Filosofia
State of work
Querida Sofia,
Quanto mais tempo vivo e trabalho em Angola, com Angolanos, mais saudades tenho dos Franceses e da sua maneira de pensar (e nunca pensei dizer isto antes, acredita). Tudo o que direi nesta carta é a generalizar, mas ainda não encontrei um Angolano (ou Português) que goste de Franceses. Os insultos fluem quando falo de França. Que eles são racistas, que eles não tomam banho, que eles são isto e assado. Não é o que sinto. Acho feio dizer tanto mal de um país enquanto não se é melhor.
No entanto, Angola é o meu país e sinto-me no direito de dizer dele o que realmente penso. Sinto falta de trabalhar em Francês e em Inglês, diariamente. Sinto falta de pessoas que não cometem erros incessantemente enquanto falam. Uma coisa é distracção, outra coisa é mesmo burrice ou falta de vontade de melhorar. Sinto falta de ter pessoas ao meu lado que dão tudo pela empresa na qual trabalham, com grande amor à camisola, que não queiram saber de fazer uma hora extra sem serem pagas por isso apenas por gostarem das coisas bem-feitas. Tenho saudades de pessoas que tenham tacto ao falar com outras. Aqui, as mulheres, só sabem pintar as unhas e dizer que o meu cabelo não está bem esticado (há dias em que não estico mesmo, e elas ficam muito chocadas, porque para se ser bonito aqui, é preciso esticar o cabelo. À merda!). Depois é receber um email delas, cheio de erros, e elas felizes. Estou cansada. Agarro-me como à vida às pessoas que detecto que ainda têm algum amor pelo seu trabalho. Que não estão aqui apenas pelo emprego, mas pela vontade de crescer e ajudar a crescer. E parece que estou a pedir ouro. E na volta, estou.
Dear Sophie,
The more I live and work in Angola with Angolans, the more I miss the French and their mentality (and I have never thought I would ever say that one day, trust me). Everything I will say in this letter will be a generalization, but I have yet to find an Angolan (or Portuguese) citizen who appreciates the French. The insults flow when I talk about France. “The French are racists”, “they do not shower”, and they are a gazillion of other bad things. This is not how I feel. I do not think it is appropriate to criticize a country while we are not much better. Nevertheless, Angola is my homeland and I believe I have the right to tell what I really think about my own country. I miss working in French and in English daily. I miss people who do not do continuous spelling and grammar mistakes while talking. One thing is distraction; the other is stupidity or lack of will to improve oneself. I miss people that give their all to the company they are working for, who are team players and do not care about unpaid extra time simply because they care about doing things right. I miss people who have tact while talking to others. Here, women only care about manicures and tell me how my hair is not properly blow dried (there are days I do not blow dry my hair and it shocks the hell out of them, because you do need to blow dry your hair to be pretty in Angola. F* you.). Then, you get an e-mail from them, full of mistakes. And they are happy that way. I am tired. This is the main reason why I cling onto people whom I feel care about their work, who are here for more than just a job but with the will of improving themselves and help improve the company. I do not think it is too much to ask. But maybe I am asking too much out of them.
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