Filosofia
Ministério da Educação - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE - CESPE - 2005
Ministério da Educação - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE - CESPE - 2005
FILOSOFIA
QUESTÃO 11 - Suponha que um jornalista econômico tenha escrito o seguinte comentário: "O ministro afirma que a economia vai bem, apesar da crise política. Mas ele não é um economista e, além do mais, tem interesse em apresentar uma imagem positiva do país aos investidores. Logo, não é verdade que a economia vai bem".
Julgue os itens abaixo, relativos ao raciocínio apresentado pelo jornalista.
I - É um exemplo de generalização apressada.
II - É um argumento inválido.
III - É uma falácia, não um argumento.
IV - É um argumento ad hominem.
V - É um exemplo de apelo à autoridade.
Estão certos apenas os itens
A - I e III.
B - II e IV.
C - II e V.
D - III e IV.
E - IV e V.
QUESTÃO 12 - A partir da premissa "é verdade que algum pássaro não voa", obtém-se, por inferência imediata, a conclusão que se segue.
"É falso que todo pássaro voe"
porque
a premissa afirma a verdade de uma proposição particular negativa, e a conclusão expressa que a respectiva contrária é falsa, o que está de acordo com as leis do quadro de oposições.
Considerando as leis do quadro de oposição entre proposições categóricas e as inferências imediatas autorizadas por esse quadro, assinale a opção correta a respeito dessas asserções.
A - As duas asserções são verdadeiras, sendo a segunda uma justificativa da primeira.
B - As duas asserções são verdadeiras, e a segunda não é justificativa da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas.
QUESTÃO 13 - Nas opções abaixo, "®" representa o condicional material (se...então...), "Ú" representa a disjunção (ou um, ou outro, ou ambos) e "Ø" representa a negação (não). Com o auxílio de tabelas veritativas, examine a seguinte fórmula: "(p ® q) Ú (Øq Ú p)" e, a seguir, assinale a opção correta.
A - A fórmula é uma contingência, e "¬q Ú p" só é falsa na 3.ª linha, de cima para baixo.
B - A fórmula é uma tautologia, e "p ÷ q" só é falsa na 2.ª linha, de cima para baixo.
C - A fórmula é uma disjunção tautológica cujos membros são ambos tautológicos.
D - A fórmula é uma contradição.
E - A fórmula é mal formada.
QUESTÃO 14 - Considerando-se que, no cálculo de predicados, as funções proposicionais não têm valor de verdade, uma função proposicional pode ser transformada em proposição por meio de
I - tradução da função proposicional em linguagem de primeira ordem.
II - substituição das variáveis livres por constantes.
III - substituição das constantes por variáveis livres.
IV - quantificação das variáveis livres.
V - eliminação dos quantificadores universais.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e III.
C - II e III.
D - II e IV.
E - III e V.
QUESTÃO 15 - Considerando-se conhecimentos de lógica e de história da filosofia, analise os itens seguintes.
(i) Todos os médicos são mortais.
(ii) Platão, autor da República, é mortal.
(iii) Platão é um médico.
É correto afirmar que o item (iii), no contexto acima, é
A - uma proposição falsa.
B - um argumento silogístico.
C - um argumento válido.
D - uma proposição inválida.
E - um sofisma.
QUESTÃO 16 - Pois o que diz Demócrito? Que existem substâncias em número infinito que se chamam átomos, porque eles não podem se dividir (...); impassíveis, que se movem dispersas aqui e ali, no vazio infinito; e quando elas se aproximam uma das outras, ou se associam e combinam, de tais associações um aparece água, o outro o fogo, o outro árvore, o outro homem (...).
Plutarco. Contra Colotes.
Leucipo de Eléia (...) aprendeu filosofia diretamente de Parmênides, mas não adotou o pensamento de Parmênides e de Xenófanes sobre as coisas existentes, e seguiu, ao contrário, parece-me, um caminho oposto. Pois - enquanto os dois faziam do todo um ser um, imóvel, não-engendrado e limitado, e concordavam em pensar que não era necessário especular sobre o não-ser -, Leucipo formulou a hipótese de que os átomos são os elementos ilimitados e sempre em movimento (...). Ele diz que a substância dos átomos (...) é o ser, e que ela se desloca no vazio, que ele chamava não-ser (...).
Simplício. Comentário sobre a física de Aristóteles.
Tendo como base a doutrina de Parmênides de Eléia e as doxografias de Plutarco e de Simplício sobre Leucipo e Demócrito, julgue os itens a seguir.
I - Para Leucipo e Demócrito, os átomos podem explicar o devir dos corpos sensíveis.
II - Os átomos devem sofrer alteração para poder explicar o devir dos corpos sensíveis.
III - Se os átomos são infinitos em número e sendo o vazio também infinito, então, segundo essa concepção, o universo é infinito.
IV - Para Parmênides, o não-ser é o vazio, é o nada.
