?Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar. Não ler e jogar fora, mas, sim, morar, como morei no Robinson (Crusoé).?
O comentário é de Monteiro Lobato em carta escrita a um amigo. E, de fato, ele criou um lugar especial chamado Sítio do Picapau Amarelo, onde encontramos uma boneca de pano travessa e tagarela chamada Emília, um sabugo erudito que é visconde, uma bruxa que é cuca, uma menina amável, um menino destemido e uma avó sabichona contadora de histórias com vocabulário acessível ao universo infantil. Nesse lugar mágico, atemporal, muitas crianças já ?moraram? e muitas outras irão ?morar? um dia!
Lembrar Monteiro Lobato é oportuno no momento em que Zero Hora lança no seu caderno Meu Filho a série ?Frannie aprende uma lição?, criada pela Associação Mundial de Jornais. Visando aproximar pais e filhos e incentivar a leitura, a série trará capítulos semanais acompanhados de um guia de atividades didáticas ? entre elas atividades que utilizam o jornal como objeto de pesquisa e que por si só estimulam o hábito da leitura ? e outras que proporcionam a discussão sobre valores.
Todas as crianças ficam encantadas ao ouvir uma boa história! Seja contada pelos pais ou pela professora (que deve gostar de ler, já que quem não gosta de ler dificilmente ensina alguém a gostar de ler). E bons livros, boa literatura, devem estar ao alcance das mãos, não apenas em estantes ou em uma grande e bela biblioteca.
O ato da leitura é por si só um grande estímulo à criatividade, imaginação, inteligência e a capacidade verbal e de concentração. Assim, os livros devem estar presentes no dia a dia das crianças, do mesmo modo que os brinquedos e os jogos, pois permitem um mergulho no universo de aventuras, histórias e riquíssimas informações. A leitura é, sem dúvida, uma grande janela para a formação em todos os sentidos.
O ambiente de familiaridade que se desenvolve nas crianças quando compartilham histórias com adultos que se preocupam com elas é o melhor presente que os pais e as pessoas envolvidas em seu processo educativo podem oferecer, já que os questionamentos e as trocas proporcionados por esses cúmplices momentos permitem a descoberta dos prazeres da leitura. O momento da leitura em voz alta conduz as crianças a um mundo à parte, delicioso, gostoso e excelente e se constitui em uma aventura compartilhada do saber, conhecer e descobrir.
A escritora Ana Maria Machado destaca que ?(...) ninguém resiste à tentação de saber o que se esconde dentro de algo fechado ? seja a sabedoria do bem e do mal no fruto proibido, seja na caixa de Pandora, seja no quarto do Barba Azul. Mas, para isso, é preciso saber que existe algo lá dentro. Se ninguém jamais comenta sobre as maravilhas encerradas, a possível abertura deixa de ser uma porta ou uma tampa e o possível tesouro fica sendo apenas um bloco compacto ou uma barreira intransponível?.
Cabe aos educadores e pais o convite às nossas crianças para abrir a primeira página e entrar nesse mundo fantástico repleto de encantamentos!