Filosofia
A trip to the heart of Angola: the Black Rocks of Pungo Andongo - Vá para fora cá dentro, versão Angola: as Pedras Negras de Pungo Andongo!
Querida Sofia,
Jantámos e dormimos em Kalandula, num pequeno hotel (esse post fica para mais tarde, pois as fotos não estão comigo) e na manhã seguinte, após o pequeno-almoço e o check-out, fomos rumo a Pungo Andongo, mais particularmente, até às Pedras Negras. Passei cerca de 25 anos da minha vida sem nunca ter ouvido falar sobre estas Pedras Negras, até ter visto uma foto um dia e uma colega de trabalho me ter dito que era em Malange e já lá tinha ido. Acredita, ao ver a foto a primeira vez, pensei que era algures na Austrália! E fiquei fascinada e deserta de conhecer. Com um pouco de medo – com a sorte que tenho na vida, basta eu ir a um lugar para pedras centenárias começarem a rolar-me em cima, pensei -, mas fascinada.
Sou uma apaixonada confessa por arquitectura e história e não sou grande amante da natureza. Mas quando Deus (oops… okay… a Natureza) colocam algo de tão imponente à nossa frente, não sei como dizer não. As Pedras Negras estão recheadas de lendas centenárias angolanas (obrigada Google por não facilitares a coisa e não teres nem uma das lendas para ler!), sobretudo à volta da Rainha Ginga Mbande. Como não quero recopiar o Wikipédia, se quiserem saber mais sobre ela, cliquem aqui. Sempre ouvi dizer que a Rainha Ginga era enorme (cof cof… ) e calçava o equivalente a um 50 moderno (waw, devia ser muito sexy) e que a pegada da pata dela está nas pedras. Pensei que a tal pegada estaria assinalada nas Pedras, mas não vi.
Adiante: o caminho de Cacuso até Pungo Andongo faz-se muito bem. Como li num blog, não há grande sinalização, então é preciso ter fé e ir sempre em frente. Até que não é preciso grande sinalização: as Pedras estão ali, no horizonte, majestosas, incríveis, assustadoras, organizadas e caóticas… um dos cenários mais impressionantes da minha vida. A cada quilómetro que avançávamos, perdíamos as pedras de vista, depois podíamos vê-las de novo, e dessa vez, cada vez mais perto, depois desaparecem, e reaparecem, desta forma, sucessivas vezes. De novo, não se assustem, é normal, sejam Angolanos e TENHAM FÉ, é sempre em frente, até a sinalética dizer que é à ESQUERDA, e ai temos uma placa a dizer BEMVINDOS. Ai é sempre em frente até vermos muitos carros parados. Algumas pessoas parecem morar ali, na clareira das pedras, mas não posso confirmar. Há umas escadas no meio das Pedras e aí é dez a quinze minutos a subir a pé, sem parar. Para ser sincera, subi aquilo em menos de dez, pois estava a correr. Por causa da minha vertigem, que já expliquei aqui, não posso pensar muito em “oh meu Deus, estou a subir esta pedra tão alta, como vou fazer para descer!”, tive de seguir em frente e foi o mais rápido que pude (e não foi por ser grande desportista, muito pelo contrário).
Quando chegamos ao topo… meu Deus, que paz. Que beleza ver as pedras mais próximas do alto. Foi o ideal para respirar de novo depois do mini-esforço físico, e virar-me e ver uma família do norte da Europa… com o pai e a mãe, que deviam ter uns 40 e tal anos, os três filhos e… a avô. Devia ter uns 80 anos. DE BENGALA. Eu, 27 anos, estava ali a respirar forte como um cão, e tinha ali uma velhinha caquéctica que subiu de BENGALA. Engoli o cansaço, sorri e dei uma de fresca, mas quem estava fresca mesmo era aquela senhora. Amei ir até às Pedras Negras. Achei que era um lugar mágico. Subir foi fácil, a descer é que quase chorei e rangi os dentes de tanta vertigem, mas tive uma mão muito amorosa para me ajudar a descer cada degrau e cada pedra.
