12 razões pelas quais a TAAG (quase) deu cabo do meu final de semana e continua a ser uma empresa que não recomendo a ninguém
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12 razões pelas quais a TAAG (quase) deu cabo do meu final de semana e continua a ser uma empresa que não recomendo a ninguém


Querida Sofia, 
Fui passar este final de semana em Cabinda, uma enclave angolana que fica a norte do país, com fronteira terreste com ambos os Congos. Voei na TAAG – está na lista das coisas que não queria fazer em 2016, mas sendo a companhia aérea de referência cá no burgo, fico meio encabulada no momento de fugir da mesma – e a dita companhia (quase) destruiu o meu fim-de-semana, do início ao fim. 




Passo a mencionar: 

1 – O meu vôo de partida estava marcado para as 19:30 de sexta-feira 15 de Abril 2016. Tentei fazer o check-in online várias vezes, durante as 24 horas que precediam o vôo e o site dava erro. Liguei para o call center da TAAG e o mesmo disse que o meu vôo era para as 15:30 – fiquei ali a discutir que não, que comprei para as 19:30 conforme recibo – e o comunicador disse-me que quanto ao check-in “eu deveria continuar a tentar no site”. Se não conseguisse, tinha de ir ao aeroporto 3 horas antes do vôo, às 16:30. Comprei o meu bilhete à noite justamente para poder cumprir o meu horário laboral e só ter de sair do trabalho após o fim do expediente. Infelizmente o check-in online continuou a não funcionar e tive de sair do trabalho às 15:30 para estar no aeroporto uma hora mais tarde. 




2 – Terminei o check-in duas horas mais tarde (o senhor do check-in foi muito prestável) e fui para a sala de embarque perto das 18:30. A mesma estava cheia com pessoal a ir para Catumbela (Benguela), Lubango (Huíla) e Namibe (Namibe). Os dois vôos para Benguela saíram e ficaram os do Lubango, Namibe e Cabinda à espera. Os passageiros dos primeiros vôos que mencionei já lá estavam à espera há horas quando cheguei. Entretanto, pelas 20h, cancelaram o vôo para o Namibe e pelas 21h, cancelaram o vôo para o Lubango. Comecei a ver a minha vida andar para trás, não tínhamos nenhum pessoal de terra para nos prestar informação se o nosso vôo para Cabinda se mantinha ou não. Entretanto, o meu vôo descolou às 22:30, com três horas de atraso e um morto a bordo (mas isso é outra história...). Cheguei a Cabinda pelas 23:30 e a casa pelas 23:45. Tinha bagagem de mão e consegui despachar-me, mas se tivesse mala de porão, este horário teria sido mais dramático. 

Fast forward para o final da minha viagem, no Domingo à tarde. 

3 – Consegui, por algum milagre na terra, fazer o meu check-in online no sábado à noite para o meu vôo de Domingo, que partia de Cabinda para Luanda às 16:40. Entretanto, no domingo à tarde, decidi ver se estava tudo OK com os vôos no Flight Checker do site da TAAG e vi que o não havia vôo às 16:40, mas às 17:30. Liguei para o call center 4 vezes a perguntar se esse vôo das 17:30 correspondia ao meu vôo das 16:40. Depois de respostas muito evasivas, pois ligar para o Call Center da TAAG é como ligar para uma porta, decidimos ir para o aeroporto confirmar a informação pelas 15h

 Com isto, gastei uma fortuna em telefone com o call center, pois não há cá números gratuitos, mas da próxima não telefonarei e irei directamente para o aeroporto por causa de tudo o que aconteceu depois. 

5 – Ao chegarmos ao aeroporto, vimos o cenário mais caótico: dezenas de pessoas sentadas e deitadas no chão, o aeroporto sem pessoal de terra, a zona de check-in sem funcionários. O único lugar onde podíamos ter alguma informação e pessoal presente era a minúscula loja da TAAG que tinha dois funcionários a serem completamente assolados por questões dos passageiros furiosos. O que tinha acontecido era que a pista do aeroporto de Cabinda tinha inundado com as chuvas de fim-de-semana e nenhum avião podia descolar. Isto queria dizer que havia pessoas em terra desde a noite anterior! A TAAG pediu-nos para aguardar para termos mais informação. Fomos dar uma volta e regressámos 50 minutos mais tarde. Desta vez, os vendedores estavam desarmados e diziam para ligarmos para o Call Center. 

