A vida amorosa e o plano | The love life and the plan
Filosofia

A vida amorosa e o plano | The love life and the plan


valdirose.blogspot.com

Querida Sofia, 
Para resumir, sinto que falhei em duas coisas na vida: sair de França por vontade própria e manter uma relação estável. Sobre a primeira grande falha, já muito falamos. A culpa não foi minha, mas sinto-me bem e feliz com tudo o que está por vir.

Sobre a segunda parte, fiz de tudo nesta vida para ter a vida amorosa perfeita. Inspirei-me muito dos casais que via à minha volta, os casais equilibrados e desequilibrados, tomando os bons exemplos e tentando evitar os maus. Mas a vida mostrou-me que não nasci para isso. Não nasci para ser feliz e ter sucesso nesse campo. E demorei três anos a dar-me conta disso. Muitos dizem-me que sou muito dramática e que ha de haver alguém, mas é engraçado, esse tipo de coisas e conselhos apenas vem sempre do mesmo tipo de pessoas, aquelas que estão em relações duradouras e estáveis ha dez anos e que não sabem o que é viver sem amor um dia das suas vidas. Eu sei, eu sei o que é viver sem isso, e ainda não morri. Apaixonei-me muito MUITO nos últimos meses, mas não acabou como eu queria. E tal como saio de Paris para uma nova vida, decidi mudar os meus planos de futuro. Desde pequena que digo que queria casar aos 24 anos e ter um filho aos 26. Os anos passaram, e tu já estas cansada de saber que do meu utero, filho nenhum vai sair. Mas casar, esse sim, sempre foi um sonho. Sempre me disse que nasci para ser a mulher de alguém ambicioso, visionário, competente. Mas nem para mulher de barman pareço servir. 
Agora com a ida a Luanda, os meus irmãos e cunhadas têm-me preparado para a vida la. Tenho também a sorte de ter la um núcleo de amigas bem forte que me espera. E a vida em Angola é dura, é uma vida de trabalho, de engarrafamento, de stress. E muito do apoio que se pode ter pode vir de um parceiro. Mas acho, salvo raras excepções que vi, que a satisfação amorosa faz com que as pessoas sejam muito soft, dependentes de afecto, incapazes de ficar sozinhas, e a minha vida em Luanda é feita para pessoas fortes, independentes e que não têm distracções inúteis.
Para agora, tomei uma decisão da qual não vou prescindir. Não quero ter ninguém nos próximos dez anos. Quero fazer-me sozinha em Angola. Não sou adepta do "ahhh quero casar com um homem rico", acho isso uma tremenda estupidez. Não há nada na vida como o sucesso próprio e o alcance da vida que almejamos pelos nossos proprios meios. Não quero ninguém no meu caminho (que não seja minha família) que me ajude ou desajude. Não quero que ninguém diga "fui eu que te ajudei" ou que eu ande por Luanda em palpitações, à procura do meu namorado, porque ele não me atende o telefone, porque deve seguramente estar a trair-me, como é a praxe la no burgo. Não quero nem a facilidade nem a inconveniência. Tenho passado nos ultimos dias bastante tempo a ler e ver as minhas oportunidades de trabalho, a ajustar como vai ser a minha vida nos próximos dez anos. E as coisas já estão plenamente definidas, com uma certa margem de manobra para os imprevistos do costume.
Casar continua a ser um dos meus sonhos, claro. Mas quando eu tiver 35 ou 37 anos. Ou talvez nunca encontre ninguém e fique para sempre sozinha. Também é possível, afinal há 12 mulheres para cada homem em Angola, dizem. Entretanto, vou trabalhar muito, sair muito, conhecer muita gente, envolver-me sem compromissos, dedicar-me totalmente aos meus pais e à minha família, SOZINHA, ao meu futuro e incrivel emprego, ao meu pais e o resto logo se vê. Porque de agora em diante só quero apostar nas coisas nas quais eu sei que me dou bem e essa coisa sou eu.

