Sei que tenho o diabo no corpo e confirmo que não sou nenhuma santinha quando tenho pensamentos como aquele(s) que te vou descrever agora.
Dizem que as mulheres são curiosas. Sinceramente, prefiro não sofrer a meter-me na boca do lobo, vendo o que não quero ver, lendo o que o meu coração não pode aguentar e revivendo coisas que podem matar-me sem instrumento algum.
Há muitos anos atrás gostei de alguém. Nem posso dizer que seja gostar, acho que aquilo era uma obsessão. Uma obsessão misturada com uma dependência afectiva que eu tinha por qualquer badameco do sexo masculino que me desse dois dedos de conversa (coisas tristes, mas digo-me que é por conta da idade).
Os anos passaram, eu vivi a minha vida e ele a dele. E deu-me para querer saber o que é feito daquela pessoa. Visto que enviar um mail e perguntar (argh) "então, novidades?" estava completamente fora de questão.
Fiz uma procura na internet com o nome e tal (coisa básica hoje em dia, em vez de enviar um mail, you just google the damn person) e vi-o. Vi o que ele é nos dias de hoje. Tornou-se numa espécie de boneco gordo e desleixado. Daquele tipo de homem, que se eu cruzasse, eu nem olharia para trás, não daria um sorriso, não aceitaria sequer dançar com ele na discoteca. Acho que o diabo em mim sorriu. Senti-me bem. Senti que não perdi nada com a rejeição dele. Na volta seria feliz com ele hoje, quem sabe, mas teria uma triste vidinha que nada tem a ver com o que tenho e almejo hoje.
A santinha que vive em mim - visto que sou uma balança libriana vivo com os dois lados - pensou que a aparência não é tudo. Na volta ele tem bom coração. Mas há anos atrás, ele não teve bom coração. Mentiu-me, iludiu-me, dizia-me - ou fazia-me entender - que eu até era gordinha com um certo desprezo. Depois desapareceu deixando-me na mão. Cheia de ilusões. Bem feita para mim. Mas mesmo assim. Ele tornou-se feio aos meus olhos e isso apenas apareceu exteriormente hoje.
Hoje, meu grande... "menino", o gordo és tu. Os quilos que perdi desde aquele tempo parece que encontraram novo dono. E algo em mim sorriu quando cliquei na cruz para fechar a página que alguma vez foste na minha vida. Se é que foste uma página. Foste tal aquela coluna de jornal que se rasga para servir castanhas. Thank God you didn't pick me. Amén.