Provocação
Você ensina Língua Portuguesa ou Práticas de Linguagem?
Se você estiver alinhado com as atuais concepções de linguagem, deve ensinar os alunos a pôr em prática a linguagem, formando cidadãos leitores e escritores de uma cultura em que a escrita é predominante. Com base nas pesquisas desenvolvidas pelo filósofo russo, Mikhail Bakhtin, essas concepções têm como peças-chave a relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de comunicação, os gêneros, a intenção de quem o produz e a interpretação de quem o recebe. Portanto, mais do que ensinar os elementos e as normas que compõem a Língua Portuguesa, precisamos ensinar as Práticas de Linguagem que vivenciamos em nossa língua materna. ?O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam ?decifrar? o sistema de escrita?, resume a educadora argentina, Délia Lerner.
Ponto de partida
Concepções de linguagem alteram o que e como ensinar
Mikhail Bakhtin - O filósofo do diálogo
Palavra de especialista
A interação por meio da linguagem (por Cláudio Bazzoni, em vídeo)
Cronologia
Da Reforma Pombalina à publicação dos PCNs
Caso real: o que mudou ao longo de 24 anos de carreira
Expectativas de aprendizagem
O que os alunos devem saber ao final do 5º e do 9º anos
Mitos
Três equívocos sobre produção de textos
Na dúvida?
Qual a diferença entre língua, idioma e dialeto?
Provocação
Não, ainda. A escrita é uma prática social e o professor que pretende ensinar a escrever deve ter como referência fundamental os conteúdos envolvidos nas práticas sociais da leitura e da escrita. Isso não se faz verbalmente, como no exemplo acima. É preciso desenvolver os chamados comportamentos leitores e escritores, algo que se conquista por meio da familiarização com os textos em situação de leitura e com a prática da escrita de diferentes gêneros.
Ponto de partida
O que são comportamentos leitores e escritores
Fala, Delia Lerner!
Vídeo - O papel da escrita na formação do leitor
É preciso dar sentido à escrita e à leitura na escola
Resenha - Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário
Fala, Roger Chartier!
Os significados sociais dados aos textos pelo autor e pelo leitor
Fala, Bernard Schneuwly!
O ensino por meio dos gêneros deve ser feito com profundidade
Fala, José Saramago!
A língua é uma ferramenta de comunicação e cabe à escola ensinar a usá-la
Fala, Ruth Rocha!
O primeiro passo é descobrir se a criança realmente entende o que anda lendo
Leia também
Revisão vai além da ortografia
?Pode ler. Eu já li e gostei"
Bons leitores são bons alunos em qualquer disciplina
Variar textos: a melhor receita para formar leitores
Compreender, eis a questão!
Textos com estilo
Provocação
Seus alunos estão estudando sobre a Índia, nas aulas de História. Você decide pedir a eles que, em grupos, produzam gibis sobre o tema. É uma boa estratégia?
Não. Trata-se de um caso típico (e muito comum) de uma atividade que provoca a transformação do gênero. Em História, vale dedicar muito mais esforços à produção de textos típicos do contexto de estudos, como os resumos ou texto informativo, pelo qual se comunica o conteúdo. Para esses gêneros serem produzidos, o trabalho deve ser precedido de atividades de pesquisa como ler textos sobre o tema, sublinhar, resumir trechos, anotar.
Gibis, por sua vez, têm por princípio a função de entreter, não a de informar. O trabalho de construção de personagens de gibis, por exemplo, demandaria um espforço não compatível com as expectativas sobre o conteúdo em questão (História da Índia).
Como resultado, os alunos perdem tempo se preocupando com a elaboração de textos e imagens que não vão provocar entretenimento e perdem a chance de aprender a escrever textos informativos e comunicar o que aprenderam sobre a Índia. Esse exemplo hipotético ilustra bem o fato de que, quando se produz um texto, é preciso garantir as respostas a três condições didáticas: O que será escrito (ou qual o conteúdo e o gênero do texto)? Para quê (ou qual é sua função comunicativa)? Para quem (o destinatário)?
Palavra de especialista
É preciso garantir as condições didáticas da produção textual (por Cláudio Bazzoni, em vídeo)
Leia também
Escrever de verdade
O que e para que(m)
Gêneros, como usar
?Alô , turma de EJA"
Portfólio
Um conto, uma fábula e um editorial escritos por alunos
Na dúvida?
Gibis podem ser usados em sala de aula? Como?
Provocação
Por que o projeto didático é uma boa modalidade para ensinar a produzir textos?