valdirose.blogspot.com


Dear Sophie,
To summarize, I think I failed at two things in life: leaving France on my own terms and having a nice stable relationship. About the first item on the list, we already spoke about it extensively here in the past days. What happened was not my fault but it had to be that way and now I am feeling great about it.
About the second item, I did everything you can remotely imagine to have the perfect love life. I inspired myself of the many couples I have around me. Some are healthy, others are not. I tried to take the best examples and avoid the worst mistakes. But life has shown me and proved me several times that I was not born to be successful at this task. Unfortunately, it took me three years to realize it. People often tell me I am a drama queen and that "there is someone out there waiting for you", but the funny thing is that this kind of common sense sentences come from people who have always been in very steady perfect relationships and do not know what it is to live without being love for one day of their lives. I do. I do know what it is to live without love and the best is that I did not die of the lack of it. I have fallen in love a lot in the past months, more than ever if I can be honest, but it did not really end up to be what I expected it to be. 
And as I leave Paris for my new life, I decided to change the plans I had (or not) for my future. Since I was a little girl, I thought I would get married at 24 and have a kid by 26. The years have gone by and you know more than anyone else that my womb will forever be babyless. But getting married, oh yeah, that is still a dream. I always told myself I was born to be married to a great inspiring man but it seems that I do not even suit a farmer.
As I am leaving for Luanda, my siblings and siblings-in-law have been briefing me extensively on life as it is there. I am also lucky to have a solid group of friends waiting for me there and all tell me how tough, stressful and workaholic-appropriate life is out there. And that much of the support one needs to endure such a stenuous rhythm of life is by having a partner. To have us and to hold us. But from what I see around me, being in a relationship makes people soft, rely on others to solve their own problems, because co-dependent for every single decision to take, co-dependent of affection and feeling unbearable to live with the lack of it and so on... Luanda is made for tough people. Independent. And distraction-less.
For now, I took a decision and I will stand by it. I do not want to get into a relationship in the next ten years. I want to make it in Angola on my own. I am not a fan of the motto "I am going to find a rich man", that is so not me, I will make it on my own and rely on the moral support of the people I wish I had relied on (more) in the past: my family. If they are not the ones to help me in the future, I would rather just be on my own. I have been in the past and it did not kill me.
There is nothing in life I admire most that people who achieve great things by their own means. It just feels more genuine, doesn't it? I just don't want anyone saying in a few years "I was the one who helped you" "I am the one who made you become who you are today". No, my friend, if my parents don't claim it daily, neither should you. And "we all know" (we, as in, Angolan people) that Angolan men are just the most UNFAITHFUL and unreliable on earth. All the few good ones are taken and the ones left in town are just crazy predators. I do not want to lose time, while I will be at my future office looking at my phone and sighing desperatly, waiting for him to just reply to my text. Been there, done that, not entertaining.
I still want to get married, I really do. But I think I will be ready for it when I am closer to being 40 years old. 35 or 37 seems to be a perfect age to get married. Or maybe... I will never meet anyone and always be alone. It is also a possibility. Not that hard as statistically, there are 12 women for every man in Angola.
As of today, I just vouch to dedicate myself entirely to my parents, my family (especially my younger siblings), to MYSELF, my future amazing job, to my country and the rest, we'll see what happens. But just as in everything in life, sometimes you just have to bet on what you are the best at. And that is exactly what I will be doing.





loading...

- What I Made Angola Give Me
Querida Sofia, Apesar das dificuldades que estamos a atravessar neste momento, não posso deixar de fazer um balanço positivo da minha vida em Angola nestes últimos quatro anos, depois de uma saída de França que foi de tudo, mas sobretudo violenta. É...

- 70 Facts About Me - Part 7 (and Last!) 70 Coisas Sobre Mim - Parte 7 (e Final!)
Part(e) 1 | Part(e) 2 | Part(e) 3 | Part(e) 4 | Part(e) 5 | Part(e) 6 | Part(e) 7 Querida Sofia, Ahhhh, depois de mais de um ano nisto, chegamos ao fim das 70 dicas sobre mim. E tudo o que...

- 70 Facts About Me - Part 5 | 70 Coisas Sobre Mim - Parte 5
Part(e) 1 | Part(e) 2 | Part(e) 3 | Part(e) 4 | Part(e) 5 | Part(e) 6 | Part(e) 7 41 - Na primeira parte deste desafio, disse que o meu lugar preferido em Luanda era o meu escritório. Hoje...

- I Am Not The Daughter My Parents Wanted To Have.
Querida Sofia,  Já escrevi bastante sobre os meus pais no passado aqui no blog. Escrevia o quanto o meu pai era o melhor. O quanto a minha mãe não o era. Não lamento as palavras que usei, mas se tivesse de falar deles hoje, não escreveria da...

- Workin' Day And Night
Querida Sofia, Acho que a Kerry Washington faz muitas caretas, mas infelizmente, quanto mais vejo a série Scandal, mais confirmo que tenho uma vida fortemente semelhante à da Olivia Pope, com os assassinatos à parte. Deve ser por essa razão...



Filosofia








.