Filosofia
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Filosofia
Ontem, durante o jantar, descobri que também sou narrow-minded
Querida Sofia,
Já falei aqui várias vezes sobre as pessoas open-minded e narrow-minded no que toca a comida. O exemplo que dei, do auge da open-mindness, é dos restaurantes etíopes, no qual um prato enorme é colocado no centro da mesa, cada pessoa tem a sua crepe e pica no prato, como se estivéssemos no fundo, a partilhar tapas ou uma pizza. Há uma espécie de etiqueta inconsciente que faz com que toda a comida que toques, comes. Não espetas ali a mão e hesitas e tiras e voltas a repetir o processo e conspurcas e inch’allah.
Onde, entrei no lado escuro da força e tornei-me completamente narrow-minded. No jantar – no qual finalmente fomos dez e não oito - um rapaz do Senegal cozinhou frango para apresentar-nos a nós, não Senegaleses, a cozinha do seu país. Ajudei-o a cozinhar, até fiz o arroz (o choque dos franceses quando fritei o arroz em alho, visto que eles apenas o mergulham na água com sal… bref…). O jantar pronto, passamos à mesa e o moço senegalês disse que ia servir um prato onde íamos comer todos juntos. UM prato. Para dez. Um mesmo prato! Confesso, entrei em pânico. Vi como a comida foi feita, EU PROPRIA AJUDEI A FAZER, estava com fome, mas sermos 10, cada um com o seu garfo, no mesmo prato, fez-me confusão. Sobretudo quando vi ali 7 ou 8 garfos a picar a comida como uma papa como se aquilo fosse Cerelac.
E para melhorar o caso, uma menina Francesa que namora com um Senegalês, quis provar-nos o quanto era “africana” (wtf?), espetou a mão no meio do prato, fez uma bola de arroz na palma da mão e comeu. E repetiu o processo. Santo Deus, eu nem sei se ela lavou as mãos. E mesmo que tivesse... atingi o meu nível máximo de tolerância e passei a noite a beber vinho, comer tomate cherry, a picar numa baguette e não provei aquela cena. Não consegui, nem me esforcei, pois mandei a tolerância e a mente aberta darem uma curva. No entanto, quando ele - o outro, o tal - chegou mais tarde com gelados da Berthillon, fiquei subitamente feliz por ter a minha própria taça. E não me importei que ele bebesse do meu copo. Mas isso é outra história.
I am finally not that open-minded. Não sei onde as pessoas andam com as mãos para espeta-las no meio de um prato sem modos e esperar que eu não ache isso minimamente nojento. Uma pena, porque se passei horas a ajudar na cozinha, também era para comer.
No entanto, esse incidente à parte (que foi uma bela desculpa para não jantar como um elefante), foi uma noite excelente. Why so?
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