La vie typique d'une quelconque Parisienne*
Filosofia

La vie typique d'une quelconque Parisienne*


Querida Sofia,
Hoje vamos entrar no universo da Mélanie, 27 anos, a tipica Parisienne. Vamos ser trendy como é a cidade da Luz e chamá-la de "Mel". Mel é Francesa, nascida em Paris. Os pais que moram em Neuilly-sur-Seine** com os avós e só os visita uma vez por mês - se tanto - enquanto está apenas cinco paragens de Metro de distancia deles. Vai sobretudo vê-los no Natal. Ou quando - sem confessar mas muito mostrar - precisa de dinheiro. Mel é magra. Não, minto, Mel é esquelética, mas sabe encontrar forma de ver um pneuzinho imaginário no ventre e tem a certeza que o seu posterior é o maior do mundo. Mel mora sozinha algures em Paris. No 7e ou 8e arrondissement, de preferência; num pseudo-apartamento tipo-estudio perto de ser uma latinha de sardinhas abafadas. Mel tem o seu palácio: 21 m² em Paris, num prédio antigo, no 6° andar sem elevador. Mel acorda todos os dias as sete horas da manhã. Amaldiçoa o despertador com um habitual putain*** e levanta-se penosamente. O seu cão já está acordado à espera do seu manjar matinal. Mel não tem tempo de o levar a passear, mas deixa-o uns instantes no corredor do prédio para que ele se alivie como possa. As vezes Mel pergunta-se porque tem o raio do cão... mas pronto, ele lá faz companhia e francês que é francês não é francês sem um cão em casa. E a Mel não poderia ser diferente. Liga a máquina para fazer café - Tassimo ou Nespresso se foi oferecida pelos amigos, marca Branca do Carrefour se foi ela que teve de pagar do seu próprio bolso - sim, porque francês que se preze, não gosta de gastar dinheiro com essas coisas. Mas gosta de as ter. Claro. Mel entra no duche, lava o cabelo (como todas as manhãs), para depois seguir a praxe de sempre - secar e esticar a cabeleira, que tem o corte perfeitinho feito num grande cabeleireiro como o Franck Provost. Hora de fazer uma maquilhagem integral, da testa ao peito. Mel que é boa Parisienne nunca vai sair sem litros de fond de teint e pó de bronzage no corpo. Mel não quer esconder o bronze das férias no sul do pais, na casa de uns tios que também só vê uma vez por ano. Mel veste-se a correr, apanhando O vestido de marca que comprou naquelas vendas privadas, onde tudo que custa os olhos da cara passa a custar... apenas... a pele dos gluteos. E que bom, quem sabe o posterior fica mais pequeno?
A tal de roupa, Mel encontrou-a no chão, numa montanha de roupa que ela pretende arrumar um dia. Mas para quê? se ela não convida ninguém para a sua casa?
Não, a Mel não é arrumada, nem o pode ser. O que é chique em Paris é ser Bordélique****. Os inteligentes têm mais que fazer que perder o tempo e rebaixarem-se a arrumar o que quer que seja. Bebe o seu café a correr, põe os sapatos altos pontiagudos novos e desce os seis andares do prédio (e claro, não esqueceu de deixar o cão dentro de casa, com a sua ração e agua e gritando "je reviens, mon bout de chou*****"!). Mel sai a correr para andar no frio, dentro do seu longo casaco feio mas confortavelmente quentinho, cigarro acesso. Entra na boca do metro e ai obriga-se a frequentar o povinho. Esse bando de gente mal ou bem cheirosa, toda agarradinha indo trabalhar. Minutos antes de chegar ao trabalho, Mel vai ao café da esquina. Pouco importa o café que já bebeu em casa. Já queimou dois cigarros e ainda nem oito horas são. Pede um croissant e apenas o come pela metade. Comer sim. Demais não. Sim, porque Mel tem o maior posterior do mundo, mais vale relembrar.
Chega ao trabalho. Detesta todo o mundo. Sorri a todos.
Mel ira o casaco e mostra o vestido. Tenta fingir que é discreta, mas faz um comentário que atira a atenção de todos aos seus sapatos "ahhh mes nouvelles chaussures me font tellement de mal******". "Quelle Pute*******", pensam as colegas, que perguntam "onde é que os compraste? são lindos!!"...Falsas...
Mel gostaria que as colegas morressem. Mas não pode, tem de conviver com elas. Mel detesta o seu trabalho. O unico "sol" é ver o Jean-No (Jean-Noël por extenso)... é O colega. O lindão! O gajo! que não é de todo metrossexual. Este é o tipico parisiense. Barba por fazer, pêlos no peito, perfumado com água de colonia, cinico quanto baste e fumador de dois maços por dia. Absolutamente perfeito para ela. Mel e Jean-No não andam juntos. Mel jura de pés juntos que quer estar sozinha. Enquanto Mel sabe de punhos serrados que tudo o que quer é que Jean-No assuma o raio da relação. Vão almoçar juntos, com outros colegas. Pedem todos bifes com batata frita (famoso steak-frites). Mel tem o prato à frente mas devora com mais ardor os seus cigarros. Pediu vinho à hora do almoço e isso deve ajudar a ter as calorias e hidratação necessárias para o dia. Ela olha para Jean-No do canto do olho e sabe que vão dormir juntos nessa noite, num misto de suor perfumado, de hipocrisia e de fumo feito pelo alcatrão e a nicotina. Finalmente Mel vai ter uma razão para arrumar o seu apartamento do centro de Paris que apenas tem 21m² e que lhe custa mil euros de renda por mês.
Mel tem a vida que todos invejam. Que até mulheres como Carrie Bradshaw de New York um dia invejaram. Mas só ela sabe o quanto é infeliz, vazia e amarga.
Mas mais vale isso a tudo! Mais vale tudo a não poder morar... em Paris!

Subtitles:

*a tipica vida de uma parisiense qualquer
**bairro/cidade burguesa no primeiro anel de Paris
***palavrão inspirado da forma mais poética de "prostituta" e MUITO usado pelos Franceses, tal como virgulas e pontos nas frases.
****desarrumada
*****já volto, meu amorzinho
******os meus sapatos aleijam-me tanto
*******preciso mesmo traduzir?

PS: história totalmente ficticia inspirada de anos a conviver com Franceses e Francesas... sendo (Q.B.!) diferente deles.




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