6 – Cansada e chateada, liguei para o call center. O mesmo NÃO TINHA A INFORMAÇÃO QUE A PISTA ESTAVA INUNDADA e que nenhum dos 4 vôos do dia tinham saído ou sairiam de Cabinda para Luanda nesse dia. Entretanto, o operador disse-me que já não havia disponibilidade no primeiro vôo de segunda-feira às 7h e que eu poderia sair no segundo serviço que era às 17h. Isso queria dizer que ia ficar 24 horas a mais em Cabinda, que iria perder um dia de trabalho na segunda e a TAAG só me informou depois de eu muito implorar presencial e telefonicamente por uma informação. Entretanto, não recebi um voucher refeição ou de alojamento, se tivesse de ficar em terra a TAAG não era responsável e estava-se a cagar para os passageiros. 

7 – Dia seguinte, fui para o aeroporto às 14:30, para fazer o check-in para o vôo das 17h. Ao chegar, informaram-me que devia ter ido no vôo das 7h. Eu mencionei que liguei para o call center da TAAG e o mesmo colocou-me no vôo das 17h. Disseram-me, e cito “não deve ouvir o que o Call Center diz, o call center nunca sabe de nada”. Isto foi dito por uma pessoa da TAAG em Cabinda. Ele disse-me para ir falar com o supervisor de vendas, o Sr. Adão, para reemitirem o meu bilhete. 

8 - O tal senhor marido de Eva disse-me que o meu bilhete tinha sido mal emitido – com cotação de criança – e que eu tinha de pagar a diferença e depois proceder com a alteração. Expliquei que apresentei o meu documento de identificação no momento da compra, e se cotaram mal, a responsabilidade devia ser do centro que emitiu o meu bilhete. O Sr. Adão não me ligou puto e disse-me para ir à loja pagar a diferença. 

9 – Fui à loja pagar a diferença e o agente de vendas disse-me (ah!) que eu não tinha a culpa por terem mal emitido o meu bilhete e não me faria pagar nada. Acompanhou-me até à zona do check-in e consegui que alterassem o meu bilhete para o vôo das 17h, sem pagar nada por isso. Fui para a sala de embarque e o meu vôo descolou poucos minutos depois da hora prevista. 

10 – Estava a sobrevoar Angola, já perto de Luanda, quando vejo o avião dar meia volta de regresso para Cabinda no mapa do ecrã. Entrei um pouco em pânico e o comandante notificou-nos que devido ao mau tempo em Luanda, não poderíamos aterrar e teríamos de voltar para Cabinda à espera de melhores condições para aterrar. Eu estava uma pilha de nervos, cansada e quis começar a chorar. Por alguma razão que desconheço, nem lágrimas tinha, tamanho era o meu desespero. 

11 – Chamei o steward e perguntei quando serviria a refeição e bebida de bordo. Nos vôos domésticos da TAAG, sempre é servido um lanche, estilo: 1 sandes, 1 barra de proteínas (porque os angolanos comem dois carbohidratos de seguida sem questionar), 1 sumo cheio de açúcar e 1 bebida que geralmente peço que seja água. Não vi esse serviço ser feito no vôo, então questionei. O steward, no seu profissionalismo TAAGiano disse-me que o vôo não foi aprovisionado em Luanda então não havia comida e bebida à bordo, mas ele “daria um jeito para a água”. Minutos mais tarde, uma colega dele deu-me uma garrafa de água pequena, bem discretamente. Suponho que tinham receio que todos os passageiros EXIGISSEM O SEU DIREITO e pedissem uma bebida ou comida. Nisto tudo fiquei duas horas no avião até voltar a aterrar em Luanda. 

12 – De regresso a Cabinda, pelas 19-20h, fui ao bar do aeroporto ver se podia comprar algo para trincar. A fila era grande e o bar só tinha água e whisky à venda. Eu estava desde as 14h sem comer, apenas com uma garrafa de água e sem previsão de quando iria chegar a Luanda e a casa. Uns instantes mais tarde, regressámos ao avião e descolámos para Luanda. A saída do aeroporto foi rápida. Cheguei a casa depois das 22h de segunda-feira (quando devia ter chegado às 18h de Domingo). 

Em todo este processo, não recebi um pedido de desculpas da TAAG, não recebi qualquer informação que me tenha sido prestada sem eu insistir para a obter, não recebi um cheque para uma refeição nem para o alojamento. Nem eu nem ninguém que estava na mesma odisseia que eu. 

A TAAG é uma empresa autista e umbiguista, com métodos soviéticos em desuso, que ainda não sabe que uma empresa DEVE informar os clientes que PAGAM OS SEUS SALÁRIOS e que temos direitos enquanto passageiros. 

Como nem tudo é mau, gostaria de agradecer o profissionalismo do senhor que fez o meu check-in para Cabinda e o agente de vendas da TAAG que resolveu o meu problema no aeroporto de Cabinda, no meu regresso a Luanda. 

De resto, e fora os pilotos e pessoal que fazem com que os aviões não caiam ao chão, não tenho fé alguma nesta companhia que só me dá (muita) vergonha em ser Angolana.

 



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