Requiem para Viver a Vida
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Requiem para Viver a Vida


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Querida Sofia,
Já tinha dito aqui, há meses, que via novelas, entre as quais a actual Viver a Vida do (antigo grande) Maneco.
Depois de anos sem ver novelas, foi para mim (acaba hoje então posso falar no passado) um folhetim that failed to launch. Quero com isto dizer que foi uma novela que teve cerimónia de lançamento, mas que finalmente, não descolou. Que tínhamos expectativas a mais como: “primeira protagonista de novela das 8 (ou 9?) negra, wow, que marco na história da dramaturgia brasileira”. Ah bom? Se isto foi um marco, não foi pelos bons motivos.
É verdade que ninguém me apontou uma arma para continuar a seguir VAV. Mas novela tem algo que séries não têm. Quando começas a ver do início, tens de ver até ao fim. Nem que seja apenas para criticar. E meu Deus, a trama (que trama?) serviu para ser tema de conversa e crítica nos últimos seis meses. Obrigadinha, Maneco.

Então, o que falhou para mim em VAV?

1/Alguém que viu VAV enjoou do excesso de romantismo em Paris? Mão no ar? Ah, ninguém? Pois, até eu enjoei. Paris não é tão melosa e romântica assim. Pelo menos, não é todos os dias.
2/Fiquei com nojo do Zé Mayer. Não sei se a culpa foi do actor ou do papel nojento que lhe deram. Mas assim que via a cara dele na tela, a comida subia-me à boca.
3/Porque tantos actores, tantos núcleos, tantas histórias? De que serviam aquelas duas mães na vila “that shall remain nameless”? Para fazer publicidade de fósforos, de pannetone…?
4/Ah, Bruno não tem amarras, Bruno é um aventureiro, Bruno só tira foto de paisagens… e finalmente Bruno é agora um mero fotógrafo de moda?
5/A Helena queria deixar de ser modelo para fotografar. Esqueceu o sonho? Só se lembrou de chorar e lamentar a morte da bezerra? Ou então enfiar-se em pseudo momentos Sex and the City com as amigas? Please. Deixemos em Nova Iorque o que acontece(u) em Nova Iorque.
6/Mia, Mia, Mia… existe alguém assim na terra? Bom, feliz com a vida, santinho todos os dias? Se houver, não me apresentem. Vou morrer de tédio.
7/Acho que o Maneco conseguiu manchar o currículo de quase todos os seus actores. Grandes actores, que já fizeram GRANDES papéis, que já me fizeram babar de chorar no passado, agora serviam para vender Guaraná num restaurante que devia ser natural e sem refrigerantes e para falar sobre o que aconteceu na cena anterior. Pelo amor da Santa.

E porque nem tudo é mau, a razão que fez com que quatro ou cinco vezes por semana, eu visse vários episódios de rajada:

1/Tereza: já disse aqui, fez-me lembrar a minha mãe. Em tudo. Única diferença é que a minha mãe não é cega para voltar com o meu… oops. Não está mais aqui quem falou.
2/Luciana: quando vi a Alinne Morais dar uma entrevista e ANDAR, fiquei chocada. De tanto vê-la numa cadeira de rodas, comecei a achar que o normal... era ela não andar.
Ficou perfeita. Em tudo. Menos nos momentos de choradeira com a Tereza e todos os “eu te amo e te admiro muito, ‘tá mãe”. Isso é para dizer uma vez por vida. Ok, uma vez por década. Não todos os dias.
3/Ingrid: meu Deus, coisinha irritante. Bravo. Se era para irritar, irritou.
4/Maradona: he grew on me. A sério. Não me sinto atraída por homens de cabelos brancos, mas o coração dele é a coisa mais atraente que se possa encontrar num homem.
5/Larissa: ninguém fala dela, mas adorei esta terapeuta. Todos os dias. Cheguei a acreditar que era uma verdadeira médica. Mas não, na vida real, auxilia os actores. Parabéns. Mesmo.
6/Renata: meu Deus. Todos os prémios de melhor actriz secundária, este ano, podem ir para ela? Eu tive tanto nojo, tanto medo, tanta vontade de dar surra (ou banho?) à Barbara Paz que isso apenas prova que só pode ser boa actriz.
7/Last but not least: Mateus Solano. Meu Deus. Que actor… fabuloso. A careta do Miguel era diferente da careta do Jorge. Um sempre mal vestido com t-shirts velhas e calças de ganga (todos os dias? Credo) e o outro, parecia um francês: sempre elegante, de gravata e terno, como se não desse um peido. E o actor, em si, divertidíssimo, sempre a dançar entre as cenas, a rir, a fazer piadas. Parece, humanamente, uma pessoa rica (de si, de interesse) e fabulosa.

E pronto, era isto. Assim como assim, VAV quase que me fez desistir de ver qualquer novela. Fogo… nenhum “quem matou o… a…”... nada? Nem um suspensezinho, nem uma mortezinha, nem um crimezinho, nada. Desiludiu-me isto. Para vida normal e entediante, já me basta a minha.
“Ai, ver novela é tão brega, tão cafona, tão démodé, tão whatever”. Pois é, estou tramada. Como disse a Luciana ontem, mais vale dizermos que vemos apenas séries americanas para sermos melhor encarados pela sociedade. Tô fora.



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