Para atender às condições didáticas da produção de texto, o projeto é uma modalidade estratégica porque tem como resultado um produto final, com finalidade comunicativa definida e que pode ser lido por destinatários reais.
Segundo Delia Lerner, essa modalidade organizativa torna ?possível criar no aluno um projeto próprio e permite mobilizar o desejo de aprender de forma independente do desejo do professor?. Isso não significa abandonar as atividades permanentes e as sequências didáticas de escrita focadas em conteúdos específicos. Cada objetivo requer uma modalidade diferente e a combinação de diferentes modalidades contribui para enriquecer o trabalho.
Palavra de especialista
Quando usar cada modalidade organizativa? (por Delia Lerner)
Leia também
O mundo em revista
Jornal na sala de aula - leitura e assunto novo todo dia
Blog: diário (de aprendizagem) na rede
Podcasts sobre Ariano Suassuna: casamento proveitoso
Projetos didáticos
Biografias e autobiografias
Mural de animais em extinção
Solte os bichos e faça um livro
Cão e companhia - enciclopédia de verbetes
Resenha Crítica, gênero textual da esfera jornalística
Literatura e podcast - Com poesia a imaginação voa e a escrita melhora
Atividades permanentes
Leitura com textos jornalísticos
Análise de Conto de Escola
Sequências didáticas
Do oral para o escrito
Almanaque da classe
Plano de aula
Outdoor: convencer em poucas palavras
Propostas curriculares
Secretaria de Educação de Nova Lima (MG)
Escola Projeto Vida (SP)
Provocação
A reescrita inibe a criatividade do aluno?
Não. Ao reescrever a versão pessoal de uma história conhecida ou com alterações solicitadas pelo professor, como a mudança de cenário, de tempo ou de narrador, o aluno pode realizar um grande esforço criativo para conseguir reconstruir a mesma história e não perder a coerência. Esse processo, baseado em diferentes maneiras de reescrever um texto-fonte, é parte integrante do percurso de autoria, que pode ser construída com muita prática e reflexão.
Ponto de partida
Ser autor exige pensar no enredo e na estrutura
A reescrita
Palavra de especialista
A reescrita no percurso de autoria (por Débora Rana, em vídeo)
Como ler para escrever bons textos? (por Débora Rana, em vídeo)
Atividade de reescrita coletiva com alunos de uma 3ª série (por Bia Gouveia, em vídeo)
Reportagens
Como reescrever um texto mudando o narrador
Contos 2.0
Projetos didáticos
Reescrita com personagem-narrador
A caminho da autoria
O Velho Chico dá assunto para muita escrita e leitura
Reescrevendo histórias
A produção de textos literários
Reportagem
Ler para escrever
Sequências didáticas
Leitura para refletir sobre a escrita
Comparando diferentes versões de Pinóquio
Atividades permanentes
Contos sem mistério algum
Os poetas e o fazer poético
O que cabe na lata do poeta?
A produção de textos informativos em contexto de estudos
Palavra de especialista
Delia Lerner: ler e escrever em contexto de estudo
Reportagem
Raio X da notícia
Atividade permanente
Leitura de textos informativos
Leitura de textos informativos (em vídeo)
Sequência didática
Leitura e escrita de textos informativos
Vasculhando a rede
Provocação
Ao trabalhar com diferentes gêneros, você não precisa mais ensinar conteúdos como a gramática e a ortografia, focando apenas os aspectos discursivos do texto, que afetam diretamente seu sentido. Verdadeiro ou falso?
Falso. Tanto quanto a pontuação, a gramática e a ortografia também interferem na compreensão de um texto. A questão está em como trabalhar esses conteúdos. Decorar regras e mais regras não vai servir para desenvolver os comportamentos escritores. Por outro lado, ao estudar as normas gramaticais e ortográficas de maneira contextualizada e integrada à produção de seus textos, o aluno tem mais chances de compreender que o uso inadequado de certas estruturas vai comprometer o sentido da sua mensagem.
Ponto de partida
Os problemas ortográficos mais comuns do 3º ao 5º ano e as propostas para resolvê-los
Palavra de especialista
Delia Lerner aborda a reflexão sobre a linguagem (em vídeo)
Célia Diaz Argüero fala sobre pontuação na alfabetização inicial
A revisão
Reportagens
A chave para o bom texto: revisão
O uso de recursos da informática nas aulas de Língua Portuguesa
A pontuação
Reportagem
Pontuar? Depende do gênero, do leitor...
