Quero abrir a minha porta às tuas janelas
Filosofia

Quero abrir a minha porta às tuas janelas


Querida Sofia,
Assim que cheguei de Lisboa, tinha de ir trabalhar. Segunda-feira, tinha uma saída programada. Terça, tinha de me preparar para viajar pela manhã do dia seguinte. Quarta em Montpellier, ida, diploma e volta. Quinta, regresso ao trabalho. Sexta a pensar no final de semana, sábado a pensar no piquenique. Chegou o domingo e o seu descanso. Finalmente.
E aconteceu pela primeira vez. Tinha tempo, tinha tempo pela frente para pensar no que aconteceu. Deitei-me na minha cama e desliguei o som da música que me embalava. Silêncio. Silêncio total. Revi-me no aeroporto da Portela à espera dele. Revi-me no carro dele. Mas não consegui lembrar-me de mais nada. Abri os olhos, respirei fundo, e recomecei o exercício. Procurei de novo no filme da minha vida aqueles olhos que me embalaram e aquelas mãos que me abraçaram. Tentei ir com calma e lembrar-me do trajecto de carro e das luzes de Lisboa. Lisboa que eu já amava, sempre amei e pela qual (também) me (re)apaixonei.
Voltando. Estava no bom caminho, aeroporto, luzes, escadas. Escadas, porta, descoberta. Descoberta, sorrisos, cozinha. Luzes de novo. Descobertas de novo. A escolha de um vinho para a noite. E o "deixar-me" sentir algo que não sentia há anos. Bem. Simplesmente bem. Como se eu já tivesse de ter unido Lisboa e Paris há muito mais tempo.
Respirei de novo fundo, e tentei mergulhar na noite e afundei-me no escuro total. Não me lembrava de nada. Não me lembro de nada.
Devo ter instalado - sem querer - um chip em mim mesma que não me permita lembrar do que me tenha realmente feito feliz. Para que a memória da distancia entre o hoje e o bom momento vivido não consiga me fazer sofrer. Não consiga deixar um snippet de saudade.
Um lado de mim pede-me para que eu esqueça, o tal de move on. Mas ele não deixa. E apesar daqueles momentos terem entrado na noite dos tempos da minha memória, lembro-me perfeitamente que ao acordar, levantei-me, fui à janela para ver o sol nascer na Lisboa que amanhece. E lembro-me perfeitamente do(s) beijo(s) de bom-dia. Fico em crer - ou custa-me duvidar - que quero, realmente, abrir-te um dia, a minha porta às tuas janelas.

I should never think*
What's in your heart
What's in our home
So I Won't
*
You'll learn to hate me
But still call me baby
Oh Love
So call me by my name
*
And save your soul save your soul
Before you're too far gone
Before nothing can be done
I'll try to decide where
*
She'll lie in the end
I ain't got no fight in me
In this whole damn world
Tell you to hold off
You choose to hold on
It's the one thing that I've known
*
Once I put my coat on
I'm coming out of this all wrong
She's standing outside holding me
Saying oh please
I'm in love
I'm in love



* "Never think" by Rob Pattinson.



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