Serei a única no mundo... #10 - Viver sem TV, não?
Filosofia

Serei a única no mundo... #10 - Viver sem TV, não?


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Querida Sofia,
Expliquem-me como se eu tivesse 5 anos: qual é o interesse de ter uma televisão em casa se é APENAS para criticar TUDO o que por lá passa? Sou uma pessoa melhor desde 2005, vivendo sem TV. Conheço pessoas que deveriam fazer o mesmo: todo o mundo. Tenho esta mania, que fazer, de pensar que a vida tal como eu a vivo é melhor que a dos outros. Estou errada em 95% dos casos, mas fala sério. Quando penso na minha família em Lisboa, é TV na cozinha, TV no quarto, TV na sala. Não, não têm TV na casa de banho. Acho isto pouco saudável. Ter de ligar a TV assim que se chega a casa para se sentir vivo, menos sozinho, ou porque é hábito. Depois é o lençol de críticas como se nos tivessem apontado uma arma para ficarmos ali, especados e alienados. Há programas aqui em França então, que são easy target. Ninguém gosta, ninguém vê, mas na hora do almoço no escritório, não falam de outra coisa, do quanto é horrível, do quanto não queriam ver mas pronto, calhou e a semana seguinte é a mesma coisa.
Por isso apaixonei-me pelo Porto numa noite de verão, na qual vi centenas de pessoas a passear pela praia com as suas famílias. Por isso aprecio os Parisienses – os verdadeiros – que apesar do arsenal de defeitos, estão sempre fora de casa.
Um filme, claro. Séries, claro. O telejornal, de vez em quando, claro. Em excesso, já disse aqui o que penso, no artigo HAITItude. Sim, o Haiti, lembras-te? Pois. Ficamos todos muito chocadinhos por ver imagens fortes mas dentro de uma semana (ou cinco minutos depois), já esqueceram.
Quando tiveres tempo livre, desliga essa droga. Deixa de lado os programas parvos se não gostas MESMO de os ver. Assiste poucos (mas alguns, quand même) jogos de futebol. Sai e curte o sol (porque amanhã vai chover), vai escrever num café com internet sem fios, vaivisitar a família que não está à distância de um voo de avião (bom, na volta ao chegar à casa da família, eles também vão estar todos à volta da máquina vital).
Mas deixa de lado o sistema tal como ele é se não te convém. Eu, por exemplo, não me vejo ir à Fnac todos os dias apenas para vir aqui dizer a experiencia horrível que foi. Mas isto sou apenas eu.

Se acho que pessoas com consciência não devem ficar indiferentes a grandes causas, acho que o martelar das consciências é meio pedante, inútil e demagógico. (...) Ando assim que fartinha de me falarem das imagens que vêm do Haiti, o quanto deixou X ou Y sem fome durante alguns minutos, até deitou umas lagrimazinhas, depois voltou ao seu jantar e a falar mal dos outros, porque sim, em cinco panegíricos minutos de expoente da consciência salvou o mundo. (...) sei o que se passa no mundo, mas não me deixo levar por sensacionalismos e moralismos baratos. (...) Desliguem a merda da TV e lutem pela vida, pelo amor de Deus, que estou assim que fartinha de vocês.

A dia 31 de Janeiro de 2010.



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