V - Para Leucipo, o vazio também é ser.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e III.
C - II e III.
D - III e IV.
E - IV e V.
QUESTÃO 17 - Que responda esse honrado homem que não acredita que algo seja belo em si, nem exista nenhuma idéia de um belo em si, sempre idêntica a si mesma, mas que reconhece muitas coisas belas - esse amante dos espetáculos - que não aceita que lhe digam que o belo é um só, e o justo, e do mesmo modo as outras realidades. Ora, dentre estas coisas, diremos que, das muitas que são belas, acaso haverá alguma que não pareça feia? E das justas, uma que não pareça injusta? E, das santas, uma que não pareça ímpia?
- Não, é forçoso que as mesmas coisas pareçam belas e feias, tal como as outras de que falas.
Platão. República. (com adaptações).
Com base nesse texto de Platão, analise as asserções a seguir.
As coisas parecem ser o que são e o seu contrário
porque
as muitas coisas são idênticas a si mesmas.
Assinale a opção correta a respeito dessa afirmação.
A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é verdadeira.
E - As duas asserções são proposições falsas.
QUESTÃO 18 - Demos ao homem de bem e ao mau o poder de fazerem o que quiserem. Sigamo-los e vejamos aonde a paixão os vai conduzir. Vamos surpreender o homem de bem avançando na mesma estrada que o outro, conduzido pelo desejo de ter cada vez mais, desejo que qualquer natureza segue como um bem, mas que a lei constrange pela força ao respeito pela igualdade.
Platão. República.
Tendo como referência o texto acima, analise as asserções abaixo.
O homem de bem não faz o mesmo que o mau
porque
a lei constrange pela força o homem de bem a seguir a igualdade.
Acerca desse enunciado, assinale a opção correta.
A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é verdadeira.
E - As duas asserções são proposições falsas.
QUESTÃO 19 - Assim, a virtude é uma disposição para agir de uma maneira deliberada, consistindo numa mediania relativa a nós, a qual é racionalmente determinada e como a determinaria o homem prudente. Mas é uma mediania entre dois vícios, um pelo excesso, outro pela falta.
Aristóteles. Ética a Nicômaco.
Com base no trecho acima, julgue as seguintes conclusões formuladas.
I - A virtude é uma mediania.
II - A mediania é um vício entre dois vícios.
III - O homem prudente determina racionalmente a virtude.
IV - Os vícios são excessos ou faltas.
V - O homem prudente não reconhece o vício.
Estão certas apenas as conclusões
A - I, III e IV.
B - I, IV e V.
C - II, III e IV.
D - II, III e V.
E - II, IV e V.
QUESTÃO 20 - Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo.
Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.
Diógenes Laércio. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres.
Com base nesse texto, julgue as conclusões propostas nos itens a seguir.
I - Pirro foi um crítico do relativismo moral.
II - Os homens agem apenas segundo a lei e o costume.
III - Pirro não se desviava de nada, porque nada é mais isto que aquilo.
IV - Pirro levou uma vida de acordo com o arbítrio dos sentidos.
V - Pirro achava que nada existe do ponto de vista da verdade.
Estão certos apenas os itens
A - I, II e IV.
B - I, III e V.
C - I, IV e V.
D - II, III e IV.
E - II, III e V.
QUESTÃO 21 - O nosso conhecimento natural tem origem nos sentidos.
Portanto, a alma não conhece as coisas corpóreas por imagens que estão naturalmente dentro dela.
O intelecto humano, unido ao corpo, tem como objeto a eqüididade ou natureza existente na matéria corpórea e, por tais naturezas, ascende do conhecimento das coisas sensíveis a um certo conhecimento das coisas invisíveis.
Tomás de Aquino. Suma Teológica I.
Em cada uma das opções a seguir, há duas asserções ligadas pela palavra porque. Assinale a opção em que as duas asserções são verdadeiras, sendo a segunda uma justificativa correta da primeira.
A - O ser humano não conhece nada que esteja acima do alcance dos sentidos
porque
nosso conhecimento se inicia a partir dos sentidos.
B - O ser humano conhece a Deus tal como conhece uma coisa sensível
porque
nosso conhecimento abrange tanto as coisas sensíveis como as não-sensíveis.
C - O ser humano só pode ter um conhecimento imperfeito de Deus
porque
o específico de nosso conhecimento é partir das coisas sensíveis.
D - O ser humano pode conhecer todas as coisas sensíveis
porque
possuímos idéias inatas delas em nossa inteligência.
E - O conhecimento do ser humano parte das coisas sensíveis
porque
sua natureza é a de um animal racional.