Plano de aula
Aprendendo a fazer uso da pontuação
Atividade permanente
Revisão de textos com foco em pontuação
A gramática
Reportagem
Gramática sem decoreba
Atividade permanente
Os porquês do porquinho
Plano de aula
Estudando a paragrafação de verbetes enciclopédicos
Jogo online
As regras de utilização do hífen
Na dúvida?
Por que há substantivos que servem tanto para o gênero masculino como para o feminino?
Qual é a diferença entre a norma gramatical, a padrão e a culta?
A ortografia
Manual da Nova Ortografia
Reportagens
As duas faces da ortografia: regularidades e irregularidades
De olho na ortografia
É hora de escrever certo
Plano de aula
Trabalhando uma questão ortográfica com ditado interativo
Na dúvida?
As letras K, W e Y são consideradas consoantes ou vogais?
Qual a utilidade do dicionário?
Como colocar em ordem alfabética as palavras com cedilha?
Provocação
O texto final é o único elemento que deve ser avaliado para compor a nota do aluno?
Não, ele não é o único nem o mais importante. Você deve avaliar os avanços da aprendizagem dos alunos em diferentes momentos, utilizando variados instrumentos. De modo geral, é preciso partir de um diagnóstico inicial para eleger os conteúdos prioritários, considerando sempre a heterogeneidade da turma, e estabelecer objetivos de aprendizagem. Ao longo do trabalho, a observação atenta do desenvolvimento de cada aluno é a maneira mais recomendada para avaliar o percurso. Finalmente, a avaliação final deve recuperar os objetivos e o diagnóstico inicial, comparando os diversos momentos de cada aluno. É igualmente importante você se auto-avaliar, questionando o tempo todo se as estratégias de trabalho estão sendo eficazes para desenvolver nos alunos os comportamentos escritores esperados.
Ponto de partida
O que cada um sabe
Palavra de especialista
A necessidade e os bons usos da avaliação (por Telma Weisz)
Como fazer um bom diagnóstico em escrita (por Cláudio Bazzoni, em vídeo)
Planos de aula
Diagnóstico Inicial
Investigando o comportamento leitor
Provocação
Se os alunos ainda não dominam completamente a escrita alfabética, não é possível trabalhar a produção de textos. Certo?
Errado. O conhecimento do sistema alfabético não é um pré-requisito para a elaboração de um texto. Definir o conteúdo que será escrito, adequá-lo a um propósito comunicativo e organizar as ideias são comportamentos escritores que não dependem da representação gráfica das palavras e que as crianças devem praticar desde a pré-escola. Uma das maneiras de trabalhar esses conteúdos é o ditado que os alunos fazem para o professor, o que torna possível às crianças se perceberem capazes de escrever antes de estar alfabetizadas.
Ponto de partida Palavra de especialista
Com significado, desde o começo (por Delia Lerner)
Aquisão do código e compreensão do texto, ao mesmo tempo (por Ana Teberosky)
É preciso conhecer as características da linguagem escrita (Telma Weiz)
Projetos didáticos
Criar agendas telefônicas
Livro de parlendas preferidas
Reescrita de histórias conhecidas
Indicação literária
Texto informativo sobre filhotes
Legendas para fotos
Atividades permanentes
Escrever para aprender (em vídeo)
Ditado para escriba (em vídeo)
Leitura de textos informativos (em vídeo)
Interação com a linguagem escrita
Sequências didáticas
''Eu já sei ler gibi!''
Galeria de personagens
Provocação
Na sua sala de aula está Mariana, uma aluna com deficiência auditiva. Enquanto a turma trabalha no projeto didático de produção de um livro de receitas, você elabora diferentes sequências didáticas exclusivas para Mariana, com exercícios de palavras-cruzadas e aulas retiradas de livros didáticos. Você está incluindo a aluna em um processo de aprendizagem?
Não. Segundo Maria Teresa Eglér Mantoan, da Faculadade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), incluir não significa diferenciar uma atividade para os que têm deficiência, mas aceitar e autorizar que cada um percorra seu caminho específico para resolver o mesmo problema que a turma toda vai solucionar. Uma criança com deficiência auditiva é capaz de aprender a produzir textos, desde que algumas flexibilizações sejam feitas nos conteúdos, no tempo das atividades, nos recursos utilizados ou até no espaço da sala de aula.
Palavra de especialista
A inclusão nas atividades de produção de texto (por Daniela Alonso, em vídeo)
Reportagem
Como Matheus controlou o tamanho da letra
Flexibilização
O melhor espaço no momento da roda
Recursos a favor do surdo-cego
Mais tempo e repetições para quem tem Síndrome de Down
Sequência didática
Saberes e sabores
Plano de aula
Agenda telefônica