Para resumir: amei Malange. Amei o pouco que vi de Malange. Amei o facto de não ter pago para ver uma beleza natural. Lamento que haja pouca sinalização e aproveitamento destes espaços turísticos, e ao mesmo tempo, aprecio que se tenham mantido virgens. Em Malange, não há barraquinhas de souvenirs nem nada disso. Por exemplo, é uma das coisas que menos gostei em Lourdes, quando lá fui. Tudo muito polido, muita mão do homem, não consegui conectar tanto com um lugar que deveria ter um poder natural.
Angola, não sabia, mas amo-te. Amo-te como se fosses da minha família (só quando me apetece é que me lembro), mas amo-te na mesma, e fico mais ansiosa por conhecer os teus melhores recantos em 2014 e em todos os anos que aqui morar.
(mais fotos após a tradução)
Dear Sophie,
We had dinner and slept in Kalandula in a small hotel (I will write a post about it later, as I do not have the photos with me) and, the morning after, after breakfast and check-out, we took the road again, heading to Pungo Angondo. We wanted to check the Black Rocks out. I spent nearly 25 years of my life not knowing suck rocks even existed, until the day I saw a photo and a colleague of mine told me she had been there and that it was in Malange. I was like “whaaaat? Isn’t this in Australia or something fancy like that?” I was instantly fascinated and eager to see those rocks. I was a big scared though – I mean, I am such a lucky person, that I know that if I set food anywhere near gigantic rocks, they will roll all over me! – yet fascinated.
I love architecture and history, but I am not a big fan of Nature. But when God (ohhhh… I mean… Nature) puts something with such greatness in front of us, it is impossible for me to dismiss it. The Black Rocks are filled with centennial Angolan legends (thank you Google for I have found none), specially about Queen Ginga Mbande. I do not want to make a Wikipedia copy paste, so you can learn more about her here. I have always heard that Queen Ginga was absolutely ginormous (cof cof…) and that her shoe size was something like a European 50 (hmmm, sexy momma!) and that there is a print of her footstep/paw can be found in the rocks. Sorry, was there, and didn’t see it.
Moreover, the road to Pungo Andongo, from Cacuso, is quite good. As I had previously read in a blog, there are no specific signs indicating where the rocks are, but you have to be FAITHFUL and GO AHEAD, and DON’T STOP! And then… at the horizon… there they are… The Black Rocks… absolutely majestic, incredible, scary, organised yet chaotic… At some point, a plaque indicated GO TO THE LEFT, and there you have a big sign saying BEMVINDOS, which means WELCOME. A few meters away, many cars were parked, and that is where we stopped. I think a few people live on the bottom of the rocks, but I am not sure. In the middle of the rocks, there are a few steps, and that is the way to climb to the top. It only takes about 10 to 15 minutes to climb the rock, but I think that I did it in less than 10 minutes because I started running up. No, not because I am sportswoman of the year, but as I explained here, my fear of heights is so controlling of me, that if I don’t go up some heights running, I am just not able to do it, because then my overthinking will act for me, and I freeze.
When we reached the top… oh my God… such beauty, such silence, such peace… It’s just beautiful to look over some of the rocks, from the top of another. And as I started breathing more heavily to calm myself down from the effort of climbing, I noticed a Northern-European family with middle-aged parents, their kids and… a grandma! I swear to God, that lady was about 80 years old and she was walking with a WALKING STICK. I mean, I, a 27-year-old, was breathing heavily, and that old lady was there, fresh as a stick, so I pulled myself together, smiled at her and faked that I was just fine. I loved going to the Black Rocks. I thought it was such a magical place.
Going up was easy compared to going down though. I almost cried and had my teeth cringing because I was looking down, but a very loving hand help me all the way down. To summarize: I loved Malange. I loved the very few things I saw in Malange. I loved that I didn’t pay a dime to have access to any of these natural beauties. Even if the lack of signs and warnings is a bit annoying, those places are still true to nature, unexploited and it feels so much better this way. Human transformation of a natural place is what prevented me from connecting to places such as Lourdes that is so polished and transformed to fit in the tourists which didn’t allow me to connect to the place. At least, in Malange, I didn’t see a single souvenir stand and I think that’s just fine.
Angola, I wasn’t aware of that fact, but I do love you. I love you as if you were family (just when I want to), but it is love nonetheless. I am absolutely looking forward to knowing your inner goods even better in 2014 and for the upcoming years of my existence here.
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