QUESTÃO 22 - O nome "singular" é tomado como tudo aquilo que é um único e não muitos, e não é destinado a ser signo de muitas coisas. E, tomando "singular" assim, nenhum universal é singular, porque qualquer universal é destinado a ser signo de muitas coisas e destinado a ser predicado de muitas coisas. O universal é uma intenção da alma, destinada a ser predicado de muitas coisas. Pois todo universal, segundo todos, é predicável de muitas coisas; mas somente a intenção da alma ou o signo voluntariamente instituído é destinado a ser predicado, e não substância alguma; logo, somente a intenção da alma ou o signo voluntariamente instituído é universal.
Guilherme de Ockham. Lógica dos termos (com adaptações).
Com base no texto acima, julgue os itens seguintes.
I - O nome "singular" é uma realidade extramental, que não é signo de muitos.
II - "intenção da alma" é o desejo que alguém tem de fazer o bem ou o mal.
III - O universal só existe na mente, não nas coisas.
IV - O universal é algo que possui um certo tipo de existência nas coisas.
V - O indivíduo participa do universal, pois diz-se que Sócrates é homem e que Platão também é homem.
Estão certos apenas os itens
A - I e III.
B - I e V.
C - II e IV.
D - II e V.
E - III e IV.
QUESTÃO 23 - [Colocação da questão]: Parece que há uma insanável contradição na afirmação de que, de uma parte, Deus conhece antecipadamente todas as coisas e de que, de outra, subsiste alguma possibilidade de escolha pela nossa liberdade. De fato, se Deus (...), antecipadamente, conhece, desde a eternidade, não somente as ações humanas, mas também os desígnios e vontades, não existe, então, liberdade de decisão, porque não pode existir algum outro fato ou algum outro querer, a não ser aquele do qual a divina providência, imune a todo erro, já tenha tomado conhecimento antecipadamente. Se as coisas podem orientar-se de modo diverso do previsto, não haverá presciência segura do futuro, mas, antes, uma opinião incerta, coisa que é ímpio atribuir a Deus.
[Encaminhamento de resposta]: (...) Se é admissível um confronto entre o presente divino e o presente humano, como os humanos vêem certas coisas em seu presente temporal, assim Deus vê todas as coisas em seu presente eterno. Portanto, esse conhecimento divino não muda a natureza e as propriedades das coisas, e as vê ante si mesmo tais como um dia existirão no tempo. Ele não confunde as características distintivas das coisas, mas, com a visão de unidade de sua mente divina, distingue as que acontecerão necessariamente e as que acontecerão sem necessidade. Assim, portanto, o olhar divino, distinguindo todas as coisas, não perturba em nada a qualidade das coisas mesmas que, com relação a ele são presentes, enquanto, com relação às condições de temporalidade, são futuras.
Severino Boécio. Consolatio Philosophiae (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue os próximos itens.
I - É certo que, se Deus conhece antecipadamente o futuro, então o homem não é livre.
II - É certo que, se o homem é livre, então Deus não conhece o futuro.
III - Se as coisas pudessem acontecer de modo diferente daquele como Deus as conhece, então Ele teria opinião e não, ciência.
IV - Deus e o homem conhecem as coisas da mesma maneira e, por isso, não há presciência divina.
V - Na eternidade divina, todas as coisas são presentes, também aquelas que haverão de acontecer no tempo futuro.
Estão certos apenas os itens
A - I e III.
B - I e IV.
C - II e IV.
D - II e V.
E - III e V.
QUESTÃO 24 - Nada pode, de modo algum, manchar a alma, a não ser aquilo que procede da própria alma, isto é, o consentimento, pois só nele há maldade. Não há maldade nem no desejo que o precede nem na ação que a ele segue. (...) Deus leva em conta não as coisas que fazemos, mas o ânimo com que são feitas, e o mérito e o louvor de quem age consistem não na ação, mas na intenção.
Pedro Abelardo. Scito te ipsum (ed. M.Dal Prà) (com adaptações).
De acordo com o texto acima, julgue os itens a seguir.
I - A maldade encontra-se nas ações que são feitas.
II - A intenção é a chave de compreensão da bondade ou maldade dos atos.
III - Decidir-se a matar alguém não é maldade; o mal é matar alguém de fato.
IV - Bondade ou maldade dos atos ou omissões medem-se pela intenção, não pelo resultado.
V - Deus julga os homens não pelas ações, mas pela intenção com que elas são realizadas.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e IV.
C - II e III.
D - I, III e IV.
E - II, IV e V.
QUESTÃO 25 - A segunda via (para demonstrar a existência de Deus) procede da natureza da causa eficiente. Pois descobrimos que há certa ordem das causas eficientes nos seres sensíveis; porém, não concebemos, nem é possível que uma coisa seja causa eficiente de si própria, pois seria anterior a si mesma: o que não pode ser. Mas é impossível, nas causas eficientes, proceder-se até o infinito; pois, em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira é causa da média e esta, da última, sejam as médias muitas ou uma só. E como, removida a causa, fica removido o efeito, se, nas causas eficientes, não houver primeira, não haverá média nem última. Procedendo-se ao infinito, não haverá primeira causa eficiente, nem efeito último, nem causas eficientes médias, o que evidentemente é falso. Logo, é necessário admitir uma causa eficiente primeira, à qual todos dão o nome de Deus.
