Realidade, cérebro e emoção
Filosofia

Realidade, cérebro e emoção



Você poderá ler a seguir, uma interessante e instigante dissertação que mescla ciência e filosofia (metafísica), levando-nos a reflexões profundas e a especulações extremamente ousadas sobre o que é a realidade, sobre como a 'enxergamos' e como 'construímos' a realidade aparentemente externa a nós, a partir de nossas próprias convicções profundas e quase sempre inconscientes...
Para quem assistiu ao filme-documentário "Quem Somos Nós?", por certo se lembrará das falas reproduzidas abaixo. 
Essa leitura também pode ser feita em complementação à importante reflexão que já iniciamos antes com dois outros textos ("Você manda em seu corpo e em sua mente?"), disponível emhttp://oficina-de-filosofia.blogspot.com.br/2014/06/voce-acha-que-esta-no-comando-de-sua.html
e: http://oficina-de-filosofia.blogspot.com.br/2014/07/psicossomatica-emocoes-e-corpo.html
  
Segue o texto integral:

Realidade, cérebro e emoção

Por que continuamos recriando a mesma realidade? Por que continuamos tendo os mesmos relacionamentos? Nesse mar infinito de possibilidades que existe à nossa volta, por que continuamos recriando as mesmas coisas?

É possível estarmos tão condicionados a nossa rotina, tão condicionados à forma como criamos as nossas vidas, que compramos a ideia de que não temos controle algum?
Fomos condicionados a crer que o mundo externo é mais real que o interno. Mas na ciência moderna é exatamente o contrário. O que acontece dentro de nós é o que vai criar o que acontece fora.

Experimentos científicos nos mostram que se conectarmos o cérebro de uma pessoa a computadores e Pet (tomografia por emissão de pósitrons) scanners e pedirmos para olharem para determinados objetos, podemos ver certas partes do cérebro sendo ativadas. Se pedirmos para fecharem os olhos e imaginarem o mesmo objeto, as mesmas áreas do cérebro se ativarão como se estivessem vendo os objetos. Então os cientistas se perguntam: Quem vê os objetos, o cérebro ou os olhos? O que é realidade? É o que vemos com nosso cérebro? Ou é o que vemos com os nossos olhos?

A verdade é que o cérebro não sabe a diferença entre o que vê no ambiente e o que se lembra, pois os mesmos neurônios são ativados. Então devemos questionar: O que é realidade?

Somos bombardeados por grandes quantidades de informação que são processadas pelos seus órgãos sensoriais. O cérebro processa 400 bilhões de bits de informação por segundo, mas só tomamos conhecimento de 2000 bits. Esses 2000 bits são sobre o que está ao nosso redor, nosso corpo e o tempo.

O cérebro não sabe a diferença entre o que vê no ambiente e do que se lembra, pois ele acessa a mesma rede neural. Cada área neural conectada está integrada a um pensamento ou memória. O cérebro constrói todos os conceitos através de memórias associativas.

Por exemplo, ideias, pensamentos e sentimentos são construídos e interconectados nessa rede neural e todos têm uma possível relação. O conceito do sentimento amor, por exemplo, está guardado nessa vasta rede neural, mas construímos o conceito do amor a partir de muitas outras ideias diferentes. Algumas pessoas têm o amor ligado ao desapontamento então quando pensam em amor, experimentam a memória da dor, mágoa, raiva e até ira. A mágoa pode estar ligada a uma pessoa específica que remete à conexão do amor. Criamos modelos de como enxergamos o mundo exterior. Quanto mais informações temos, mais refinamos nosso modelo de um jeito ou de outro.

Quem está no comando quando controlamos nossas emoções?
Sabemos fisiologicamente que as células nervosas que se ativam juntas ficam conectadas. Se você praticar algo sempre, essas células terão um relacionamento longo. Se você sempre ficar com raiva ou sempre ficar frustrado, ou sempre sofrer e se fizer de vítima, estará reconectando e reintegrando a rede neural constantemente e essa rede neural terá um longo relacionamento com todas as outras células nervosas, levando a uma identidade.

As células nervosas que não se ativam juntas, não se conectam mais. Elas perdem seu relacionamento, pois sempre que interrompemos um processo de pensamento que produz uma resposta química no corpo, as células nervosas que estavam ligadas começam a quebrar o seu relacionamento. Quando começamos essa interrupção e observamos respostas não estimuladas por uma reação automática, mas sim o efeito que essa interrupção produz, deixamos de ser uma pessoa emocional e consciente de seu corpo e sua mente, que está respondendo ao se ambiente como se fosse algo automático. Isto quer dizer que as emoções são coisas ruins? Elas são "desenhadas" para reforçar quimicamente sua memória. É para isso que servem. Toda emoção vem da química de imagens gravadas.

Existe uma área do cérebro chamada de hipotálamo que parece uma pequena fábrica. Ele reúne certos materiais químicos que se combinam com certas emoções. Alguns materiais são chamados de neuropeptídeos, pequenas cadeias de aminoácidos. O corpo é uma unidade de carbono que produz cerca de 20 diferentes aminoácidos para formular sua estrutura física. O corpo é uma máquina de produzir proteínas. No hipotálamo temos pequenas cadeias de proteínas. Se as juntarmos com certos peptídeos e hormônios neurais, eles combinarão com os estados emocionais que sentimos diariamente. Existem materiais químicos para raiva, para tristeza, para vitimização, para desejo, para todos os estados emocionais pelos quais passamos. No momento em que sentimos um estado emocional em nosso corpo ou em nosso cérebro, o hipotálamo imediatamente combinará o peptídeo e o liberará através da pituitária diretamente na corrente sanguínea. No momento em que atinge a corrente sanguínea, ele acha seu caminho para diferentes partes do corpo. Todas as células do corpo possuem receptores externos. Uma célula pode ter milhares de receptores externos. Quando um peptídeo se atraca numa célula, ela aciona um sinal e reage. Esses receptores servem para receber informações. Um peptídeo ligado a uma célula muda a célula em várias formas. Ele dispara uma cascata de eventos bioquímicos que pode até alterar o núcleo da célula.

