The Girl Who Weighed The Tenth of a Ton
Filosofia

The Girl Who Weighed The Tenth of a Ton


Querida Sofia,
Tenho oscilado entre os 85 e 87 quilos nas últimas semanas, mas é mais ou menos o meu peso desde que cheguei a Luanda. Estive todo 2012 com 88-89 e em Setembro 2013 tinha atingido os 93. Nunca fui além dos 93, mas estava lá. Desde Setembro vivi algumas situações de stress, e adicionando algumas alterações na minha vida em Janeiro, fizeram com perdesse que 7-8 quilos de maneira quase brusca. Não é orgulho para ninguém no mundo, sobretudo para uma mulher, dizer que tem perto de 100 quilos. Sobretudo que baseei grande parte deste blog – e doutro – a falar sobre uma grande perda de peso do meu passado (lembras-te que já tive 69 quilos e um arzinho de doente?). Infelizmente, nunca tive muita estrutura para manter as minhas perdas de peso por muito tempo, sou muito gulosa e refugio-me bastante em comidas que me incham como uma baleia.
Depois de vinte e cinco anos a lidar diariamente com franceses, foi ao chegar a Angola que me dei conta do quanto eu tinha uma visão também um tanto quanto deturpada do meu corpo. Quando eu tinha 12 anos, e já tinha 1,76cm (entretanto, cresci mais 3, para que conste, porque a minha altura + ser ulótrica, é tudo para mim), fui à visita médica da escola e pesada 59 quilos. As minhas colegas, brancas, sem formas e bem mais pequenas, pesavam perto de 40-45 quilos. A médica, francesa e branca, disse-me que eu estava acima do peso. Sim, se me comparasse com as outras colegas caucasianas, eu tinha perto de 20 quilos a mais. Mas para a minha altura? Para a minha etnicidade? Para as curvas que eu já tinha na época (não tinha peito, mas o resto, senhor, não há Khloé Kardashians suficientes no mundo…) eu tinha um corpo perfeito. Mas foi o início do fim. O início de um desamor tremendo por mim, uma procura de um peso que nunca poderia atingir, na busca de uma pessoa que eu nunca seria. No fundo, já tínhamos falado sobre o assunto aqui: Sou uma Jennifer Lopez num mundo de Victoria Beckhams.
Pouco importa o país, a etnicidade, a cultura, eu estou hoje acima do peso. Sim, poderia perder mais uns 5 quilos e estaria dentro de um índice dito normal. Mas juro por tudo quanto é mais real na minha vida: nunca me senti tão bem comigo mesma. Gosto do que vejo ao espelho. Gosto de mim, assim mesmo como eu sou. Se não fosse o caso, não poderia fazer uma rúbrica na qual exponho semanalmente, além do meu guarda-roupa, a minha (falta de) condição física. Se posso melhorar? Posso. Tirar alguma gordura das coxas, ter os braços mais tonificados (Michelle querida, já tenho o teu vestido, agora só faltam as tuas guns!), não ter duplo queixo… seria o máximo.
Mas se me disserem hoje: “Elite, nunca mais vais emagrecer nem engordar, vais ter 85 quilos até o final dos teus dias”. Sabem que mais? Estou confortável com essa ideia e acho que vou envelhecer muito bem. Porque com a minha personalidade e tudo o que quero conquistar nesta vida, vou precisar de todo o meu peso para aguentar tudo o que vem por aí. E vou conseguir isso com a pessoa que mais amo nesta vida.
Eu própria.

Dear Sophie,
I weigh nearly 85-87 kilos right now. This has been, more or less my weight since I arrived in Angola. I spent 2012 weighing 88-89 kilograms and reached 93 kilos in September 2013. I have never weighed more than 93 kilos in my life, but I reached it still. In September, due to a few stressful situations, and my life changing in January adding up, I lost 7-8 kilos. It is not a reason to feel pride and scream all our joy to the world, even more for a woman, to say that one weighs close to 100 kilos. Also, as you know, I based much of this blog – and another one – to my huge weight loss in the past (remember when I weighed 69 kilos and even looked a bit sick?). Unfortunately, I never had the emotional support and structure to keep my weight losses for a long period of time. And, let’s be honest: I love eating and food has always been my go-to companion when I am feeling down.
After nearly 25 years dealing with French people, it was only once I arrived in Angola that I realised I had an extremely poor self-image. And the wrong one, must I gather. When I was 12 years old, and already was 176cm tall (I grew 3 cm more in the meantime. It’s important to mention as my height and my black hair are the two most important things in my life), I went to my school’s annual medical check-up. At that time, I weighed 59 kilos. The doctor, a French woman dared compare me to my tiny French and white colleagues, who would weigh 40 to 45 kilos only. But they were tiny. And she told me, to my eternal dismay, that I was overweight. Was I really? Of course I had 20 kilos more than my colleagues. I was never Caucasian, I was much taller and just had another body structure. There are not too many Khloé Kardashians in this world to describe how my body looked at that time and how others made me feel it was wrong. But that moment, it was the trigger that made things shift for me and several years hating my own body ensued, because I wanted to be someone I will never be. I had already mentioned you this particular feeling here: I am a Jennifer Lopez in a world of Victoria Beckhams.
No matter the country, culture or ethnicity, I am overweight today. I need to lose 5 kilos to be at a so-called healthy weight. But I can swear to whatever’s sacred for me that I have never ever felt this great about myself before. I like what I see in the mirror and love how I fit into my proper size clothes. If it weren’t the case, I wouldn’t expose myself (through my wardrobe) weekly in posts which showcase my physicality to the world. Can I improve? Of course I can. I could lose some fat in my thighs, tone my arms (c’mon Michelle, I already have your dress, can you give me the guns?), and stop having a double chin, it’d be great.
But if someone came today to tell me “look Elite, you will never ever lose or gain weight ever again and will be 85 kilos until you die”, I’d honestly be fine with it. And what a fine elderly I will be, can you imagine? I believe that with my personality, projects and all that I want to achieve in this world, I will need all my weight to get there. And I will only reach that with the person I love the most in the world.
Myself. 



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