Somos tantos. Mas somos unicos.
Filosofia

Somos tantos. Mas somos unicos.


Querida Sofia,
Fecho a porta de casa, retiro a chave, desço as escadas a correr, abro as várias portas do R/C e apanho logo o ar frio da rua. Ponho os auscultadores aos ouvidos e seleciono o modo aleatório do iPod. Vêm musicas de todos os horizontes, o que importa é que sejam mexidas, porque sei que tenho uns bons minutos de marcha à minha frente até chegar ao trabalho. E não é com musica para boi dormir que vou conseguir dar corda aos sapatos. O meu modo para ouvir a tal de musica é sempre aleatório mas parece que há musicas e cantores que voltam sempre. Como sina que já pesa.
Dependendo da hora a qual saio de casa, cruzo com todos os personagens da vida. Pelas sete da manhã, são as empregadas de limpeza. Que já nem sentem na pele a dor de terem tido de acordar as cinco da manhã. Pelas sete e meia, os estudantes, com roupas da moda, com cortes da moda, a falarem do que fizeram durante a noite e falando mal da mãe chata que têm e do pai que já deixou há anos de os compreender. Pelas oito, as mulheres solitárias. Que andam rapidamente, que sofrem de saltos, que sairam de casa desmazeladas e descrentes na vida, que estão ao telefone com o namorado que deixaram há meia hora mas já morrem de saudades. Mulheres de tantos horizontes diferentes. Como a endiabrada musica que eu oiço enquanto cruzo-me com elas. Pelas oito e meia os pais com seus filhos. Pais. Homens. Com meninos e meninas. Pequeninos e pequeninas. A caminho da creche. Não mostro mas o meu coração sorri. Porque não é somente um, são vários pais babados, apressados, desajeitados que vejo a andar com os seus rebentos pela manhã. Pelas nove, vejo homens a andar de jornal aberto. Jornal gratuito daqueles que oferecem às saidas de metro. Olham para o jornal para evitar o olhar do pedinte. Que é o mesmo. Há anos. Sempre no mesmo sitio, a vender os mesmos jornais. Homens e mulheres. Somos milhares. Todos os dias. A andar, todas as manhãs, para inundar por La Défense a cor preta dos nossos casacos tristes de inverno que já tiramos do armário desde o final do verão.
PS: 23h21, acabei de voltar dos Prémios UJJEF no Cirque d'Hiver :) so nice...!



loading...

- 25 Anos Menos 1 Dia
Querida Sofia, Sai ontem à noite. Como todas as noites depois do trabalho. Depois de cinco anos com a vontade de lá ir, finalmente entrei no Regine's, um club bem mítico e escondido de Paris. Dancei, fiquei-me por um copo de...

- A Criança Que Atrai Com A Pele Que Repele
Querida Sofia,Aconteceu hoje de manhã no autocarro. Sentei-me e abri o meu livro para ler durante os vinte minutos de trajecto que tinha pela frente. Mas não consegui concentrar-me: pela primeira vez em alguns dias, não estava a chover, o sol estava...

- Sou Angolana E Não Oiço Kizomba Todo O Dia Ou Um Sou Negra E Não Como Mandioca #2
Querida Sofia,Devo ser daquelas meninas que saiu do seu país tão cedo, tão cedo, que tenho a mania que nem uma “boa” Kizombada oiço mais. Estou a exagerar. Tenho uma lista mais do que enorme de músicas no iTunes e escolhi apenas mil para levar...

- Ah! Droga , Xiça, Putain! Para Isso!
Querida Sofia, Não aconteceu apenas uma ou duas vezes. Já foram meia-dúzia de vezes. Uma dúzia inteira. Ou mais até! Não sei o que se passa e se é a nova moda - moda essa que não vai pegar comigo - mas parece que as mulheres agora têm de se sentir...

- ... Et Ce Dimanche, Je Dis: Vive Les Samedi!
Querida Sofia, Não há idas ao Starbucks às sete horas da manhã. Não há bilhetinho a deixar à empregada. Não há saltos de vários centimetros por calçar. Não há stress por ter de sair de casa a correr. Não há maquilhagem integral feita em...



Filosofia








.