Filosofia
o que é ciência?
O que é ciência?
Contemporaneamente, há dezenas de conceituações e pouco consenso sobre quais são os pressupostos definidores do que é “conhecimento cientÃficoâ€. Para chegarmos a um conceito razoável de ciência, devemos recorrer à filosofia da ciência.
Observando inúmeros fatos do nosso dia a dia, percebemos a ocorrência de fenômenos regulares, que se repetem: as estações do ano, a atração dos corpos, os ciclos da natureza em geral... Ao examinar as regularidades, a ciência procura chegar a uma conclusão geral que possa ser aplicada a todos os fenômenos semelhantes; ela procura estabelecer “enunciados generalizadoresâ€, descobrir as leis que regem o mundo, tanto no âmbito macrocósmico quanto no nÃvel microcósmico.
Conforme nos adverte Paul Davies, a ciência “envolve mais do que a mera catalogação de fatos ou a descoberta por meio da tentativa e erro, dos modos de proceder para que as coisas funcionemâ€. A “verdadeira ciência†envolve “a descoberta de princÃpios que subjazem e conectam os fenômenos naturaisâ€. Tais princÃpios, para serem válidos, devem operar como leis (serem universais e necessárias). A função básica destes enunciados é explicar sinteticamente como o mundo funciona e prever novos fenômenos.
Para sabermos melhor o que é “conhecimento cientÃficoâ€, precisamos distingui-lo do chamado conhecimento do senso comum. Se pensarmos em como os antigos interpretavam o mundo, poderemos igualmente nos perguntar: como duvidar que o sol seja menor do que a Terra se, todo dia, vemos um pequeno cÃrculo brilhante percorrendo o céu? Como duvidar que a terra seja imóvel se diariamente vemos apenas o sol e as estrelas se moverem e percorrer o céu? Como cada espécie de animal surgiu? Como imaginar um peixe evoluindo até tornar-se réptil ou pássaro, se não presenciamos ditas transformações em nosso cotidiano?
Questões como estas estão presentes na nossa vida e expressam o que nós chamamos de "senso comum". Porém a astronomia nos revela que o sol é muitas vezes maior do que a Terra e que é a Terra que se move em torno deste sol, ou ainda a biologia nos sugere que certas espécies complexas surgiram de outras mais simples.
O senso comum encerra um saber não-sistematizado, mas útil para o homem na sua vida cotidiana. É obtido geralmente pelas observações realizadas pelos sentidos, sem preocupar-se com a investigação e o questionamento, ao contrário da ciência.
Classificação das ciências
Se dissermos “Ciência†(no singular), nos referimos a um modo ou ideal de conhecimento. Ao dizermos “Ciências†(no plural), referimo-nos à s diferentes maneiras de realização do ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos investigados e os diferentes métodos e tecnologias empregados. Conforme salienta Marilena ChauÃ, a partir do século XVII, a filosofia tende a desaparecer nas classificações cientÃficas, pois cientistas e filósofos acabam chegando ao consenso de que a filosofia é um “saber†diferente do cientÃfico.
Chauà ainda ressalta que, das inúmeras classificações propostas, as mais conhecidas e utilizadas foram feitas por filósofos franceses e alemães do século XIX, baseando-se em três critérios: tipo de objeto estudado, tipo de método empregado, tipo de resultado obtido.
Veremos a seguir um exemplo de classificação das ciências que se costuma utilizar na atualidade:
â— ciências matemáticas ou lógico-matemáticas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria, lógica, fÃsica pura, astronomia pura, etc.);
â— ciênciasnaturais (fÃsica, quÃmica, biologia, geologia, astronomia, geografia fÃsica, paleontologia, etc.);
â— ciênciashumanas ou sociais (psicologia, sociologia, antropologia, geografia humana, economia, lingüÃstica, psicanálise, arqueologia, história, etc.);
◠ciênciasaplicadas (todas as ciências que conduzem à invenção de tecnologias para intervir na Natureza, na vida humana e nas sociedades, como por exemplo, direito, engenharia, medicina, arquitetura, informática, etc.).
Cada uma destas ciências, por sua vez, subdivide-se em ramos especÃficos, com nova delimitação do objeto e do método de investigação. Assim, por exemplo, a fÃsica subdivide-se em mecânica, acústica, óptica, etc; a biologia em botânica, zoologia, fisiologia, genética, etc.; a psicologia subdivide-se em psicologia do comportamento, do desenvolvimento, psicologia clÃnica, psicologia social, etc. E assim sucessivamente. Por sua vez, os próprios ramos de cada ciência subdividem-se em disciplinas cada vez mais especÃficas, à medida que seus objetos conduzem a pesquisas cada vez mais detalhadas e especializadas.
SÃntese produzida por Silvio Motta Maximino
Fonte bibliográfica consultada:
ChauÃ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ãtica, São Paulo, 2000.
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