Filosofia
FE E RAZAO NA OPTICA DE SANTO AGOSTINO (S.C.Soares)
INTRODUÇÃO
Santo Agostinho, nasceu 354 dC, em Tagaste, próximo a Hipona, na província romana de Numídia. Filho de urna mulher convertida ao cristianismo, Santa Mônica, que lutou toda a sua vida para a conversão de Santo Agostinho. Seu pai era pagão, mas também sê converteu ao cristianismo antes de morrer.
Considerado o último dos pensadores da Idade Antiga fazendo a ponte para a Idade Média, Agostinho foi o mais influente pensador ocidental dos primeiros séculos da Idade Média. A ele se deu a criação de urna filosofia que, pela primeira vez, deu suporte racional ao cristianismo. Com o pensamento de Agostinho, sustentado por ideais neo-platônicos, o cristianismo ganhou substância doutrinária para orientar a educação, numa época em que a cultura helenística (baseada no pensamento grego) havia entrado em decadência e a nova religião conquistava cada vez mais seguidores, embora se fundamentasse quase que exclusivamente na fé e na difusão espontânea.
Já aos 16 anos lecionava Retórica em Roma. Aos 32 anos converteu-se ao cristianismo, combatendo incansavelmente a seita persa da qual fazia parte: os maniqueístas. Aos 33 anos, recebeu o batismo em Milão do bispo Ambrósio.
Santo Agostinho deixou corno obras mais de 400 sermões, 270 cartas (que se assemelham a tratados doutrinários) e 150 livros, 7as infelizmente, pouquíssimas obras foram traduzi das para o Português.
A PATRÍSTICA DE SANTO AGOSTINHO
À medida que a Igreja se tomava à instituição mais poderosa do Ocidente, a filosofia de Santo Agostinho definia a cultura da época. Educação e catequese, praticamente, se equivaliam. As escolas eram orientadas para a formação de membros do clero, ficando em segundo plano a transmissão dos conteúdos tradicionais.
Santo Agostinho foi importante na Filosofia, e também na Teologia e Psicologia com a frase: "O homem é uma alma racional habitando um corpo mortal?.
Pioneiro do pensamento cristão, Santo Agostinho era todo voltado a Deus, buscava a verdade, uma vez desiludido do maniqueísmo e convertido ao cristianismo, pois para ele a verdade estava contida na razão, e esta auxiliava na busca da fé.
Coloca que a razão é um auxílio para a fé, e quem criou tanto a razão, quanto à fé foi Deus (uma única fonte criadora).
Isto difere Agostinho de Platão, pois o mesmo vindo da cultura Grega não creditava em único Deus, e, sim, em "deuses", como Apolo, Zeus, Afrodite entre outros. Após a leitura do Apóstolo Paulo apreendeu o sentido da fé, da graça e também do Cristo Redentor, pois este mostrava-lhe a operação verdadeira da revolução interior.
Com a doutrina Agostiniana, finalmente, encerra-se a doutrina pagã e de toda a filosofia Helênica, e com isso, inicia-se a Idade Média, que era totalmente voltada à fé Cristã que terá o poder material e Espiritual neste período.
Entre 412 e 427, Santo Agostinho escreveu "A Cidade de Deus", um livro cuja base era a filosofia grega pagã de que a natureza humana contém parte da essência divina e parte racional e que exerceria forte influência nos tempos medievais. Nele argumentava que coisas piores haviam ocorrido em tempos pré-cristãos.
Neste livro, Agostinho mostra a oposição entre a cidade da fé e a mansão eterna e somente já em terra, conquistarão a mansão eterna os santos, pois os mesmos não terão o livre-arbítrio, porque não poderão mais sentir o fascínio do pecado.
E, a cidade terrena é justamente dos homens, daqueles que vivem segundo o homem, daqueles que tomam o homem como medida suprema. Essa cidade terrena, com o cristianismo, ela se salva.
A busca central não era a cidadania na sociedade dos homens, mas a salvação no reino de Deus.
Algumas características presentes no pensamento Agostiniano:
- Primeiro pensador cristão a atuar no campo da fé, filosofia e vida, sendo que a fé receberia clareza na razão, e esta sendo impulsionada pelo estímulo da fé;
- Presença de uma única fonte criadora Deus, ser único e perfeito (verdade absoluta);
- A problemática do mal, o mal não vem de Deus, e sim do mau uso do livre arbítrio (no caso ausência de Deus).
A filosofia Patrística e Cristã chega ao ápice na pessoa de santo Agostinho. Sua alma aflita e em luta constante em fazer com que o homem viva e haja sempre em busca de novos conhecimentos, levando o indivíduo a se conhecer e se relacionar melhor entre os seres humanos.
Santo Agostinho toma-se o primeiro dos pensadores cristãos. Porém, as lutas eternas não terminam, e Santo Agostinho combate ferrenhamente os maniqueístas e sua seita pagã, também combate os arianos, e tudo isso ainda ameaça o equilíbrio da Igreja.
Todo pensamento de santo Agostinho transita em tomo de Deus. Para ele, tudo tem relação, o homem com a natureza, homem natureza com Deus.
"Tarde Vos amei, á Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não existira se não existisse em Vós. Porém chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Cintilastes, brilhastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o suspirando por Vós. Saboreei-Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me, e comecei a andar no desejo da Vossa paz." .
(Santo Agostinho, Confissões)
BIBLIOGRAFIA
PHILOTHEUS BOEHNER - ETIENNE GILSON - História da Filosofia Cristã, 2a ed. , Editora vozes 1982.
GIOVANNI REALE - DARIO ANTISERI - História da Filosofia 2 , 2a ed., ed. Pau1us, 2005.
gentilmente cedido pela autora Sueli Soares.
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