Tomás de Aquino. Suma Teológica I.
Com base no texto acima, julgue os itens que se seguem.
I - Desenvolve-se um argumento semelhante ao proposto por Santo Anselmo.
II - Articula-se um argumento cosmológico, que parte da constatação da relação causal entre os seres.
III - Nega-se qualquer possibilidade de se demonstrar a existência de Deus, porque ninguém o viu até hoje.
IV - É evidente o cunho aristotélico do argumento utilizado: partir dos dados dos sentidos, apelar para causas ordenadas.
V - Nas causas ordenadas, não se pode proceder ao infinito, devendo-se parar em uma causa primeira, que não é causada.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e IV.
C - II e III.
D - I, III e V.
E - II, IV e V.
QUESTÃO 26 - A mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias; como ela será suprida? De onde provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência.
John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano ( com adaptações).
Tendo como referência o texto acima, analise as asserções a seguir.
Para Locke,
a mente é uma tabula rasa e não contém nada inscrito antes de qualquer contato do homem com a experiência
porque
todo o material da mente é constituído exclusivamente de idéias.
Considerando as afirmativas acima, assinale a opção correta.
A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.
QUESTÃO 27 - Examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia supor que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou qualquer lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das outras coisas seguia-se mui evidente e mui certamente que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse cessado de pensar, embora tudo o mais que alguma vez imaginar fosse verdadeiro, já não teria qualquer razão de crer que eu tivesse existido, compreendi por aí que era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa material.
René Descartes. Discurso do método.
Eu ou pessoa não corresponde a nenhuma impressão, consistindo naquilo a que todas as nossas várias impressões e idéias estão supostamente referidas. Se alguma impressão der origem à idéia de eu, esta impressão deve permanecer invariavelmente a mesma, durante toda a duração de nossas vidas, uma vez que se supõe que o eu existia desta maneira. Mas não há nenhuma impressão constante e invariável. A dor e o prazer, a tristeza e a alegria, as paixões e as sensações sucedem-se umas às outras, e nunca existem todas ao mesmo tempo. Não pode ser, portanto, de nenhuma destas impressões, nem de nenhuma outra, que nossa idéia de eu é derivada e, conseqüentemente, essa idéia não existe.
David Hume. Investigação sobre o entendimento humano.
Considerando os trechos acima, assinale a opção incorreta.
A - O "eu" cartesiano independe da matéria, e sua certeza constitui-se pelo próprio pensamento.
B - A dúvida, para Descartes, deve constituir-se como puro pensamento, a qual, metodologicamente, levará ao cogito.
C - O pensamento, para Descartes, é algo que existe por si, daí ser uma substância.
D - A crítica de Hume à denominada identidade pessoal tem como base sua doutrina empirista, estendida aqui à mente.
E - Embora por caminhos diferentes, os dois autores chegam à mesma conclusão sobre a identidade do "eu".
QUESTÃO 28 - Se queremos denominar a receptividade de nossa mente a receber representações na medida em que é afetada de algum modo, de sensibilidade, a faculdade de produzir ela mesma representações, ou a espontaneidade do conhecimento é, contrariamente, o entendimento. (...) Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas.
Immanuel Kant. Crítica da Razão Pura.
A partir do texto acima, analise as asserções abaixo.
Para Kant,
pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas
porque
faz-se necessária, para que ocorra conhecimento, a síntese das intuições com os conceitos.
A propósito dessas assertivas, assinale a opção correta.
A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.
QUESTÃO 29 -Às ações de pensar que só têm a mente humana como causa chamamos de volições. A mente humana, enquanto é concebida como causa suficiente para produzir tais ações, é chamada vontade. (...) Deve-se notar que, embora a alma humana seja determinada pelas coisas exteriores para afirmar ou negar, não é determinada a ponto de ser constrangida por elas, mas permanece livre, pois nenhuma coisa tem a capacidade de destruir a essência dela.
Baruch Espinosa. Pensamentos metafísicos ( com adaptações).
Não é apenas nos fenômenos semelhantes ao seu, entre os homens e os animais, que reencontramos como essência íntima esta mesma vontade. (...) Pode-se vê-la na força que faz crescer e vegetar a planta e cristalizar o mineral; na comoção que ocorre no contato de dois metais heterogêneos (...) e até mesmo na gravidade que age com tanto poder sobre toda matéria e que atrai a pedra para a Terra assim com a Terra para o Sol.
Arthur Schopenhauer. O mundo como vontade e representação ( com adaptações).
Tendo em vista os textos acima, julgue os itens subseqüentes.
I - Os dois autores defendem uma mesma fundamentação da vontade.
II - Para Schopenhauer, a vontade pode ter um caráter irracional.
III - Mente e vontade são substâncias distintas, segundo Espinosa.
