We are, yes we are... we are Elite
Filosofia

We are, yes we are... we are Elite


Querida Sofia,
Hoje no trabalho, no final do dia, houve uma fest(inh)a. Daquelas festas de despedida de um colega (que encontrou melhor emprego ou que foi transferido para outro serviço) que por vezes (leia-se SEMPRE) cansam-me. Porque é ver o povinho todo a dizer que a pessoa é fantástica (nem sempre é verdade), que foi um prazer trabalhar com ela (nem sempre é verdade) e que vai deixar muitas saudades (sim, sim, claro, já agora, eu sempre deito uma lágrimazita).
A minha reacção à festa de hoje não fugiu dos meus hábitos. Lá fui porque me obrigaram - é preciso quase puxarem-me pelos cabelos - fiquei cinco minutos e fui embora.
Mas desta vez, foi diferente. Ao chegar fui ter com eles. Aqueles rapazes e aquelas meninas. E senti-me logo acolhida. Faço hoje parte daquele grupo. Assim que nos reunímos todos, começámos logo a rir. Para os outros todos, somos uns altos, uns lindos, uns ricos, uns felizes, uns escravos do trabalho que sofrem todos de insónia. Enquanto na realidade somos os mais simpáticos, os mais amigáveis, os mais bem-humorados, os mais sinceros que jamais se encontrará. Que eu sei sei que jamais encontrarei (bom, "jamais", até ver...)
No entanto, senti o olhar de todos para cima de nós. E foi a primeira vez na minha vida que senti isso no trabalho. Como se todos quisessem entender porque nos riamos, o que era aquele elo que nos ligava. "Quem são essas pessoas que são assim felizes, tão cheias delas mesmas e como fazer para ser como elas?".
(in)Felizmente somos nós. (in)Felizmente não é para todos. E felizmente, ri como uma perdida. Senti os olhares queimarem-me as costas e acho que nunca na vida me senti tão inacessível. Nunca na vida me senti tão desejada. Nunca senti tanta pergunta pairada no ar sobre que relação tenho eu realmente com aquele colega que estava a menos de um metro de mim, inacessível a todos, e tão acessível a mim. E mesmo assim, não fiquei na festa mais do que cinco minutos. Não bebi nada, porque desespera-me o desespero de ver todos a correr beber algo. E não comi nada porque desespera-me o desespero de ver todos a correr comer um canapézito. Antisocia(ve)l que eu por vezes sou, continuo a não gostar do ambiente fake desse tipo de festas e prefiro ficar enfiada no meu escritório e enfiada no que tenho de fazer. Mas algo me diz, algo me garante, que algo vai brevemente mudar no trabalho. E vai mudar para (muito) melhor e isso ninguém (ninguém, ninguém, ninguém) me pode tirar.
Vestido by Zara
Cardiwrap by Manoukian
Cinto by ASOS
Pulseiras by ASOS



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