Vícios emocionais

Minha definição sobre vício é bem simples. É algo que você não consegue parar. Criamos situações para suprir as necessidades bioquímicas das células do nosso corpo, situações que satisfaçam nossas necessidades químicas. Um viciado sempre precisará de um pouco mais, para poder satisfazer sua necessidade química. Se você não consegue controlar seu estado emocional, você está viciado naquilo. Então você pergunta se as emoções são ruins? Elas não são ruins, são a vida. Colorem a riqueza de nossas experiências. O problema são os nossos vícios. As pessoas não percebem que quando descobrem que são viciadas em emoções não é algo apenas psicológico, mas também bioquímico.

A heroína utiliza os mesmos receptores nas células que as nossas emoções usam. É fácil constatarmos que se nos viciamos em heroína, podemos nos viciar em qualquer peptídeo neural. Em qualquer emoção.

Se bombardeamos a célula com a mesma atitude emocional e química repetidamente, quando essa célula resolver se dividir, produzindo uma célula irmã ou filha, a nova célula terá mais receptores para aqueles peptídeos neurais (emocionais) em particular, e menos receptores para vitaminas, minerais, nutrientes e até para liberação de toxinas. O envelhecimento resulta em uma produção inapropriada de proteínas. Nossa pele perde elasticidade, colágeno é uma proteína. O que acontece com nossas enzimas? Passamos a não digerir muito bem. Então realmente importa o que comemos? A nutrição tem algum efeito se as células não possuírem receptores após 20 anos de abusos emocionais, elas receberão ou absorverão os nutrientes necessários para a saúde.

Pessoas "normais" que acham sua vida entediante, ou sem inspiração, são assim, pois nunca tentaram ganhar conhecimento que as inspirassem. Estão tão hipnotizadas pelos seus ambientes, pela mídia, pela televisão, por pessoas que ditam ideias e parâmetros que todos lutam para imitar, mas que ninguém consegue alcançar em termos de aparência física, definições de beleza e valor. As pessoas se rendem para essas ilusões e vivem acreditando nelas, na mediocridade. Vivendo essa ilusão suas almas podem nunca aparecer para que possam mudar.

Mas se a alma vier à tona a pessoa passa a se perguntar se existe algo além disso, ou por que estamos aqui? Qual é o propósito da vida? Para onde iremos? O que acontece quando morremos? Se começarem a fazer tais perguntas, podem começar a interagir e a flertar com a percepção de que estão tendo um colapso nervoso. Mas na verdade são os seus velhos conceitos que estão começando a desmoronar.

Estamos num novo território do cérebro reconectando-o e reconfigurando-o para um novo conceito, isso nos renova e nos transforma por completo. Se eu mudar as minhas idéias eu mudo as minhas escolhas, se eu mudo as minhas escolhas a minha vida muda. Mas por que não consigo mudar? Por causa dos meus vícios. Por que não quero perder as coisas pelas quais estou quimicamente ligado, pessoas, lugares, eventos com os quais tenho ligação química. Por que com eles eu tenho a emoção química da alegria. Daí vem o drama humano.

Criação de realidade

Se estou consciente desenhando meu destino, se do ponto de vista espiritual estou conscientemente aceitando a ideia de que nossos pensamentos podem afetar nossa realidade e assim nossa vida, pois realidade é igual a vida, então eu faço um pequeno pacto quando crio o meu dia. Eu digo: "Estou tirando esse tempo para criar o meu dia, e assim estou afetando o campo quântico. Se existem mesmo observadores me vigiando o tempo todo e se existe um aspecto espiritual em mim, então me mostrem um sinal de que prestaram atenção nas coisas que criei. E façam com que aconteçam do jeito que espero. Que eu fique surpreso com a minha habilidade de sentir essas coisas e que eu não tenha dúvidas que venham de vocês."

Temos que formular o que queremos e nos concentrar tanto nisso, temos que nos focar e ter tanta consciência disso, que perdemos a noção de quem somos. Perdemos a noção do tempo. Perdemos a noção de identidade. No momento em que estamos totalmente envolvidos nessa experiência, perdemos a noção de quem somos, a noção de tempo. Aquilo que estamos vendo é a única coisa real. Todos já tiveram essa experiência quando puseram na cabeça que queriam muito algo. Isso é a física quântica em ação, é a manifestação da realidade é o observador em pleno efeito.

Como podemos medir os efeitos? Temos que viver nossas vidas e ver os efeitos. Reparar se algo mudou. E se algo tiver mudado nos tornamos os cientistas da nossa vida. Que é a razão de estarmos aqui.

Por Dr. Joe Dispenza

Dr. Joe Dispenza é bioquímico, neurofisiologista, doutor em medicina quiroprática, pós graduado em neuroquímica, anatomia, fisiologia e genética



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