IV - A vontade é livre, segundo Espinosa.
V - A vontade é inexorável e se manifesta na Natureza, segundo Schopenhauer.
Estão certos apenas os itens
A - I, II e III.
B - I, IV e V.
C - II, III e IV.
D - II, IV e V.
E - III, IV e V.
QUESTÃO 30 - Uma vez encontrado um primeiro paradigma com o qual conceber a Natureza, já não se pode mais falar em pesquisa sem qualquer paradigma. Rejeitar um paradigma sem simultaneamente substituí-lo por outro é rejeitar a própria ciência.
O resultado final de uma seqüência de tais seleções revolucionárias, separadas por períodos de pesquisa normal, é o conjunto de instrumentos notavelmente ajustados que chamamos de conhecimento científico.
Estágios sucessivos desse processo de desenvolvimento são marcados por um aumento de articulação e especialização do saber científico. Todo esse processo pode ter ocorrido, como no caso da evolução biológica, sem o benefício de um objetivo preestabelecido, sem uma verdade científica permanentemente fixada, da qual cada estágio do desenvolvimento científico seria um exemplar mais aprimorado.
Thomas Kuhn. A Estrutura das Revoluções Científicas.
Tendo o texto acima como referência e considerando a filosofia da ciência de Thomas Kuhn, julgue os itens que se seguem.
I - Para Kuhn, os paradigmas, em grande medida, governam algum estágio das ciências.
II - Em períodos de ciência normal, a ciência pode dispensar os paradigmas.
III - Identifica-se, no segundo parágrafo, uma definição kuhniana de conhecimento científico.
IV - Kuhn sugere um modelo evolucionista para descrever a dinâmica do saber científico; isso não é incompatível com alguma noção de progresso nas ciências.
V - O modelo evolucionista adotado por Kuhn é contraditório, pois, se não há uma verdade fixada, não pode haver ciência.
Estão certos apenas os itens
A - I, II e IV.
B - I, II e V.
C - I, III e IV.
D - II, III e IV.
E - III, IV e V.
QUESTÃO 31 - Se todos os homens são, como se tem dito, livres, iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de outro sem o seu próprio consentimento. A única maneira pela qual alguém se despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitações da sociedade civil é através de acordo com outros homens para se associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida confortável, segura e pacífica uns com os outros, desfrutando com segurança de suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles que não são daquela comunidade.
J. Locke. Segundo tratado sobre o governo civil.
De acordo com o texto acima,
I - os homens são coagidos por sua natureza a se reunir em sociedade.
II - há um momento real em que os homens entram em entendimento e criam a sociedade civil.
III - a sociedade civil tem como fim a promoção de uma vida confortável e segura.
IV - a sociedade civil impõe a submissão do indivíduo ao poder do Estado.
V - em estado de natureza, os homens são considerados livres e iguais.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e IV.
C - II e III.
D - III e V.
E - IV e V.
QUESTÃO 32 - (...) "Verdadeiro e falso" é o que os homens dizem; e na linguagem os homens estão de acordo. Não é um acordo sobre as opiniões, mas sobre o modo de vida.
L. Wittgenstein. Investigações filosóficas, § 241 (com adaptações).
De acordo com o texto acima, analise as seguintes asserções.
Na linguagem, os homens estão de acordo
porque
a linguagem concerne apenas à verdade e à falsidade dos enunciados.
Acerca dessas afirmativas, assinale a opção correta.
A - As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.
QUESTÃO 33 - Ao argumentar a favor de sua Ética do Discurso, Apel e Habermas confrontam o cético moral com o que chamam uma contradição performativa. Segundo os autores, o interlocutor cético que procurar defender sua perspectiva perante os demais já estará comprometendo-se com os princípios da ética do discurso.
Com base na afirmação acima, julgue os itens subseqüentes, a respeito dos princípios da ética do discurso.
I - São pressupostos de todo e qualquer discurso.
II - Exprimem regras semânticas da linguagem.
III - Exprimem pressupostos do discurso de fundamentação racional.
IV - Tipificam uma forma de ceticismo moral.
V - Tornam possível o estabelecimento de uma situação de fala ideal.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - II e III.
C - III e IV.
D - III e V.
E - IV e V.
QUESTÃO 34 - Uma das mais famosas frases de Sartre é "estamos condenados à liberdade".
De acordo com o dito sartriano,
I - o ser humano é fruto do acaso.
II - não se pode fugir à necessidade de deliberar sobre as próprias ações.
III - não se pode agir livremente.
IV - no universo do humano está a medida das ações e da responsabilidade do homem.
V - o homem é o lobo do homem.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e III.
C - I e IV.
D - II e IV.
E - IV e V.
