Filosofia
As regras do método segundo o empirismo e o racionalismo
As regras do método cientÃfico segundo o empirismo e o racionalismo
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Ptolomeu | |
Atualmente, há uma crença amplamente aceita de que há “algo de especial a respeito da ciência e de seus métodosâ€. A atribuição do termo “cientÃfico†a alguma afirmação ou pesquisa é feita de modo a pretender que se possa atribuir-lhe algum mérito ou confiabilidade especial. Mas o que é tão especial em relação à ciência? O que vem a ser esse “método cientÃfico†que comprovadamente leva a resultados especialmente meritórios ou confiáveis?
A alta estima pela ciência é especialmente evidente no mundo escolar e acadêmico. Conforme lembra Chalmers:
“(...) muitas áreas de estudo são descritas como ciências por seus defensores, presumivelmente num esforço para demonstrar que os métodos usados são tão firmemente embasados e tão potencialmente frutÃferos quanto os de uma ciência tradicional como a fÃsica. Ciência PolÃtica e Ciências Sociais são agora lugares-comuns. Os marxistas tendem a insistir que o materialismo histórico é uma ciência.
Porém, existe de fato um ou mais métodos que possibilitem à s teorias cientÃficas serem provadas verdadeiras ou mesmo provavelmente verdadeiras?
O senso comum, a explicação religiosa e o conhecimento filosófico eram as principais modalidades de conhecimento norteadoras dos seres humanos até fins da Idade Média. Contudo, a partir do século XVI, os cientistas passaram a pensar na elaboração de um conhecimento que estivesse embasado em maiores garantias. A busca pelas causas absolutas ou pela natureza Ãntima das coisas deixou de ser a prioridade do cientista; ao contrário, procura-se agora compreender as relações entre as coisas, a explicação dos acontecimentos, utilizando a observação cientÃfica aliada ao raciocÃnio.
Assim como o conhecimento e as técnicas se desenvolveram, seus métodos também sofreram e ainda sofrem transformações. Os pioneiros no âmbito do conhecimento cientÃfico foram Francis Bacon, Descartes e Galileu Galilei. Ao invés de buscarem, como os seguidores de Aristóteles, a “essência Ãntima das substâncias individuaisâ€, o objetivo das investigações passa a ser a descoberta das leis que presidem os fenômenos (as relações quantitativas).
Eles concluÃram que o processo de abstração e o silogismo (dedução formal que, partindo de duas proposições –premissas- conclui uma terceira -chamada conclusão), não propiciam um conhecimento completo do universo. O conhecimento cientÃfico é o único que nos permitiria acesso à verdade dos fatos. Os seguintes passos são fundamentais: experimentação; formulação de hipóteses; repetição exaustiva de testes das hipóteses, formulação de generalizações e leis.
Descartes (em sua obra Discurso do Método), porém, afasta-se dos processos indutivos, enfatizando o métododedutivo, já que, para ele, só se pode chegar à certeza por meio da razão, a qual identifica-se como o “princÃpio absoluto do conhecimentoâ€.
Postula ele, então, quatro regras básicas, as quais já estudamos em nosso curso de história da filosofia:
Evidência: não acolher jamais como verdadeira uma ideia ou coisa que não se reconheça como evidentemente clara e incontestável perante a razão (ou seja, evitar a precipitação e o preconceito, só aceitando aquilo que se apresente com absoluta clareza ao espÃrito, de tal modo que a dúvida seja impossÃvel);
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Análise: dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessárias para melhor compreendê-las ou resolvê-las (processo que permite a decomposição do todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos complexo);
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SÃntese: processo que leva à reconstituição do todo, previamente decomposto pela análise (ou seja, conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para ascender, em seguida, pouco a pouco, até o conhecimento dos objetos não dispostos de forma natural, em seqüências de complexidade crescente);
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Enumeração: consiste em realizar enumerações tão cuidadosas e revisões tão gerais que se tenha certeza de nada ter omitido. |
Com o passar do tempo, muitas outras concepções foram sendo incorporadas aos métodos existentes e também surgiram outros métodos, conforme veremos nas próximas aulas.
Apesar de muitos cientistas alegarem a infalibilidade de seus métodos e jurarem fidelidade a eles, seria correto aceitar a Ciência como um conhecimento de tipo superior aos demais saberes produzidos pelo homem? Será que se olharmos rigorosamente para as regras do método, não encontraremos algumas deficiências que tornariam relativos os conhecimentos produzidos a partir delas?
Texto elaborado por Silvio Motta Maximino
Fontes consultadas:
O QUE É CIÊNCIA AFINAL?, de Alan F. Chalmers – Tradução: Raul Filker Editora Brasiliense 1993
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