Filosofia
Aimewitue #1*
Querida Sofia,
Sempre me disseram que eu tinha a sorte de morar numa cidade romântica. Paris, cidade da Luz e do romance. Várias foram as vezes nas quais fiz um mero "pfff" à tal afirmação. Sempre gostei de cá morar mas nunca tinha vivido nada de realmente romântico. Pelo menos, nada realmente digno de um filme. Nada de declarações de amor no alto da torre Eiffel, nada de passeios de barco no Sena, nada de mãos dadas num passeio, nada de beijos dados nas ruas de um arrondissement qualquer.
Depois de um dia mais do que bem passado e bastante cansativo, estava eu na minha cama pelas 23 horas. Laptop longe das pernas mas ao alcance dos braços, mail puxa mail, tudo começou na inocência de um "sinto a tua falta" a um "quero muito estar contigo" a "quero estar contigo agora".
Senti o coração palpitar. Seria a primeira vez que isso aconteceria. Era a primeira vez que me acontecia. Sentir o coração pulsar e não ter de pensar que seria necessário apanhar um avião para satisfazer os desejos da não-solidão.
Já passava da uma da manhã e fiz o que toda menina em Paris já deve ter feito alguma vez na sua vida. Arranjar o cabelo de novo, pôr os sapatos e chamar um táxi. Porque a hora do amor instala-se melhor no silêncio do final de serviço dos metros e autocarros da cidade Luz.
"Vou apanhar um táxi nem que seja para ficar cinco minutos em baixo do teu prédio" enviei-lhe em SMS.
O táxi chegou e sai de casa num rompante.
"Vais mesmo fazer isso, Elite? vens mesmo ter comigo?"
Vi a cidade desfilar pela minha janela. Vi casais dentro dos seus carros a voltar a casa depois de uma grande festa. Vi grupos de amigos animados. Via o tempo no meu iPod avançar, e o meu coração a bater ainda mais forte. Quanto mais eu me afastava da minha casa mais longe eu pensava estar da casa dele.
"Já estou no táxi", respondi.
Ele pediu-me para ligar assim que chegasse. E foi o que eu fiz. Paguei a corrida e atirei-me à rua. Senti a brisa serena de uma primavera perfeitamente instalada. Vi outros casais a passarem de mão dada e não senti inveja alguma. Porque minutos depois, ouvi a porta do prédio abrir. Virei-me e lá estava ele. Parisiense, lindo, barba por fazer, um traje mais do que casual, irresistivelmente sexy, usando óculos que substituiam as lentes usadas no dia a dia e um sorriso de surpresa.
"Não acredito que estejas aqui" disse-me ele quase que pedindo uma chapada para acreditar que era eu frente a ele "és a mulher mais incrível que jamais conheci em toda a minha vida".
E estava a acontecer. Eu estava a viver aquele momento romântico que eu sempre havia esperado na cidade de Paris. Sorri, fingindo que não passava nada.
"Então tens muita sorte" disse eu "porque a mulher mais incrível da tua vida vai dormir contigo hoje". *I am with you.
**vestido Desigual.
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