QUESTÃO 35 - Em sua obra filosófica, Foucault desenvolve uma genealogia das relações humanas de forma a evidenciar mecanismos de poder que permaneceram à margem da história oficial da humanidade. De acordo com essa perspectiva, o ser humano não será capaz de mudar a sociedade enquanto não puder interferir nos mecanismos de poder que atuam à margem do Estado, na microestrutura das relações sociais.
De acordo com o texto acima, analise as asserções a seguir.
Há formas de opressão que não podem ser subsumidas aos mecanismos de coerção do aparelho do Estado
porque
só há no mundo real microrrelações de poder.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A - As duas asserções são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B - As duas asserções são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C - A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D - A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E - Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições falsas.
GABARITO:
11 - B
12 - C
13 - B
14 - D
15 - A
16 - B
17 - C
18 - A
19 - A
20 - E
21 - C
22 - A
23 - E
24 - E
25 - E
26 - B
27 - E
28 - A
29 - D
30 - C
31 - D
32 - ANULADA
33 - D
34 - D
35 - C
QUESTÃO 36 - DISCURSIVA
O que Bertrand Russell afirma da matemática, em Misticismo e Lógica - "uma disciplina na qual não sabemos do que falamos, nem se o que dizemos é verdade" - seria particularmente aplicável à lógica formal.
Considerando esse ponto de vista, estabeleça a distinção entre verdade e validade e suas respectivas aplicações.
QUESTÃO 37 - DISCURSIVA
O ato, então, é o fato de uma coisa existir na realidade e não da maneira pela qual dizemos que ela existe em potência (...). Com efeito, o ato é tomado ora como movimento relativamente à potência, ora como a substância relativamente a alguma matéria.
Aristóteles, Metafísica.
Considerando a citação anterior, disserte sobre as relações entre os conceitos de ato, potência, movimento e matéria na filosofia de Aristóteles.
QUESTÃO 38 - DISCURSIVA
Quem duvida que vive, recorda, compreende, quer, pensa, sabe e julga? Pois, se duvida, vive; se duvida de onde vem sua dúvida, recorda; se duvida, compreende que está duvidando; se duvida, quer estar certo; se duvida, pensa; se duvida, sabe que não sabe; se duvida, julga que não convém consentir temerariamente. E embora se possa duvidar de muitas coisas, dessas não se pode duvidar, porque, se não existissem, de nada se poderia duvidar.
Santo Agostinho. Tratado sobre a Trindade.
Relacione esse texto de Agostinho com a afirmação dos céticos de seu tempo, os quais diziam que nós não temos certeza de coisa alguma.
QUESTÃO 39 - DISCURSIVA
Uma ação praticada por dever tem o seu valor moral, não no propósito que com ela se quer atingir, mas na máxima que a determina; ela não depende, portanto, da realidade do objeto da ação, mas somente do princípio do querer segundo o qual a ação, abstraindo-se de todos os objetos da faculdade de desejar, foi praticada.
I. Kant. Fundamentação da Metafísica dos Costumes (com adaptações).
Com base no fragmento de texto acima, analise as relações entre vontade, liberdade e agir moral em Kant.
QUESTÃO 40 - DISCURSIVA
"Caracterizamos a concepção científica do mundo essencialmente mediante duas determinações. Em primeiro lugar, ela é empirista e positivista: há apenas conhecimento empírico, baseado no imediatamente dado. Com isso se delimita o conteúdo da ciência legítima. Em segundo lugar, a concepção científica do mundo se caracteriza pela aplicação de um método determinado, o da análise lógica. (...) Todos os partidários da concepção científica do mundo estão de acordo na recusa à metafísica. (...) Os enunciados da metafísica (...) são destituídos de sentido, porque não verificáveis e sem conteúdo fático".
Hans Hahn, Otto Neurath e Rudolf Carnap. A concepção científica do mundo - O Círculo de Viena.
"Não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo através de recurso de provas empíricas, em sentido negativo: deve ser possível refutar, pela experiência, um sistema científico empírico".
Karl Popper. A lógica da pesquisa científica.
Com base nos textos acima, na filosofia do empirismo lógico - particularmente de Rudolf Carnap - e na filosofia da ciência de Karl Popper, comente sobre as relações entre metafísica e ciência, nos dois autores.
PADRÃO DE RESPOSTAS - QUESTÕES DISCURSIVAS
QUESTÃO - 36
Esperava-se que o estudante estabelecesse a distinção entre verdade e validade e descrevesse suas respectivas aplicações.
Para a análise da questão, houve a divisão em três itens, pontuados separadamente.
Item 1: esperava-se que o estudante conceituasse verdade e validade. Valor atribuído ao item: de 0,00 a 4,00 pontos.
Resposta esperada: verdade se aplica a proposições, validade a argumentos.
Nesse item, existem três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e foi concedida pontuação 2 àqueles que abordaram completamente o tema.
Item 2: esperava-se que o estudante falasse acerca das proposições: verdade e falsidade. Valor atribuído ao item: de 0,00 a 4,00 pontos.
