim, nada seria. Portanto, todo o múltiplo da intuição possui uma referência necessária ao eu penso, no mesmo sujeito em que este múltiplo é encontrado.
Kant. Crítica da Razão Pura. Coleção Os Pensadores.

Tendo como referência o texto acima, analise a relação entre o saber acerca do múltiplo de representações e a unidade da consciência.


QUESTÃO 40 - DISCURSIVA
Se o senhor N.N. morre, diz-se que morre o portador do nome, e não que morre a significação do nome. E seria absurdo falar assim, pois, se o nome deixasse de ter significado, não haveria nenhum sentido em dizer: "O senhor N.N. morreu".
Wittgenstein. Investigações Filosóficas. Coleção Os Pensadores.

A passagem acima ilustra um argumento de Wittgenstein contra determinada concepção de significado. Analise o argumento em questão, destacando
< o modelo de argumento utilizado;
< a tese criticada;
< a crítica realizada.


PADRÃO DE RESPOSTA DAS QUESTÕES DISCURSIVAS:

Questão - 38
a) Preservação da vida: a cidade nasce, antes de tudo, com a finalidade de proporcionar aos homens a preservação da vida;
b) Auto-suficiência: a cidade chega à sua forma definitiva quando torna possível as múltiplas formas de auto-suficiência, sendo esta a assunção de cada cidadão com o fim (telos) em si mesmo.
c) Vida melhor: a finalidade última da cidade é tornar possível a vida melhor, que consiste não apenas em atingir a auto-suficiência, mas também em alcançar a virtude.

Questão - 39
a) Ter consciência de um múltiplo de representações significa ter consciência de algo como minhas representações; por conseguinte, supõe uma referência a um sujeito.
b) Deste modo, se temos consciência de um múltiplo de representações, e isto deve significar que sejamos capazes de discriminar, reproduzir e identificar representações diversas, devemos também poder atribuí-las a um mesmo sujeito, ou melhor, auto-atribuí-las.
c) Sem a consciência de nossa própria identidade, não seríamos capazes de reconhecê-las como reunidas em um mesmo sujeito, ou seja, como um múltiplo de minhas representações. Por conseguinte, qualquer que seja a causa de minhas representações, quer sejam efeitos de um mundo externo ou estados internos, não posso deixar de reconhecê-las como minhas, ou seja, com pertencentes a um mesmo eu. Podemos assim garantir a necessidade da relação entre o múltiplo representado e a unidade da consciência, porém não podemos ainda assegurar que o próprio múltiplo possua uma unidade independente das condições subjetivas da consciência, ou melhor, que nossas representações estejam ligadas entre si.

Questão - 40
a) Redução ao absurdo
b) Tese criticada: O significado de um nome é o seu referente.
c) Um nome não perde seu significado quando não possui referente. Logo, o significado de uma palavra não pode ser identificado ao seu referente. Wittgenstein reforça a relação entre o significado de uma palavra e seu uso na linguagem.



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