[New York] [Food] Jantar no Craft, o restaurante do Tom Colicchio em New York (yes, from Top Chef!)
Filosofia

[New York] [Food] Jantar no Craft, o restaurante do Tom Colicchio em New York (yes, from Top Chef!)


Querida Sofia,
O meu último aniversário teve um sabor bastante estranho Estranho não, diferente. Estava do outro lado do mundo, sozinha, longe de tudo o que conheço, e num fuso horário meio que impossível para receber ligações da família, que fosse na Europa, em África ou sei lá onde andava a Familia von Trapp naqueles dias. Para compensar, eu e ele decidimos que o meu aniversário duraria uma semana. Começamos no dia 8 de Outubro e durante 7 dias, fiz coisas inéditas, loucas, mas que me fizessem sentir menos triste por estar longe de todos. Uma coisa é morar em Paris, com a família em Portugal e/ou Angola, mas estar NA MINHA CASA, com as MINHAS COISAS, e pelo menos, com os MEUS AMIGOS. Outra é estares em Nova-Iorque, teres apenas uma pessoa numa cidade que já dominas mas que não é tua. Descobri que sou sensível a essa mariquice das distâncias. Pronto.
Bom, traumatismos de gente que nunca saiu de casa à parte, realizei um dos sonhos da minha vida: ir ao restaurante do Tom Colicchio. Vejo Top Chef desde 2007, poucos meses depois de ter começado, sou completamente maluca pelo Tom - e pela Gail - (e muitos dos chefs adjacentes) e sempre quis ir ao restaurante dele. Assim que cheguei a NYC, fui ao restaurante de sandes e sopas dele, o ‘wichcraft (Play on words com “witch craft” que quer dizer feitiçaria/bruxaria), “arte das sandes”, com sandes tão boas de cair ao chão. Mas pronto, era um restaurante "rápido". Não tinha atravessado o oceano para comer numa casa de sandes. Assim como assim, reservamos para ir jantar no dia 10 de Outubro no Craft. O restaurante. Verdadeiro. Fine-dining. Tudo o que queríamos. Nada como pagar para comer uma multidão de pratos que passamos uma vida a desejar pela televisão. Compensa outras frustrações.

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O restaurante era maravilhoso. Não gosto de usar muito esta palavra, mas não dá para dizer outra coisa. 9 meses depois, ainda me lembro das mesas enormes em madeira massiva, as velas que “caiam” do tecto, as luzes baixas, a música quase silenciosa, a valsa de empregados de mesa. Só para a nossa mesa, tínhamos uns dez. Um para mudar os talheres, outro para servir água assim que eu bebia um gole (desisti), outra para limpar as migalhas, outra para os pratos frios, outra para os pratos quentes, alguém para dizer-nos o que estávamos a comer, outro para lavar-me os pés (kidding!).
Sobre a comida: começamos por um amuse bouche, oferta da casa e do Chef. A entrada foram raviolis de... esqueci. Mas era (muito) bom.
Se bem me lembro, o Craft não tem um prato como “lasanha” ou “arroz de polvo”, tens de fazer combinações e misturas no TEU prato. Encomendas proteínas diferentes, hidratos de carbono diferentes, legumes e verduras diferentes e depois comes tudo misturado, tudo separado, como quiseres. Escolhi quail (cordoniz), polenta (sou doida por polenta)(polenta é funge, né Natty?) e sauteed arugula (chicória salteada). Não me lembro bem do que ele escolheu, mas comi das combinações dele e ele das minhas.
As porções parecem pequenas mas é tudo tão bom, requintado, rico, cheio de sabor, inimitável em casa (a não ser que se more com um Chef, of course) que nem podíamos imaginar comer uma sobremesa depois daquela orgia. Pedimos a conta, pagamos (ou ele pagou, porque era o MEU dia) a renda de casa ali mesmo e ao ir embora, deram-nos uns muffins deliciosos que comemos no pequeno-almoço do dia seguinte, a caminho do hospital.
Foi uma noite absolutamente inesquecível. O único senão, para mim, nem teve nada a ver com a comida. O meu problema foi com as mesas. Eram enormes. Mesmo esticando os braços, não conseguia tocar no prato dele, enquanto no fundo, por vezes num restaurante assim, queremos estar mais perto da outra pessoa, nem que seja para aquele estúpido hábito de picar no prato do outro com o nosso garfo.

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Craft
43 East 19th Street
Manhattan, NY



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