Resposta esperada: proposições afirmam que algo é ou não o caso e é isso que as torna, respectivamente, verdadeiras ou falsas. A Lógica não se ocupa em descobrir, ou justificar, a verdade ou a falsidade das proposições.
Nesse item, existem três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e a pontuação 2 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Item 3: esperava-se que o estudante abordasse os seguintes temas: lógica, argumentos, Russell e a Matemática. Valor atribuído ao item: de 0,00 a 2,00 pontos.
Resposta esperada: para a Lógica, o que interessa é o exame dos argumentos válidos. Os argumentos são válidos por sua forma, não pelo seu conteúdo. Um argumento composto inteiramente de proposições falsas pode ser válido; conversamente, pode ser inválido um argumento cujas proposições componentes são todas verdadeiras. O que ela assegura é que, se partirmos de premissas verdadeiras e procedermos mediante um argumento dedutivamente válido, a conclusão também será verdadeira. No que se refere ao pensamento de Russell, este considera a Matemática como uma derivação da Lógica. Desse modo, o que vale para a Matemática, vale para a Lógica. Decorre daí que tanto a Lógica quanto a Matemática podem ter um caráter tautológico.
Nesse item, existem três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e a pontuação 2 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
QUESTÃO - 37
Esperava-se que o estudante dissertasse sobre as relações entre os conceitos de ato, potência, movimento e matéria na filosofia de Aristóteles.
Para a análise da questão, houve a divisão em três itens, pontuados separadamente.
Item 1: descrever ato e potência; valor atribuído ao item: de 0,00 a 4,00 pontos.
Item 2: descrever concepção aristotélica de movimento; valor atribuído ao item: de 0,00 a 4,00 pontos.
Item 3: dissertar acerca de matéria e substância; valor atribuído ao item: de 0,00 a 2,00 pontos.
Os critérios de atribuição de pontos seguem o que foi descrito na questão anterior.
Resposta esperada para a questão:
Aristóteles dá sua definição de "ato" - o que é sob certos aspectos (não se esquecer que o ser se diz de várias maneiras) -, tendo em vista sobretudo o movimento, ou seja, a passagem da potência ao ato define o movimento. Segundo o Estagirita, algo em ato se move para um outro algo também em ato (como a semente se transforma em árvore). A noção de ato serve também para qualificar as propriedades de um certo objeto e falar da existência de algo num certo momento. A matéria é o substrato no qual ocorre a mudança de propriedades. O conceito de ato possibilita, por um lado, justificar a permanência e, por outro lado, explicar (e justificar) a alteração das propriedades. O conceito de ato também será útil para definir um dos atributos de Deus, primeiro movente: ato puro, sem matéria, porque imóvel, e também o movimento do Céu, primeiro móvel. Com a definição de ato, Aristóteles admite uma realidade (mesmo que transitória) para o sensível, ausente em Platão. Com o binômio ato-potência, Aristóteles visa justificar a natureza das substâncias sensíveis. Finalmente, no ato como determinação da substância, Aristóteles aponta as diversas acepções da substância e, na substância considerada como sujeito, Aristóteles considera os seguintes sentidos: matéria, forma e sínolon - o composto de matéria e forma.
QUESTÃO - 38
Nessa questão os estudantes deveriam relacionar o texto de Santo Agostinho "Tratado sobre a Trindade" com a afirmação dos céticos de seu tempo, os quais diziam que nós não temos certeza de coisa alguma.
Para a análise da questão, houve a divisão em três itens, pontuados separadamente.
Item 1: relacionar o texto ao ceticismo na época de Agostinho; valor atribuído ao item: de 0,00 a 3,00 pontos.
Nesse item, existem três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e a pontuação 2 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Item 2: dissertar acerca da crítica de Agostinho; valor atribuído ao item: de 0,00 a 6,00 pontos.
Nesse item, existem quatro níveis de pontuação (0, 1, 2 e 3), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira superficial e incompleta o tema; a pontuação 2 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira satisfatória o tema e a pontuação 3 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Item 3: estabelecer a relação do texto com o pensamento de Descartes; valor atribuído ao item: de 0,00 a 1,00 ponto.
Nesse item, existem três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e a pontuação 2 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Resposta esperada: numa formulação radical, o ceticismo afirmava que o filósofo devia duvidar de tudo, abstendo-se, portanto, de todo o juízo que categoricamente afirmasse ou negasse algo. Agostinho procurou mostrar que tal posição era insustentável, pois aquele que duvida tem ao menos uma certeza, isto é, não pode duvidar que existe, que vive e que pensa. A dúvida, portanto, só pode ser erigida sobre alguma certeza, não existindo a dúvida absoluta, que se sustente por si mesma. É possível identificar uma aproximação do pensamento de Descartes no argumento agostiniano.
QUESTÃO - 39
Atendendo ao comando da questão, esperava-se que os estudantes analisassem as relações entre vontade, liberdade e agir moral em Kant.
Para a análise da questão, houve a divisão em três itens, pontuados separadamente.
Item 1: o problema da vontade; valor atribuído ao item: de 0,00 a 4,00 pontos.
Item 2: o imperativo categórico; valor atribuído ao item: de 0,00 a 2,00 pontos.
Item 3: agir moral e liberdade; valor atribuído ao item: de 0,00 a 4,00 pontos.
Para cada item acima descrito existem três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e a pontuação 2 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Resposta esperada: a ação moral é aquela determinada por uma vontade livre, ou seja, por uma vontade capaz de abstrair de todos os móbiles sensíveis. Quando abstraímos de todo o conteúdo das regras ou máximas de determinação do agir, só nos restará agir de acordo com o princípio meramente formal de determinação da vontade. Quando temos consciência de sermos capazes de determinar livremente nossas ações, devemos, então, ser igualmente capazes de justificá-las. Justificamos uma ação ou a máxima que a determina quando somos capazes de mostrar que esta pode ser aceita por todo e qualquer agente; nesse sentido, que pode ser tomada como um princípio universal. A este princípio Kant chamará imperativo categórico. Agir de acordo com o imperativo categórico, por conseguinte, agir moralmente, é expressar uma vontade livre ou, simplesmente, a consciência de nossa própria liberdade. Ao buscar uma fundamentação para a moral, Kant enfatiza o agir por dever, em contraposição ao agir conforme o dever.
QUESTÃO - 40
Nessa questão os estudantes deveriam, com base nos textos motivadores, na filosofia de empirismo lógico - particularmente de Rudolf Carnap - e na filosofia da ciência de Karl Popper, comentar sobre as relações entre metafísica e ciência, nos dois autores
Para a análise da questão, houve a divisão em dois itens, subdivididos em "a" e "b", pontuados separadamente.
Item 1a: comentário acerca de linguagem e metafísica, segundo o Círculo de Viena; valor atribuído ao item: de 0,00 a 3,00 pontos, com quatro níveis de pontuação (0, 1, 2 e 3), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira superficial e incompleta o tema; a pontuação 2 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira satisfatória o tema e a pontuação 3 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Item 1b: comentário acerca de lógica e ciências empíricas, segundo o Círculo de Viena; valor atribuído ao item: de 0,00 a 2,00 pontos, com três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e a pontuação 2 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Item 2a: comentário acerca de linguagem e metafísica, segundo Popper; valor atribuído ao item: de 0,00 a 2,00 pontos, com três níveis de pontuação (0, 1 e 2), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira incompleta o tema e a pontuação 2 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
Item 2b: comentário acerca de lógica e falseabilidade, segundo Popper; valor atribuído ao item: de 0,00 a 3,00 pontos, com quatro níveis de pontuação (0, 1, 2 e 3), distribuídos da seguinte forma: a pontuação 0 corresponde aos estudantes que não apresentaram nenhuma evidência de domínio do tema descrito; a pontuação 1 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira superficial e incompleta o tema; a pontuação 2 foi atribuída aos estudantes que abordaram de maneira satisfatória o tema e a pontuação 3 foi concedida àqueles que abordaram completamente o tema.
. Resposta esperada: para o Círculo de Viena - incluindo Rudolf Carnap -, os pseudo-enunciados da metafísica não são verdadeiros nem falsos: são simplesmente sem significado. Carnap enfatiza que esses pseudo-enunciados são má gramática, ou agramáticais. Não dizem nada, são incapazes de expressar estados de coisas. Não comunicam conhecimento; na melhor das hipóteses, expressam algo como um sentimento perante a vida. Os membros do Círculo de Viena negam a existência de juízos sintéticos a priori e defendem a existência apenas de juízos sintéticos a posteriori e de juízos analíticos. Os sintéticos a posteriori referem-se à ciência
empírica e os analíticos à matemática. A análise lógica é o instrumento para análise de sentenças, realizando assim a separação desses dois tipos de juízos, sendo que os juízos sintéticos admitem um processo de verificação (Carnap em sua fase inicial concordava com essa formulação). Diferentemente de Carnap, Popper não aceita que as frases da metafísica não tenham significado; elas apenas não possuem referência empírica; não são científicas, mas podem ser úteis para a ciência, na medida em que possibilitem conjecturas; estas, se forem científicas, deverão obedecer ao critério de falseabilidade. O papel da filosofia é o de propor a lógica da pesquisa; segundo a concepção popperiana, as proposições científicas devem, necessariamente, enfrentar o tribunal do modus tollens. O texto de Popper apresenta exatamente o critério referido anteriormente, o que permite estabelecer a diferença entre ciência e metafísica. Nesse sentido, segundo Popper, não é a verificação o critério que importa às ciências empíricas - embora o teste empírico seja imprescindível e possa mostrar a "força" de uma teoria - mas a falseabilidade enquanto possibilidade lógica.
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